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TikTok: app é demasiado grande e popular para ser banida?

por The Next Big Idea | 22 de Março, 2023

A mira do congresso dos EUA está apontada àquela que é maior aplicação do país. Mas será que os legisladores têm mesmo condições de avançar com a proibição?

Desde que a Índia proibiu o TikTok por razões de segurança em 2020, a atenção e o foco dos agentes políticos e governantes em relação à aplicação atingiu um novo “estado de alerta”. Tanto que desde então vários países têm vindo a dar ordens para que os seus funcionários apaguem o TikTok dos dispositivos governamentais. É o caso dos Estados Unidos, da União Europeia, do Canadá, da Dinamarca e, mais recentemente, da Nova Zelândia.

No entanto, apesar desta lista estar a aumentar, a tomada de decisão de uns não é igual aos demais. É o caso dos EUA — pela sua dimensão, número de utilizadores e influência política —, que querem mesmo proibir por completo a sua utilização. Tanto que no congresso americano já se deram os primeiros passos nesse sentido com uma proposta de lei chamada RESTRIC Act.

E a vontade das pessoas?

A questão é: há lei, esta até pode ser aprovada, mas a popularidade do TikTok é gigantesca, o que apresenta um enorme desafio aos legisladores que tentam argumentar que a ameaça de segurança nacional prevalece diante o desejo de milhões de pessoas e empresas que utilizam a aplicação.

Créditos do grafismo: Axios Visuals

Segundo a Axios, a aplicação do TikTok foi descarregada mais vezes nos Estados Unidos do que qualquer outra rede social desde que a chinesa ByteDance (a dona do TikTok) entrou no mercado norte-americano quando comprou a Musical.ly (uma aplicação de karaoke para adolescentes) no final de 2017 e fez uma operação de rebrading para TikTok em agosto de 2018. Em comparação, em termos de downloads, como é possível ver no gráfico da Axios, a app supera quase em 100 milhões o rival Instagram.

Mais, não só é a mais descarregada como é esperado que a aplicação gere 11 mil milhões de dólares em receitas com publicidade em 2024 — só nos EUA. Ou seja, vai gerar mais do que o Twitter, Snapchat ou Pinterest, de acordo com os dados da eMarketer.

O contra-ataque do TikTok

Estes números impressionantes e consequente popularidade vão servir como arma de arremesso a Shou Zi Chew, CEO do TikTok, quando estiver no Congresso norte-americano na próxima quinta-feira. Segundo a Axios, aplicação tem praticamente 150 milhões de utilizadores ativos mensais nos EUA — bem mais do que os 100 milhões que tinham em 2020. E Shou Zi Chew sabe que para reverter a decisão do governo americano, a estratégia passa muito pela vontade dos seus utilizadores.

Porque não basta pensar em apenas utilizadores comuns, que utilizam a aplicação para passar o tempo e conviver com os amigos. É preciso lembrar que existem marcas, PME’s e muitos negócios intrinsecamente ligados à rede social. Não foi de forma inocente que Shou Zi Chew partilhou um vídeo que serviu para mostrar o poder e alcance do que está em jogo: “5 milhões de empresas norte-americanas usam o TikTok, sendo a maioria pequenas e médias empresas”, frisou.

  • Este “apelo” às empresas e ao coração americano – o do negócio -, de resto, é uma técnica já praticada pela Google e Facebook quando foram apertadas pelos reguladores.

Paralelamente, a Axios salienta que o vídeo em causa faz parte de uma campanha mais ampla que a plataforma está a começar a desenvolver para chegar aos órgãos soberanos locais, com foco nos governos federais e estaduais. Porque além este contra-ataque que visa diretamente os utilizadores através da app, o site The Information sugere que houve contactos efetuados no sentido de influenciadores acompanharem executivos do TikTok a Washington, ao capitólio, de modo a demonstrar o seu apoio à rede social.

Mas qual é, afinal, a vontade das pessoas? Concordam ou não que se proíba a aplicação? No cômputo geral, as sondagens indicam que o público continua dividido sobre se o governo deve ou não proibir o TikTok. Porém, os dados parecem sugerir que os republicanos são muito mais propensos a apoiar uma proibição do que os democratas.