Este casaco brilha no escuro e não é uma questão de estilo. O MUSGO pode salvar vidas
Filipe Magalhães e José Panzina conseguiram perceber as vantagens associadas à tecnologia de fibras óticas, juntamente com o potencial que os smartphones apresentam hoje em dia. “Tivemos a ideia de conferir funcionalidades adicionais a objetos do quotidiano através da iluminação. Um casaco como o MUSGO e os benefícios que daí poderiam advir para quem está na estrada em alturas de menor luminosidade pareceu-nos a melhor aposta inicial”, começa por explicar Filipe Magalhães, um dos responsáveis pelo projeto.
Além disso, um estudo a que tiveram acesso deu o alerta. De acordo com um relatório da agência norte-americana para a segurança rodoviária (NHTSA – National Highway Traffic Safety Administration), em média, um peão foi morto aproximadamente a cada 1,5 horas em acidentes de trânsito em 2016 e 75% das fatalidades ocorrem no escuro. Estava dado o mote para os dois empreendedores desenvolverem uma solução.
O MUSGO tem um sistema “constituído por fibras óticas e tira partido dos sensores existentes num smartphone para, por exemplo, detetar e sinalizar através da iluminação a travagem de um ciclista, ou informar que um caminheiro atingiu um determinada localização geográfica”.
Mas como é que um casaco dá luz sem ter fios espalhados por todo o lado? “A iluminação do MUSGO é ativa, ou seja, não precisa de qualquer fonte de iluminação externa para depois a refletir”, refere. “É estabelecida uma conexão Bluetooth entre o smartphone e o circuito eletrónico que está no casaco e, com base nos eventos detetados pelos sensores do smartphone, são enviados comandos para o casaco. Esses comandos espoletam, de seguida, o efeito luminoso correspondente”.
Mais do que uma peça de engenharia, o MUSGO apresenta uma seleção cuidada dos materiais, “capaz de atender os requisitos mais exigentes de todos os que praticam atividades ao ar livre”: é respirável, repele a água, é leve, confortável e protege contra a radiação UV.
Quanto aos utilizadores deste casaco, a ideia é que sejam o mais diversificados possível, dadas as várias situações que podem implicar perigo, como é o caso de desportistas, trabalhadores, peregrinos ou mesmo caminhantes casuais.
Contudo, o casaco não é a única ideia em mente. Segundo Filipe, é possível estender a tecnologia a outros acessórios que, combinados, podem garantir ainda mais a segurança de quem circula em espaços escuros. Por isso, além do casaco podem aparecer em breve “mochilas, cadeirinhas de bebé, capacetes e até coleiras para cão”, enumera.
De momento está em curso uma campanha de crowdfunding. O objetivo é atingir 70 mil euros para ser possível “avançar com a produção industrial dos casacos e atingir uma relação de custo que permita colocar o produto no mercado a um preço competitivo”.
Para os interessados no produto, durante a campanha o casaco vai estar disponível a um custo de 287 dólares (250 euros), sendo que este preço é exclusivo para doadores na plataforma Indiegogo. Quando a campanha chegar ao fim o MUSGO vai aumentar o seu preço, sendo comercializado apenas online.
Este produto 100% português não quer, contudo, ficar restrito ao país. Por isso, os países onde as horas de sol são reduzidas podem ser uma boa aposta. Assim, quando um casaco brilhar em países como o Canadá, Holanda, Noruega, Suécia ou Finlândia, é mais um projeto português que passou fronteiras.