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Basta um desenho para ter um website (ou criar um negócio)

por Miguel Magalhães (Texto) | 21 de Março, 2023

O anúncio de um novo modelo de inteligência artificial por parte da OpenAI ainda não está bem ao nível da apresentação de um novo iPhone, mas para lá caminha.

Houve uma espécie de “Adeus GPT 3.5, Olá GPT4”, com o anúncio do novo modelo de linguagem AI que permite o desenvolvimento de aplicações como o ChatGPT — que ultrapassou os 100 milhões de utilizadores no mundo inteiro, sendo que diariamente são cada vez mais pessoas que descobrem a plataforma e as potenciais aplicações que esta pode ter no seu dia-a-dia.

E segundo a OpenAI, a empresa por detrás dos diferentes “GPTs”, este é o modelo mais colaborativo e mais criativo que já criaram, capaz de resolver problemas difíceis com uma eficácia superior.

Esta nova versão já é reativa a inputs em texto e imagem, mas, para mal dos nossos pecados, continua ainda a responder apenas através de texto. A OpenAI destacou que o novo modelo continua a ter alguns dos problemas dos anteriores, nomeadamente a capacidade de inventar informação (que afirma como factual) e de escrever de forma violenta ou agressiva, como revelou um jornalista do The New York Times neste exemplo caricato.

O novo modelo está disponível ao público através do ChatGPT Plus, a subscrição premium da aplicação. Para demonstrar as novas aplicações do GPT4, a OpenAI estabeleceu uma série de parcerias com a Duolingo, com a Stripe e com a Khan Academy.

  • Duolingo: um novo modelo de subscrição, o Duolingo Max, suportado pelo novo modelo que permite uma melhor interação e aprendizagem através da plataforma.
  • Stripe: um serviço de apoio a developers para poderem resolver uma dúvida com uma simples questão em vez de reverem toda a documentação associada ao código produzido pela fintech.
  • Khan Academy: um piloto para tornar mais eficiente todo o trabalho administrativo dos professores, bem como a sua iteração com os alunos.

As vantagens do GPT4 face ao 3.5 são incrementais, mas de acordo com Sam Altman, CEO da OpenAI, são mais observáveis à medida que se passa mais tempo a usá-lo. O que faz algum sentido dos dois lados. Quando mais pedidos a tecnologia “resolver”, mais aprende com as preferências do utilizador. Quanto mais tempo o utilizador passar na plataforma, melhor a compreensão do tipo de pedidos que dão melhores resultados.

  • OpenAI anunciou que o GPT4 foi sujeito a seis meses de treino: os resultados demonstraram uma redução de 82% face à probabilidade responder a pedidos nocivos e um aumento de 40% na probabilidade de dar respostas mais factuais.

As capacidades dos modelos da OpenAI tem sido alvo de diferentes discussões e experiências por parte de vários utilizadores. Sam Altman diz que a popularidade da sua plataforma vai necessariamente levar a que algumas pessoas fiquem desiludidas porque vão estar sempre à espera que os seus serviços façam coisas para as quais ainda não estão preparados. (E ainda estamos a alguma distância de ter um modelo que consiga integrar respostas em áudio, vídeo e texto em simultâneo, um pouco como o sistema Jarvis que auxilia Tony Stark em “Iron Man”).

  • No entanto, isto não tem impedido alguns utilizadores de testar a confiança cega no GPT, deixando a inteligência artificial construir um negócio por si e tomar todas as decisões – nome, design do site, tipo de investimento – e a documentar todo o processo nas redes sociais. Recomendo esta incrível thread.
  • Outros mostraram o potencial da reatividade a imagem. Aparentemente o GPT4 consegue produzir o código HTML para um website com apenas um desenho em papel. Veja aqui.