CHIC com 9,5 milhões de euros
Tendo como objetivo desenvolver uma fileira empresarial nacional do setor dos media, reforçando também a presença das entidades nacionais nos mercados internacionais, disponibilizando novos produtos e sistemas no que diz respeito a conteúdos digitais, o CHIC (Cooperative Holistic View on Internet and Content) é lançado a 14 de novembro, no INESC TEC, no Porto.
Artur Pimenta Alves, coordenador científico do projeto e consultor da administração do INESC TEC, conta ao TNBI como surgiu o projeto. “Isto surgiu a partir de um convite inicial pelos clusters TICE, das tecnologias da informação eletrónica e da ADDICT, das indústrias criativas. Na realidade, o que se pretendia era dinamizar o setor dos media e, como já sabíamos que ia haver uma série de projetos mobilizadores, pareceu-nos que seria uma boa forma de começar”, refere.
A inspiração para o CHIC veio por se estar de olhos postos na Europa e no que se tem vindo a fazer. “Na altura, foi também decidido criar em Portugal, para ajudar a este processo, um espelho da plataforma europeia MEME que reune entidades, empresas, broadcasters, indústrias produtoras de conteúdos, distribuidores, numa lógica de procurarem não só influenciar as políticas da União Europeia nessa área dos media, como também participar em projetos financiados pela UE neste setor. Ao fazermos isso em Portugal estamos a criar um diálogo aberto com esta plataforma para tentar também aumentar a possibilidade das empresas portuguesas participarem em projetos. Também começámos a pensar em questões políticas e estratégicas de um MEME Portugal”, explica Artur Pimenta Alves.
“Infelizmente os clusters não têm tido financiamento que não dos seus associados, por isso fizemos tudo com os nossos recursos, mas o que fizemos permitiu criar este projeto que está muito bem avaliado e está agora a começar, o CHIC”.
Considerando que o digital alterou profundamente a maneira de trabalhar no setor dos media, é preciso pensar em formas que “não sejam lineares”: até os habituais consumidores finais já têm forma de produzir conteúdos. Em termos concretos, este programa pretende criar 10 projetos-piloto. “Cada piloto desenvolve uma tecnologia ou um serviço de interesse para um utilizador final e envolve nessa actividade entidades produtoras de tecnologia, de conteúdos e do sistema científico nacional. Criámos em cada piloto condições para haver inovação”, diz.
O CHIC prevê exportar até 2020 os novos produtos que vai desenvolver, como sistemas para a transmissão em tempo real de vídeo 4k usando IP na cloud, um sistema de realização de TV na cloud ou, ainda, uma plataforma para a disponibilização digital do plano nacional de cinema às escolas.
Ao TNBI, o coordenador científico do projeto revelou mais alguns pilotos. “Um deles tem a ver com o livro impresso, que cada vez mais pode ser acrescentado com informação digital disponível online em dispositivos móveis. Vamos desenvolver ferramentas e fazer algumas experiências de aproveitamento de sincronização de quem está a ler um livro com um device que está ao lado, no sentido de acrescentar valor ao livro”, começa por explicar. “Há duas áreas que queremos desenvolver: uma delas é o turismo e a outra é a literatura infantil. Quisemos muito fazer coisas com a língua portuguesa. Não foi muito fácil, mas acabámos por ter um piloto onde vão ser desenvolvidos interfaces para a navegação online e para sistemas de navegação por cabo, usando comandos com voz natural. Ou seja, eu falo com a minha televisão, peço-lhe um filme com certas características e ela interpreta o que eu digo e faz a pesquisa de uma forma simples em vez de estar a utilizar o telecomando”.
Está previsto que os produtos sejam comercializados em 77 mercados internacionais, com maior destaque no brasileiro, alemão, espanhol, norte-americano, russo e asiático.
“Prevemos ainda que haja um aumento na rede de parceiros atuais das empresas do consórcio em 15%. O projeto pretende também aumentar a capacidade exportadora das empresas nacionais conseguindo que, das vendas do projeto, cerca de 69% correspondam a vendas ao exterior e aumentar o investimento em I&D por parte das empresas participantes no projeto em 20%, atingindo assim os 22 milhões de euros”, diz Artur Pimenta Alves.
Vão estar presentes na reunião representantes de todos os parceiros envolvidos no projeto. “Temos trabalhado há já algum tempo para construir este consórcio em Portugal. Até 2020 queremos desenvolver um ecossistema baseado em formatos abertos e tecnologias interoperáveis que promovam a dinamização da criação de conteúdos nacionais e a sua troca entre os diferentes atores da cadeia de valor”, explica em comunicado Alexandre Ulisses, coordenador do CHIC e gestor de inovação da MOG.
O CHIC teve início em outubro e esta é a primeira reunião com todos os representantes.
O projeto conta com vários tipos de parceiros, desde as empresas de tecnologia MOG, Cluster Media.labs, GEMA, vMuse, SisTrade e Youon, a entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional – INESC TEC, Universidade de Aveiro, Universidade Católica, Universidade do Porto, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro, cinemateca portuguesa, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Universidade Aberta e Centro de Computação Gráfica.
Estão também presentes utilizadores finais, como o Jornal de Notícias, OSTV, Porto Canal, Tadinense Artes Gráfica, Altice Labs e GMK produções e os clusters TICE e ADDICT.