FC Porto: “Precisamos de estar na Web3 e de estar entre os primeiros”
por The Next Big Idea | 14 de Julho, 2022
O FC Porto fechou em novembro de 2021 uma parceria com a Binance para o lançamento dos fan tokens do clube. O acordo colocou também o logótipo da Binance nas costas das camisolas na qualidade de patrocinador do FC Porto.
A parceria com entre a Binance e o Futebol Clube do Porto (FCP) começou a ser negociada em setembro de 2021 e o Porto Fan Token foi apresentado ao mercado em novembro do mesmo ano. “Foi um dos contratos mais rápidos que fizemos, em dois meses tínhamos uma parceria, porque tudo se ajustava”, referiu Tiago Gouveia, diretor de marketing do clube, no painel dedicado ao tema “The Rise of The Fan Tokens” na conferência “Web3: The New Creator Economy” que teve lugar no Festival Elétrico.
Tiago Gouveia dividiu o painel com Zoe Wei, diretora executiva de Fan Token da Binance, que partilhou os bastidores desta parceria. “Fomos nós que abordámos o FCP”, adiantou, comentando entre risos que “conseguimos antever que iam ganhar o campeonato”. “Sendo a maior plataforma de criptomoedas, somos muito seletivos – escolhemos pelo Porto pela reputação e por já ter um sistema de sócios”, acrescentou.
O facto de os sócios terem uma palavra a dizer sobres os destinos do clube foi, e é, simultaneamente um fator de incentivo à parceria, mas também um desafio. “No FCP, que já tem os sócios a decidir a um nível superior, os tokens vêm alargar este poder e empoderar os fãs”, afirmou Zoe Wei, sublinhando que “ter um token significa que se acredita no clube”.
Esta é uma das facetas, mas a outra implica entender qual o papel dos sócios versus os fãs que detém tokens e também dos sócios que detém tokens. “A marca FCP é muito diferente de outras marcas de futebol, porque os donos são os sócios. Qual é o papel de um sócio e de um fã, é isso que temos de perceber e estamos a estudar como um fan token pode ter mais utilidade”, adiantou Tiago Gouveia.
O diretor de marketing do clube defende uma visão de não-expertise no tema de blockchain em que os riscos do que é novo sejam minimizados pelo conhecimento que o parceiro detém na área. “Não precisamos de ter o conhecimento, precisamos de ter parceiros que têm o conhecimento”, sustentou.
Em termos de estratégia, a prioridade foi estar entre os primeiros que experimentam as possibilidades que a web3 oferece – “porque nos vai dar mais tempo para entender como funciona e para experimentar”. “A parceria com a Binance ajudou a minimizar o risco do que não sabemos; o próximo passo é como criar condições para que quem não percebe nada de web3, que não usa, possa usar e entender”.
E o campo de experimentação é grande e parte dele ainda desconhecido. “Acreditamos que os fan tokens vão renovar a forma como os fãs se envolvem com clubes ou marcas”, disse a diretora da Binance. Exemplificando no futebol: “Na web2, a relação de um fã com o clube era comprar um bilhete, comprar merchandise e ver o jogo; um token traz mais democracia e autonomia aos utilizadores, pode ser usado para votar, pode ser uma forma de autenticar os fãs mais leais que assistem a mais jogos e de os recompensar. Por exemplo, dando a possibilidade de conhecerem o jogador que mais gostam”.
Sobre a forma como estas novas dinâmicas podem ser afetadas pela atual quebra no mercado de cripto, Zoe Wei considerou que os fãs conseguem separar o conceito de participação na vida do clube inerente ao token do modelo de negócio da criptoeconomia. “O bear market é uma coisa boa, as pessoas estão mais concentradas em construir produto e, no caso dos fan tokens, quanto mais crescer a comunidade, maior impacto terá no preço”.
A Binance está, avançou Zoe, a fazer várias experiências não apenas com o FC Porto, mas também com outras equipas (a Lazio, clube da primeira divisão italiana, é uma delas) para avaliar “a melhor forma de avançar, nomeadamente noutras áreas como o luxo ou outros desportos”. Para o FC Porto, as duas prioridades eram “ser os primeiros e ter os melhores parceiros”, sem procurar serem especialistas na área. “Temos 129 anos e nos primeiros 128 anos nunca tínhamos ouvido falar de blockchain. O nosso expertise é futebol e ganhar títulos”, afirmou Tiago Gouveia.
E foi a celebração da vitória na Liga Portuguesa de Futebol que deu o mote ao lançamento da coleção de NFTs alusiva à conquista do 30.º campeonato nacional de futebol pelo FC Porto, contemplando momentos chave do percurso até ao título e contemplando campanhas promocionais.
Na plataforma da Binance é possível visualizar as várias iniciativas alusivas aos fan tokens nestes 9 meses de parceria. Os detentores de tokens do FCP puderam, por exemplo, escolher a mensagem de parabéns a ser exibida no ecrã gigante Estádio do Dragão no final da época ou decidir quando/como as mascotes do clube iriam fazer a sua dança durante o jogo frente ao Estoril Praia, a 15 de maio. São iniciativas pensadas para envolver os fãs de forma mais intensa na vida do clube, associando também um valor financeiro ao token.
Como funciona o Porto Fan Token
O Porto Fan Token é um token oficial que oferece aos adeptos novas formas de se envolverem com o clube. Ficou disponível a todos os utilizadores da Binance e também a partir da modalidade “à vista”, referente a compras com cartões bancários e P2P.
Os fan tokens são títulos inscritos numa blockchain que dão acesso a certas vantagens ou benefícios aos detentores. O seu valor financeiro compara com dólares ou euros e podem valorizar ou desvalorizar no mercado, como acontece com as criptomoedas, podendo os seus detentores transacioná-los.
Foram lançados 40 milhões de unidades de Porto Fan Tokens valendo cada unidade o valor teórico de um dólar, mas na oferta pública foram disponibilizados apenas quatro milhões, 10% da oferta total. Os interessados alocaram unidades da criptomoeda própria da Binance dependendo a aquisição final das ofertas totais apresentadas pelos utilizadores.