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Anchorage. O banco de criptomoedas liderado por um português acabou de levantar mais 80 milhões de dólares

por | 25 de Fevereiro, 2021

Anchorage. O banco de criptomoedas liderado por um português acabou de levantar mais 80 milhões de dólares

Responsável recentemente pela criação do primeiro banco de criptomoedas, aprovado a nível federal nos Estados Unidos da América, a Anchorage acaba de anunciar uma nova ronda de financiamento. A ronda de 80 milhões de dólares, da Série C, terá como principal finalidade a expansão dos serviços bancários digitais, estratégia que passa também por Portugal.

Com sede em São Francisco (Califórnia), e escritórios no Porto (Portugal) e Sioux Falls (Dakota do Sul), a Anchorage planeia para breve uma expansão em Portugal que passará, muito provavelmente, por ter escritórios em Lisboa. O crescimento para o mercado europeu será, então, feito através da equipa portuguesa, atualmente a trabalhar a partir do Porto, onde se juntarão mais 50 pessoas que a fintech pretende contratar nos próximos dois anos.

A expansão da empresa em Portugal é apenas um dos investimentos que a Anchorage pretende levar a cabo com a ronda agora anunciada. Os 80 milhões de dólares investidos pela GIC, fundo soberano de Singapura, – a que se juntaram nomes como a16z, Blockchain Capital, Lux, e Indico Capital Partners – querem também reforçar a estrutura do recém aprovado Anchorage Digital Bank.

“Esta nova ronda de investimento vai permitir-nos escalar rapidamente, para responder à crescente procura de participação no espaço dos ativos digitais, particularmente entre empresas e instituições financeiras tradicionais”, afirma Diogo Mónica, presidente e cofundador da Anchorage.

A fintech pretende continuar a investir num amplo conjunto de ativos digitais, bem como a apoiar o lançamento de protocolos como a Celo, a Filecoin, ou a Oasis. No horizonte próximo, a Anchorage quer ainda apoiar tesouros empresariais, ajudando-os a encontrar “formas estratégicas de incorporar as criptomoedas nas suas operações”, bem como apostar na criação de parcerias com neo-bancos, challenger banks, e bancos tradicionais.

Para breve, a empresa americana pretende também tornar o empréstimo de criptomoedas “seguro e sem problemas” bem como tornar a participação institucional de Plataformas DeFi (finanças descentralizadas) acessível. “A Anchorage passou por uma brilhante metamorfose – desde uma solução de custódia global, até a porta-estandarte dos cripto-bancos.

Em poucos anos, já se tornaram numa força poderosa e catalisadora, e numa solução a adotar pelas instituições. Orgulhamo-nos em poder dar o nosso apoio, enquanto continuam a empurrar a indústria e os sistemas financeiros para o futuro”, refere W. Bradford Stephens, Co-Fundador e Sócio-Gerente da Blockchain Capital.

A fintech é “uma das empresas mais avançadas do mundo na área de finanças descentralizadas e está a beneficiar do movimento inequívoco dos grandes investidores institucionais em direção aos ativos financeiros digitais”, para a Indico Capital Partners. “Este movimento – a expansão da tecnologia blockchain – não se trata de uma aposta em Bitcoin, como muito se fala; trata-se de uma mudança de paradigma computacional, uma revolução equivalente ao aparecimento dos computadores pessoais, a Internet ou os smartphones. Tudo vai mudar na próxima década e a Anchorage tem as condições para ser uma das grandes empresas mundiais no novo setor financeiro que se está a inventar agora. Estamos muito contentes em ser um dos principais investidores nesta ronda”, afirma o Sócio-Gerente da Indico, Stephan Morais.

No início deste ano, a Anchorage anunciou a aprovação federal do Anchorage Digital Bank, o primeiro banco de criptomoedas nos EUA. Pouco tempo depois, também a Visa revelou uma nova parceria com a fintech, através de um programa-piloto – o “Crypto APIs” – que vai permitir aos bancos oferecerem serviços com criptomoedas, como armazenamento, compra e venda de bens digitais. Na prática, a utilização da plataforma bancária da Anchorage vai permitir à Visa integrar recursos como a bitcoin e outras moedas digitais no leque de serviços, ainda em 2021.

Esta ronda de investimento e as recentes parcerias chegam numa altura em que as criptomoedas têm apresentado valores recorde semana após semana. Em 2020, a Bitcoin cresceu mais de 300% e, nos primeiros meses de 2021, ultrapassou a valorização de 50 mil dólares. Moedas rivais como a Ethereum, que cresceu mais de 600% em 2020, ou mesmo a “moeda-meme”, a Dogecoin, que chegou a registar um crescimento de perto de 1000% só no início deste ano, também contribuíram para o fenómeno.

Ainda recentemente, a Tesla e a Square anunciaram que tinham feito investimentos significativos em criptomoedas como forma de valorizar a sua tesouraria, num contexto de perigo de inflação, com muitos países a imprimirem mais dinheiro para combater os “estragos” da pandemia. Com cada vez mais empresas, financeiras e não-financeiras, a incluir criptomoedas nos seus portfólios, o futuro da Anchorage parece risonho.

Quem é Diogo Mónica, o português à frente do Anchorage

Diogo Mónica nasceu nos EUA, mas veio cedo para Portugal. Fez a licenciatura, o mestrado e o doutoramento no Instituto Superior Técnico sempre ligado à área de sistemas de segurança e foi a investigação que estava a realizar que o levou aos EUA novamente, para apresentar as suas descobertas numa conferência.

Nessa conferência, estavam responsáveis do Google e do Facebook que tiveram interesse no seu trabalho e que o convidaram para integrar as suas fileiras. A ideia pareceu-lhe apelativa, mas na realidade Diogo não queria ser, nas suas palavras, “mais uma gota num oceano”. Por isso decidiu ir, no ano de 2010, para uma pequena fintech chamada Square, que tinha sido fundada pelo CEO do Twitter, Jack Dorsey, que estava a introduzir uma das primeiras plataformas de pagamento mobile com cartão de crédito. O jovem foi o empregado número 41 da empresa que, em 2021, já vale mais de 100 mil milhões de dólares e na qual, durante 4 anos, liderou a equipa de segurança da plataforma.

À Square seguiu-se a Docker, uma empresa especializada em cloud, que liderou até 2017. Neste período, começou a ser consultor em part-time para alguns investidores que precisavam de ajuda na gestão das suas criptomoedas, quer em termos de negociação, quer em termos de proteção. Desses projetos à parte surgiu a ideia para aquilo que hoje é a Anchorage.