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A próxima batalha do Slack para ser a “sede” digital de empresas no mundo inteiro

por Miguel Magalhães (Texto) | 13 de Dezembro, 2022

Slack

Desde o seu lançamento oficial em 2013, o Slack tornou-se sinónimo de inovação e tem sido o ponto de partida de cada vez mais empresas quando começam a idealizar os seus produtos e serviços. A saída do seu CEO e fundador, Stewart Butterfield, no início de 2023, marca um ponto de viragem para a empresa numa indústria que tenderá a ficar cada vez mais competitiva.

A origem do Slack, plataforma de colaboração que milhares de equipas utilizam no mundo inteiro, é parecida com a de tantas outras ideias que passaram de um pequeno detalhe para um produto à escala global. Em 2012, não era mais do que uma ferramenta de comunicação utilizada (e desenvolvida) pela Tiny Spec, um estúdio de videojogos, no desenvolvimento daquele que esperava ser o seu próximo grande hitcom o nome “Glitch”. O jogo acabou por fazer demasiado jus ao nome (e não correr bem), mas Stewart Butterfield, então CEO da empresa, viu potencial na simples ferramenta que tinham criado: a forma de trabalhar era boa, o potencial de colaboração era bom e podia ser utilizada em qualquer indústria.

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Em 2013, a Tiny Spec deu origem a Slack Technologies, empresa que ficaria responsável por desenvolver o Slack e fazê-lo chegar ao máximo de profissionais possíveis. A tarefa não era uma novidade para Butterfield que, antes destes dois projetos, já tinha vendido a plataforma Flickr por alguns milhões à Yahoo.

Slack é um acrónimo para Searchable Log of All Conversation and Knowledge (um diário para todas as conversas e conhecimento) que simboliza a sua missão: um serviço onde uma empresa podia centralizar as comunicações de diferentes equipas e geri-las de forma independente, ao mesmo tempo que ficava com uma base de dados com a evolução de visões e processos sobre diferentes projetos. Como é que faz isto:

  • Equipas: Cada empresa na plataforma pode criar diferentes canais/chats de comunicação para diferentes equipas e projetos e os utilizadores só podem aceder aos canais onde estão alocados.
  • Comunicação: além do formato texto predileto para equipas comunicarem, planearem e fazerem updates, o Slack também permite fazer chamadas e videochamadas, duas funcionalidades que se tornaram muito populares desde a pandemia.
  • Informação: a plataforma tem uma integração com uma série de plataformas que lhe permite ser uma cloud para agregar ficheiros, um calendário para orientar agenda ou um serviço de e-mail.

As diferentes funcionalidades apoiadas numa experiência de utilizador simples e flexível ajudaram a que com o tempo a plataforma se fosse tornando cada vez mais popular e utilizada por cada vez mais empresas. E isto é extremamente relevante dado que o modelo de negócio do Slack – o freemium – está dependente da crescente utilização da plataforma. É possível as empresas começarem a utilizar o Slack de forma gratuita, mas à medida que vão adicionando mais colaboradores, que necessitam de mais funcionalidades e que geram mais informação, começam a ter de recorrer às features pagas da plataforma e começam aí a gerar receitas para o Slack.

Depois de entrar em Bolsa em 2019 com uma avaliação de 19.5 mil milhões de dólares, em 2021, o Slack foi comprado pela Salesforce por uma quantia de cerca de 28 mil milhões de dólares. De acordo com a gigante do mercado de CRM, a integração do Slack no seu leque de soluções iria permitir não só escalar ainda a plataforma, como permitir que a mesma pudesse ter ainda mais integrações do que as de colaboração de equipa. Além disto, comprar o Slack significou também levar o talento de Stewart Butterfield e companhia para o grupo, o que não deixa de ser um bom cartão-de-visita para qualquer CEO de uma empresa/startup que passava a ver a Salesforce e o Slack como as soluções ideais para gerir o seu negócio.

A saída e o futuro do Slack

Na semana passada, depois de 10 anos à frente da empresa, Stewart Butterfield anunciou que ia deixar a Salesforce e, por conseguinte, a liderança da plataforma que criou. Durante este período o mercado de trabalho e as empresas, incluindo a sua, passaram por uma série de transformações, especialmente no pós-pandemia, contudo, hoje, o Slack tem um melhor product-fit e que seja uma das principais marcas no segmento de enterprise.

  • 902 milhões de dólares em receita (2021)
  • 18 milhões de utilizadores (2020) e +150 mil empresas clientes (2021)

Dados Business of Apps

No entanto nada está garantido e as coisas podem mudar rapidamente. O novo executivo, liderado pela brasileira Lidiane Jones, terá de dar resposta ao desafio colocado por empresas como a Microsoft com o Teams e o próprio Zoom. A indústria caminha cada vez mais para a variedade de funcionalidades numa única plataforma – comunicação, organização e planeamento – o que exige que estas empresas compitam numa série de frentes e que estejam constantemente a pensar em novas features para se diferenciarem da concorrência. A Microsoft vai à frente com 270 milhões de utilizadores no Teams, mas há dados que dão boas indicações ao Slack: o Huddles, a sua aplicação mais recente, muito focada na colaboração por vídeo, está a acumular 234 milhões de minutos por semana de acordo com dados da empresa.