A startup de Inteligência Artificial que cria perfumes em 48 horas
por Marta Amaral | 24 de Junho, 2025
Embora o negócio tenha começado com a arte da perfumaria, o objetivo final é melhorar a saúde e o bem-estar da vida humana através do olfato.
Sediada em Manhattan, a startup Osmo desenvolveu uma “inteligência olfativa artificial” que digitaliza óleos e ingredientes transformando-os em código. O resultado? Um frasco personalizado de perfume pronto e enviado em apenas 48 horas após o pedido — o mesmo tempo de entrega de uma encomenda normal de qualquer marketplace.
Enquanto várias marcas passam anos em laboratório à procura do cheiro ideal. Com a IA, o tempo total do conceito à prateleira pode chegar a 18 meses.
Uma ferramenta ou uma ameaça?
Com a IA, grande parte do processo técnico necessário à produção de um perfume fica automatizado. Algumas empresas já usam IA: Givaudan, Firmenich, IFF e Symrise incorporam sistemas para aperfeiçoar fórmulas, criar novos ingredientes e reduzir tempos de produção.
No entanto, esta tecnologia que parece uma poção mágica saída de um filme da Disney levanta desafios éticos de autoria e ainda questões sobre sustentabilidade.
A Osmo tenta posicionar-se IA como um suporte à indústria da perfumaria, permitindo que os especialistas se concentrem na criatividade enquanto a tecnologia resolve os detalhes técnicos.
Outras vozes críticas apontam para a perda da “alma” e da sensibilidade humana com a digitalização de ingredientes que acaba com a arte de fazer um perfume.
Há ainda preocupações ambientais: embora a Osmo afirme que seus modelos consomem pouca energia (“muito inferior a modelos como o ChatGPT”), não fornece dados concretos nem avaliações éticas comparativas com métodos tradicionais. No outro lado da argumentação, usar IA para criar perfumes contribui para usar menos matérias primas protegendo o ambiente.
Para que é que serve a inteligência olfativa artificial?
É uma tecnologia que combina inteligência artificial com ciências sensoriais para analisar, interpretar e reproduzir cheiros e fragrâncias. Basicamente, utiliza algoritmos avançados, aprendizagem automática e dados químicos para “ler” e “compreender” os componentes de um cheiro, transformando-os em informações digitais que podem ser manipuladas, combinadas e replicadas por máquinas.
Em vez de depender exclusivamente do olfato humano, esta tecnologia consegue criar novas combinações e acelerar a formulação de perfumes ou outros produtos olfativos com precisão e rapidez.
Além disso, pode ser fundamental para pessoas que perderam ou que nunca tiverem um dos cinco sentidos. O desenvolvimento da inteligência olfativa artificial permite também aprofundar o conhecimento sobre a relação entre o cheiro e o cérebro, com impacto potencial em áreas como a saúde, o bem-estar e a medicina.