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A INDAQUA vendeu os primeiros créditos de água tokenizados a nível nacional

por Marta Amaral | 28 de Março, 2025

Os créditos podem ser adquiridos por empresas que, não conseguindo reduzir o consumo de água, queiram compensá-lo para diminuir a pegada hídrica.

O sistema de geração de créditos hídricos está a ser implementado em Portugal pela primeira vez pela INDAQUA, uma das maiores empresas nacionais de abastecimento de água e tratamento de águas residuais.

Para isso, a empresa responsável pela operação e manutenção da ETAR associou-se à Hypercube, empresa suíça especializada em Finanças Regenerativas, que já gerou, por todo o mundo, vendas de créditos hídricos no valor de 65 milhões de euros.

No primeiro caso português, está a ser contabilizada a água reutilizada na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Matosinhos e que chega até aos 90 m3 por dia.

Por cada metro cúbico de água reutilizada na ETAR é evitado o respetivo consumo de água da rede pública. Por esse motivo, é gerado um crédito tokenizado pela tecnologia blockchain da Hypercube que é, depois, comercializado.

Em apenas dois dias, foram emitidos os primeiros 122 créditos, correspondentes a 122 m3 de água reutilizada (mais ou menos igual a 20 mil garrafões de água), como é possível consultar na walltet pública.

“Este processo tem vantagens para ambas as partes. Para quem compra créditos de água, há uma forma efetiva de contribuir para a melhoria ambiental, com investimentos na infraestrutura hídrica de Portugal, ao utilizar os créditos hídricos como uma forma transparente de compensação ambiental. Para as empresas de saneamento, por outro lado, há o reconhecimento das suas boas práticas ambientais e um incentivo económico adicional para reutilizar a água e expandir as operações de águas residuais”, explica Matheus Ferreira, responsável da Hypercube para os países da CPLP.

O interesse na compra destes créditos é especialmente apetecível para indústrias consumidoras intensivas de água, que podem, por esta via, compensar a sua pegada hídrica.

A nível global, existem, inclusivamente, empresas que ambicionam ser “water positive”, isto é, recuperar mais água do que aquela que consomem. Para eles, este mercado pode ser essencial.

A compra destes créditos pelas empresas pode servir para a reutilização de águas residuais, a dessalinização, o armazenamento de água da chuva e a extração de água da humidade do ar.

O resultado da venda dos tokens é encaminhado para as entidades emissoras, aumentando assim as condições económicas para que seja reinvestido em tecnologia, infraestruturas, equipamentos e melhoria de processos em áreas como a reutilização de águas residuais.

Pedro Perdigão, CEO do Grupo INDAQUA sublinha a importância de investir em iniciativas relacionada com um recurso “muito desvalorizado na nossa sociedade” e realça a importância da ecologia e da economia “não andarem de costas voltadas”.

“Este sistema responde àquele que tem sido um dos desafios centrais: fazer com que os serviços e água e saneamento deixem de ser apenas consumidores de recursos e passem a gerar valor”, reitera Pedro Perdigão.

Entre os objetivos da empresa já está o alargamento deste sistema. Depois de estabelecido o projeto pioneiro na ETAR de Matosinhos, uma das maiores em território nacional, a empresa quer valorizar também a água reutilizadas noutras ETAR que opera em vários concelhos do norte do país.

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