Hug-a-Group: a app que quer mostrar que “a saúde mental não tem de ser uma coisa assustadora”
A viagem de Pedro Trincão Marques, fundador da Hug-a-Group, pelo universo da saúde mental começa aos 15 anos, quando teve o seu primeiro ataque de pânico. Como o tema lhe era tão próximo, começou a investigar no mercado quais eram as opções de ajuda para pessoas com o mesmo tipo de problema. Encontrou vários grupos de apoio no Facebook e alguns canais de YouTube, mas percebeu que havia espaço para criar um serviço de ajuda profissional online, acessível a todos.
E é assim que em janeiro de 2019 se despede da startup onde trabalhava e a ideia do que viria a ser a Hug-a-Group deixa de ser um hobbie e passa a ser um projeto profissional. Quis aproveitar o “bichinho do empreendedor”, diz hoje Pedro Trincão Marques, para mostrar que “a saúde mental não tem de ser uma coisa assustadora”. É essa a premissa da aplicação da Hug-a-Group, que se centra nas terapias de grupo focadas em dois distúrbios mentais: a depressão e a ansiedade.
“Muitas pessoas associam as sessões de terapia em grupo aos Alcoólicos Anónimos porque é o que veem nos filmes – aquela ideia de pessoas sentadas em cadeiras num círculo. Na Europa ainda não é muito utilizado este método e a tecnologia acaba por ser um aliado para conseguir que mais pessoas experienciem este tipo de intervenção”, explica o fundador.
Há vários benefícios que advém deste tipo de terapia, nomeadamente a conexão com pessoas com o mesmo tipo de problema e com as quais pode aprender. “A saúde mental pode ser tratada em comunidade e não apenas entre mim e um psicólogo”.
Em março de 2020 a aplicação ainda estava em testes, mas, com o avanço da pandemia de Covid-19 e com o confinamento, a equipa percebeu que tinha de a lançar o mais depressa possível. “A saúde mental tornou-se numa das prioridades na opinião pública”, assinala Pedro Trincão Marques.
A aplicação foi lançada no dia 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental, e durante o primeiro mês houve 400 pessoas a utilizar a aplicação. “Vimos uma procura brutal no primeiro mês porque as pessoas queriam falar sobre saúde mental e ter um sítio onde podiam ser ajudadas diferente das opções que já existem”.
Uma das vantagens é o preço praticado e o tempo de espera encurtado. As consultas pessoais com profissionais, de acordo com a DECO, rondam os 55€. Na Hug-a-Group os preços rondam os 15€ por sessão. “A nossa aplicação não vai resolver todos os problemas de saúde mental, mas é uma alternativa diferente do que existe no mercado”, refere Pedro Trincão Marques.
Se quiser experimentar a aplicação, a primeira sessão é gratuita. Basta fazer download nas lojas de aplicações, como a App Store ou a Play Store, e depois escolher um dos grupos disponíveis para fazer uma sessão. Através do diagnóstico feito no início, são criados grupos mais pequenos de acordo com diferentes características – por exemplo, grupos para cuidadores informais, mães ou se estiverem de luto. Mas pode juntar-se livremente ao grupo que acha que se adequa melhor a si.
A aplicação tem ainda uma área individual onde os utilizadores podem fazer exercícios que foram desenhados por psicólogos. Acaba por ser os “trabalhos de casa da psicoterapia”. Há também outras duas áreas, que são gratuitas: uma área de comunidade, onde as pessoas podem interagir umas com as outras; e um diário pessoal, onde pode fazer registos diários.
- Veja o episódio do Hug-a-Group no The Next Big Idea aqui.
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