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Elas não têm razão de queixa neste início de ano

por | 5 de Maio, 2021

Big Tech. Elas não têm razão de queixa neste início de ano

A semana passada foi o momento escolhido pela maior parte das grandes empresas atuais (Netflix foi na semana anterior) para anunciar ao mundo como é que correram os primeiros meses de 2021, mais precisamente o primeiro trimestre. Todas deram, de uma forma geral, boas notícias. O que é que isto significa? Vendas aumentaram, lucros cresceram e contam com projetos inovadores para o futuro. No entanto, cada uma tem os seus próprios desafios para superar.

Amazon
No Q1 (1º trimestre), a gigante do ecommerce teve 108.5 mil milhões de dólares em vendas, um crescimento de 44% face ao mesmo período de 2020. Apesar de uma fatia grande deste valor ser dinheiro que acaba por reverter para as diferentes marcas que vendem na plataforma, a Amazon registou 8 mil milhões de dólares de lucro. Entre os destaques estão:

  • Os 200 milhões de subscritores Prime, que tiram proveito de promoções na plataforma e que, de vez em quando, decidem dar uma oportunidade às séries e filmes do Prime Video.
  • O Amazon Web Services, serviço de cloud da empresa, que registou receitas de 13.5 mil milhões de dólares (+32% face ao período homólogo de 2020).
  • A plataforma de live streaming Twitch registou 35 milhões de visitantes diários.
  • A Amazon continuou a investir fortemente em inteligência artificial através da Alexa e serviços derivados que já são utilizados em diversas indústrias.

Um desafio: os movimentos por melhores condições laborais tem levado a que, nos EUA, diferentes filiais estejam a tentar formar sindicatos que possam reivindicar por esses direitos. A Amazon emprega direta e indiretamente cerca de 1.3 milhões de pessoas no mundo inteiro.

Apple
Nos primeiros meses deste ano, a empresa da maçã teve receitas de 89 mil milhões de dólares (+54% face ao início de 2020) e lucros de 24 mil milhões de dólares, mais do dobro face ao mesmo período no ano anterior. Se isto vem tudo dos novos iPhones 12? Em parte sim, mas a verdade é que a Apple tem vários serviços e produtos que contribuíram para que tivesse o melhor começo de ano de sempre:

  • Vendas de 48 mil milhões de dólares só em iPhones. A Apple não apresentou números para os resultados das suas gamas de computadores e iPads.
  • A área de Serviços da Apple, composta pela App Store, pela Apple Music, pela Apple TV (que ninguém ainda paga), pelo iCloud e outros, teve um trimestre recorde e apresentou 17 mil milhões de dólares em vendas, um crescimento de 27% face ao período anterior.
  • A área de Wearables, onde estão produtos como o Apple Watch e os populares AirPods, gerou receitas de quase 8 mil milhões de dólares. Parece pouco face às outras divisões, mas é três vezes o valor das receitas do trimestre do Spotify, o seu principal rival no áudio.

Um desafio: Resolver as polémicas à volta da sua App Store, que retira 30% das receitas das aplicações presentes na plataforma e que é vista como um exemplo da posição monopolista da Apple, que se aproveita dos mil milhões de utilizadores de iPhones no mundo inteiro.

Alphabet e Facebook
A razão para emparelhar as duas empresas prende-se não só com o modelo de negócio semelhante (baseado em publicidade) como no desafio colocado pela Apple, que vão enfrentar daqui para a frente. Mas vamos primeiro aos resultados de cada uma das empresas.

  • O Google e o YouTube estiveram por detrás de grande parte do sucesso que levou a Alphabet a faturar 55.31 mil milhões de dólares (+34% face a 2020). As receitas do motor de pesquisa cresceram 30%, provavelmente porque andámos todos a pesquisar o que raio era um NFT. As receitas do YouTube, que conta com 2 mil milhões de utilizadores ativos, cresceram 49%, em princípio, porque queríamos todos ver tutoriais de como fazer mining das bitcoins que atingiam valores recorde dia após dia.
  • De acordo com o Facebook, neste início de ano continuámos a utilizar (e muito) as suas plataformas. Em conjunto, o Facebook, o Messenger, o Instagram e o Whatsapp tiveram receitas de 26.7 mil milhões de dólares, um aumento de 30% face ao ano anterior. Para este resultado, contribuiu literalmente meio mundo (os cerca 3.5 mil milhões de utilizadores em todas as plataformas) e o aumento de 30% no preço médio de cada anúncio.

Um desafio: Vamos por um momento esquecer as fake news e a compensação dos media pelos seus conteúdos. O novo iOS da Apple dá a oportunidade aos utilizadores de decidir se querem ou não que a sua atividade na web e em apps seja vigiada ou não. A Apple chama-lhe defesa da privacidade dos utilizadores. O Google e o Facebook vêem esta funcionalidade como um ataque direto ao seu negócio e à sua capacidade de fazer a melhor personalização possível dos seus anúncios. Na realidade, ambas as versões estão corretas.

Microsoft
Qual é a coisa, qual é ela que é praticamente sinónimo de teletrabalho? Em 2021, a Microsoft continua a tirar proveito da forma como as empresas se passaram a organizar, apresentando receitas totais no Q1 de 41.7 mil milhões de dólares (+19%) e lucros de 15 mil milhões de dólares (+40%).

  • As receitas do Azure, o serviço de cloud da empresa, cresceram 33% para 18 mil milhões de dólares.
  • A Microsoft conta atualmente com 50 milhões de subscritores do Microsoft 365, que engloba vários dos seus serviços – Word, Excel, Powerpoint, Skype, OneDrive, Skype -, e o Teams já conta com 145 milhões de utilizadores mensais ativos.
  • O LinkedIn já tem 750 milhões de utilizadores ativos (mais que o Twitter) e gerou receitas no último ano de 3 mil milhões de dólares.

Um desafio: Qual será a próxima aquisição da Microsoft? Aceitam-se apostas.