ChatGPT agora já pesquisa na Internet e funciona como motor de busca
por The Next Big Idea | 4 de Novembro, 2024
No Halloween, a OpenAI oficializou o lançamento do ChatGPT Search, uma nova funcionalidade do ChatGPT que compete diretamente com motores de busca alimentados por IA, como o Perplexity, o Google AI Overviews e o Microsoft Bing (impulsionado pelo Copilot).
No dia 31 de outubro, a OpenAI adicionou uma funcionalidade ao ChatGPT, que lhe dá a capacidade de aceder à web para realizar pesquisas em tempo real. Isto é, o famoso chatbot deixa de estar limitado aos dados com que foi treinado (informação até outubro de 2023) e tem agora a capacidade de consultar a internet para melhorar as suas respostas.
Para experimentar e utilizar esta atualização, contudo, é necessário subscrever um dos planos pagos da OpenAI. A nova ferramenta de pesquisa já está disponível para quem tem o plano ChatGPT Plus (20 dólares por mês) ou acesso ao ChatGPT Teams, mas os utilizadores da versão gratuita terão de esperar mais algum tempo, provavelmente até ao início do próximo ano.
O ChatGPT Search é alimentado por uma versão aprimorada do GPT-4o, o mais recente modelo da OpenAI. Está disponível através do site do ChatGPT, da aplicação móvel (Android e iOS) e da aplicação web (Mac e Windows).
De protótipo independente a funcionalidade integrada
A funcionalidade Search não é propriamente uma novidade, pelo menos não totalmente. Em julho, a OpenAI já tinha revelado um protótipo chamado SearchGPT. Agora, o que aconteceu foi que as capacidades dessa ferramenta foram integradas diretamente no ChatGPT, em vez de serem lançadas como um produto independente. Segundo a OpenAI indicou no seu blog oficial, “o melhor da experiência do SearchGPT” foi incorporado no ChatGPT, elevando-o a um novo patamar como assistente de pesquisa com IA.
Adam Fry, responsável pelo ChatGPT Search, explicou à MIT Technology Review que o objetivo desta implementação é tornar o ChatGPT “o assistente mais inteligente” disponível. À Wired, Fry acrescentou que o ChatGPT Search “não é um motor de busca tradicional”, mas sim uma ferramenta para os utilizadores interagirem. O intuito não é colocar “palavras-chave” e fazer ajustes nas pesquisas até encontrar informação relevante. A ideia é conversar com o ChatGPT até obter a resposta mais satisfatória possível. Avaliando em conjunto os dados, informações e links dados pelo chatbot.
A OpenAI é, assim, a mais recente empresa tecnológica a lançar um assistente de pesquisa alimentado por IA, concorrendo com ferramentas semelhantes da Google, Microsoft e da startup Perplexity. A Meta, conforme noticiado recentemente pelo The Information, também está a desenvolver a sua versão deste tipo de ferramenta.
O futuro dos assistentes de IA
O que espera a OpenAI alcançar com este produto? Segundo um especialista consultado pela MIT Technology Review, o objetivo é criar um novo mercado para agentes de IA mais poderosos e interativos, capazes de realizar ações complexas em tempo real.
No mercado dos motores de busca tradicionais, o domínio do Google é tal que dificilmente terá concorrentes à altura. Contudo, se surgir algo com a mesma capacidade de pesquisa, mas capaz de fornecer respostas altamente contextualizadas e de forma contínua, pode abrir-se um novo mercado. É aí que entra o ChatGPT Search.
Quanto à experiência de utilização deste ChatGPT com capacidades de pesquisa, esta será familiar para quem já utilizou o Perplexity. Ao introduzir um termo ou questão, a ferramenta de IA reúne links para gerar uma resposta e destaca informações-chave relacionadas com a pesquisa.
Parcerias com meios tradicionais
Para desenvolver o ChatGPT Search, a OpenAI fez parcerias com organizações noticiosas como a Reuters, a Atlantic, o Le Monde, o Financial Times, a Axel Springer, a Condé Nast e a Time. (Mas não se espere que os resultados incluam informações apenas destes editores. Desde que os sites não bloqueiem o acesso ao chatbot, a informação também provém de outras fontes.)
Segundo uma especialista consultada pela MIT Technology Review, isto é um ponto positivo para o ChatGPT. No entanto, isso não significa que a tecnologia não cometa erros e “alucinações”, tal como outras tecnologias semelhantes o fizeram até agora. Em testes realizados pela revista, a ferramenta sugeriu destinos “luxuosos na Europa” como o Japão e o Dubai, o que evidencia a necessidade de filtragem de fontes para evitar informações incorretas.
O futuro
Apesar dos benefícios que a pesquisa por IA pode trazer — como inferir melhor a intenção do utilizador, amplificar conteúdo de qualidade e sintetizar informação de diversas fontes — há preocupações sobre o seu impacto na economia digital. Atualmente, a produção de conteúdo online depende de incentivos ligados ao tráfego: publicidade, subscrições, doações, vendas ou exposição da marca. Ao ocultar a web atrás de um chatbot “todo-poderoso”, a pesquisa por IA pode privar os criadores de conteúdo das visitas e visibilidade de que necessitam para sobreviver.
Pelo menos, este é o alerta dado por Benjamin Brooks, investigador da Universidade de Harvard e ex-responsável pela public policy na Stability AI, num artigo de opinião publicado recentemente. A seu ver, se a pesquisa por IA se tornar o nosso principal portal para a Internet, então pode estar prestes a nascer uma ameaça à economia digital, que já é precária.