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Mishmash quer ajudar as empresas a conquistar a geração Z com material de escritório

por Gabriel Lagoa | 10 de Setembro, 2024

A empresa planeia faturar 350 mil euros este ano e lançou recentemente um serviço de estacionário, com cadernos e blocos de notas que podem ser personalizados para as empresas.

Num mundo cada vez mais digital, ainda há espaço para o papel. Esta é a convicção que impulsiona a Mishmash, uma marca portuguesa de materiais de escritório fundada por Beatriz Barros, em 2015. Nascida da paixão pelos materiais de escritório e das memórias de infância passadas na papelaria do avô de Beatriz, a Mishmash e o seu desempenho desafiam a tendência da digitalização total, com uma montra (online) de estacionário premium que combina a funcionalidade, o design minimalista e a sustentabilidade. 

Com produção 100% feita em Portugal, a Mishmash evoluiu de uma startup local para uma marca com presença internacional, disponível em mais de 100 pontos de venda em vários países, incluindo museus como o Guggenheim em Nova Iorque, o Barbican Centre em Londres e a Merci, em Paris. 

Agora, o desafio é o segmento corporativo. Numa época marcada pela entrada da geração Z no mercado de trabalho e com a ascensão do nomadismo digital, a marca lançou um novo serviço de estacionário personalizado, com opções pré-estabelecidas, que tornam o processo de escolha do material “mais fácil, rápido e competitivo em preço, sem perder a autenticidade da personalização”, conta Beatriz Barros, em entrevista ao The Next Big Idea.

Com cinco modelos diferentes, os produtos – cadernos e blocos de notas, podem ser customizados dentro de uma escala pré-definida de tamanhos, tipos de papel, cores e acabamentos e até conter mensagens personalizadas. “Estamos a meio caminho entre as soluções de produção em massa estandardizadas e a criação de uma peça exclusiva”, esclarece. 

Segundo a responsável, “o mercado empresarial já tem um grande peso no nosso negócio, mas, até agora, o serviço era 100% personalizado, o que tornava o processo demorado e o produto mais dispendioso. Agora, a ideia é facilitar o processo, sem perder a essência do nosso negócio, para chegar a mais empresas e alargar mercados”. Atualmente, 60% das vendas da Mishmash no mercado empresarial concentram-se nos Estados Unidos e o objetivo é expandir para o centro e norte da Europa e Ásia. 

Material premium e sustentável

Como é que a marca se posiciona? Beatriz Barros afasta que a Mishmash compita no mesmo mercado que a Staples, por exemplo, ou pelos consumidores que apostam nos produtos mais premium do mercado. Assim, a empresa está focada “em trazer os produtos ao melhor preço possível, o que é um ponto-chave para qualquer empresa que pretende vender os seus artigos”. A empresária acrescenta, no entanto, que ao atuar num segmento mais elevado, ou “de nicho”, é importante usar “os melhores materiais que existem no mercado, como o papel italiano, ou alemão”. Ainda assim, afirma que é importante ter produtos de diferentes segmentos de preços. 

Nas prateleiras da empresa, há capas de pele, produzidas com desperdícios industriais de fornecedores italianos, ingleses e alemães, sem esquecer o papel, que é reciclado. Há também produtos que são feitos à mão, já que muitas vezes as máquinas para o fazer simplesmente não existem, ou não estão ao alcance da marca. Beatriz conta ainda que também já aconteceu “levar os fornecedores ao limite” ao fazer um pedido que estes julgavam impossível de concretizar. No entanto, com muitos testes à mistura, lá chegaram ao produto final. Ao apostar em produtos que considera diferenciados, a responsável sabe que o preço vai subir. Ainda assim, diz que “o mais engraçado é que os nossos produtos mais diferentes, os que têm tendência a ter um custo mais elevado, são os que esgotam mais rapidamente”

A proximidade da Mishmash com os centros de produção permite reduzir a pegada carbónica da atividade e experimentar e testar novas técnicas. “Tivemos, desde o início, este compromisso de produzir localmente e isso traz-nos muitas vantagens, a começar pela componente manual, que se preserva na indústria em Portugal e nos permite um nível de acabamento e detalhe, que de outra forma seria difícil. Além disso, valorizamos muito o expertise dos nossos parceiros e estamos continuamente a desafiá-los a inovar”, acrescenta Beatriz Barros.

Quanto ao “Made in Portugal”, admite que não é particularmente relevante no setor da papelaria, ao contrário de indústrias como o calçado. No entanto, o “Made in Europe” é muito valorizado, especialmente no mercado norte-americano, que é o que tem mais potencial para a Mishmash.

Aquisição trouxe mentoria e novos objetivos

Dois anos depois de a MishMash ter sido adquirida pelo grupo suíço Pagani Pens, o balanço da fundadora é positivo. Assegura que a compra não alterou a visão da marca e trouxe benefícios em termos de mentoria e know-how. “Precisávamos de mentoria, até mais do que apoio financeiro”, explica Beatriz, que detalha que a empresa tem apenas duas funcionárias. 

Em termos de vendas, a Mishmash faturou 280 mil euros em 2023, uma quebra face aos 308 mil no ano anterior. Ainda assim, a meta para 2024 é faturar 350 mil euros e um milhão nos próximos cinco anos.

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