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New Hand Lab: de fábrica a centro cultural, “sempre com este fio condutor que é a lã”

por | 29 de Dezembro, 2020

New Hand Lab: de fábrica a centro cultural, "sempre com este fio condutor que é a lã"

O cenário de máquinas, teares, e novelos de lã de várias cores por todo o lado dá a ideia de que estamos num espaço de industria de lanifícios. Mas já faz algum tempo desde que a esta antiga fábrica deixou de o ser e se converteu no New Hand Lab, um espaço que serve como ponto de encontro para artistas com as mais variadas valências e se praticam atividades viradas para a cultura e para o turismo.

Localizada na Covilhã, junto à ribeira da Carpinteira, o New Hand Lab é hoje um projeto que junta “um coletivo de criativos”, explica o dono deste espaço ao The Next Big Idea. Francisco Afonso conta que aqui se expõem trabalhos de design, pintura e fotografia. As obras que dão cor ao edifício vão desde um “Volkswagen Carocha forrado a lã” a “uma teia gigante feita à mão” ou a “uma escultura de marmitas que nos remete um pouco à celebração dos trabalhadores [da fábrica] e ao momento de convívio”, diz o promotor do projeto.

O edifício tem várias alas. No piso térreo, há um salão onde se realizam eventos, tais como concertos ou teatros. Há apenas uma regra para que possam acontecer: têm de ter uma ligação à indústria. Francisco Afonso dá o exemplo de “um concerto feito pela banda da Covilhã” onde “houve máquinas a trabalhar para fazer som para acompanhar” ou um concerto do coro do município nos mesmos moldes. Tudo isto para que as máquinas da fábrica não sejam “máquinas mortas”, já que o objetivo é também “manter o edifício vivo”.

A ribeira da Carpinteira, sempre foi importante por causa das inúmeras fábricas ao seu redor, mas hoje, a maioria está em ruínas. A antiga fábrica que acolhe agora o New Hand Lab funcionou de 1853 a 2002 de forma ininterrupta, utilizando “a força hidráulica da ribeira”, conta Francisco Afonso. O pai do promotor deste espaço comprou o edifício nos anos 60, altura em que desenvolveu a indústria de lanifícios. Mais recentemente, foram feitas escavações durante as quais, diz o dono da fábrica, se encontrou “provavelmente a primeira manufatura do país”.

Atualmente, este edifício da cidade da Covilhã tem visitas guiadas todos os dias. Brevemente, vai ser palco para “conferências sobre o tema património e cultura”. É aqui que pode ser visto parte do espólio da emblemática fábrica de lanifícios bem como as peças artísticas dos residentes do projeto New Hand Lab,”sempre com este fio condutor que é a lã”.