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Bob Muglia aprendeu com as contrariedades na Microsoft a ser um CEO de sucesso

por | 2 de Janeiro, 2018

Bob Muglia aprendeu com as contrariedades na Microsoft a ser um CEO de sucesso

Em 1988 era Bill Gates quem estava à frente da Microsoft. Bob Muglia, um nome que provavelmente poucos leitores conhecerão, chegou por essa altura à empresa e ajudou a construir a primeira base de dados. Trabalhou no Office, no MSN e no Windows e ainda no setor Servers and Tools. Um conjunto de áreas que empregaram, na globalidade, cerca de 10 mil pessoas.

Pode dizer-se que este foi um bom momento da sua carreira, mas não é igualmente verdade que se tenha mantido assim. Aos dias de glória seguiram-se os dias difíceis, aqueles que mais tarde é quase consensual que se assuma que são os mais marcam e ajudam no futuro. Exatamente como aconteceu com Bob Muglia que o confessou à Business Insider.

Quando a mudança ingrata se transforma em oportunidade única

Na Microsoft, foram duas as vezes em que se sentiu “na corda bamba”. As duas com Steve Ballmer como CEO.
A primeira aconteceu quando teve lugar uma reorganização nas unidades de negócio. Muglia pensou que iria subir na hierarquia e ficar responsável por uma delas. Tal não aconteceu. Teve, sim, outra tarefa: organizar uma startup dentro do grupo, para criar uma base de dados. “No período de um dia, eu passei de um total de 3 mil pessoas a trabalharem para mim para uma”, referiu. “Passei de vice-presidente executivo a vice-presidente sénior, e isso foi escrito no The Wall Street Journal, tão público”.

Olhando para as suas opções, o gestor decidiu levar o projeto em frente. Chamou os colegas com quem tinha trabalhado e contou o que se estava a passar. É certo que era um papel menor na empresa, mas estava entusiasmado em construir uma nova equipa, disse. As reações eram sempre iguais. Todos sabiam o que se passava, mas ninguém sabia o que lhe dizer. Então, começou a trabalhar “a todo o vapor”.

O que fez, fez bem. E os resultados apareceram. Steve Ballmer, o mesmo que lhe tinha gorado as expetativas, promoveu-o pelo desempenho nesta tarefa. E quando aconteceu mais uma reorganização de equipas, Ballmer entregou o seu próprio grupo — Servers and Tools — a Muglia, que passou a ser um dos quatro principais presidentes.

Com isto, voltou a chamar os colegas. Quis saber, novamente, o que diziam. Agora, a reação foi diferente: elogiaram-no, disseram-se admirados pela sua atitude, por ter aceitado o desafio, apesar das contrariedades.

Tudo isto foi, para Muglia, uma lição sobre “falhas e adversidades” em plena Microsoft, conta. “Todos temos situações em que não somos bem-sucedidos, mas temos de saber lidar com isso”.

Trabalhar para subir, em qualquer circunstância

O negócio no setor Servers and Tools foi crescendo: atingiu os 15 mil milhões. Mas, novamente, Muglia foi descartado. Desta vez não apareceu no jornal, mas sim nas caixas de email de todos os funcionários da empresa. O trabalho de Muglia passou para as mãos de Satya Nadella, que viria mais tarde a ocupar o lugar de Ballmer como CEO.

Nessa altura, decidiu que era tempo de sair. Aceitou um lugar na Juniper Networks, que também passava por uma altura complicada: o CEO tinha sido detido.

“Aprendi muito na Juniper, também. Pensei que tinha entrado numa empresa bem-sucedida, mas era imatura, não tinha colocado em prática todos os processos para atingir o sucesso”, refere Muglia.

“Concentro-me realmente em investir em processos de TI e negócios para fazer subir a empresa. Foi uma lição que ficou da Juniper”.

Gates e Ballmer ensinam a liderar

Muglia não tem dúvidas: desenvolveu capacidades de liderança olhando para os exemplos de Bill Gates e de Steve Ballmer. Se um falava mais de detalhes técnicos, o outro ensinou-lhe questões comerciais. E, mais do que isso, ensinaram-no, afirma, a “desafiar sempre e a fazer perguntas profundas”.

Foram estas lições que levou para a Snowflake. Por exemplo, os modelos de preço foram inspirados no Office 365 de Steve, referiu Muglia. E não ficou por aqui. Enquanto Gates enviava por email questões, instruções e até alguns problemas relativos à equipa, mas apenas para as pessoas de topo, Muglia tirou daí a lição oposta. Tudo o que é preciso referir é feito via Slack, para todos verem, porque cria um ideal de transparência entre a equipa.

“O meu objetivo é, sempre, ajudar as pessoas a crescer na sua carreira. Isso é o mais importante”, refere.

Ao que parece, a estratégia de Bob Muglia resultou. No início de 2014, enquanto CEO da Snowflake, sediada em San Mateo (Califórnia), estavam registadas 34 pessoas na empresa. Agora, estão ali empregadas 300 pessoas e há mais de 900 a usar ou a testar o produto, que consiste num banco de dados executado na Cloud.