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O que significa o “The Merge” da Ethereum?

por The Next Big Idea | 19 de Setembro, 2022

Uma das principais redes de criptomoedas realizou uma importante atualização que pode ser importante para o futuro da economia descentralizada.

Na semana passada, deu-se um fenómeno muito comentado no mundo da criptoeconomia conhecido como o “The Merge”. A fusão parece algo digno de um filme de ficção científica, mas na realidade faz parte de uma iniciativa da Ethereum, a segunda maior rede de criptomoedas, para tornar o seu funcionamento mais sustentável.

A Blockchain é uma tecnologia que põe o mundo digital a funcionar de forma diferente. Em vez de termos uma autoridade central a tratar de verificar a validade das transações (informação, dinheiro, identidade, conteúdo) que acontecem na Internet, esse processo de autenticação acontece de forma descentralizada através de uma série de utilizadores e servidores espalhados pelo mundo, que competem pela possibilidade de fazerem essas autenticações em troca de recompensas. Contudo, atualmente, há duas formas mais populares de fazer essa validação e a Ethereum tem estado a usar duas:

  • A Ethereum Mainnet, que utiliza um mecanismo chamado “proof-of-work”. Nele utilizadores competem a solucionar puzzles criptográficos de modo a conseguirem adicionar novos blocos de informação à blockchain e receber recompensas (na forma de criptomoedas) por isso.
  • A Beacon Chain, adicionada em 2020, que utiliza um mecanismo chamado “proof-of-stake”. Nele, os utilizadores em vez de resolver puzzles depositam um montante da criptomoeda de volta na rede pela possibilidade de serem escolhidos à sorte para verificar se uma determinada bloco de dados na rede está correto ou não. Se o grupo de utilizadores selecionado conseguirem validar o bloco, recebem como recompensa criptomoeda em cima do valor que já tinham depositado.

O mecanismo “proof-of-work” é aquele também utilizado pela Bitcoin e tem sido alvo de diversas críticas devido ao seu impacto ambiental. Com o crescimento das respetivas redes, têm sido necessários cada vez mais computadores para resolver os puzzles criptográficos, o que implica um consumo maior de energia, que hoje em dia se equipara ao que é feito por países inteiros.

O “proof-of-stake” acaba por ser, em termos energéticos, mais eficiente porque limita o número de utilizadores que podem trabalhar na validação de cada bloco de informação. A transição para um único mecanismo é algo falado à vários anos no setor e tornou-se cada vez mais urgente com a crescente influência da Ethereum que, no último mês de Agosto, já representa 20-40% de todo o consumo de energia do setor crypto.

Assim, o “The Merge” vai colocou a rede a funcionar sobre um único mecanismo, que de acordo com as estimativas, vai reduzir a utilização de energia em 99.95% e permitir que a rede da Ethereum tenha capacidade para fazer uma série de melhorias, também há muito pedidas, nomeadamente no que diz respeito à velocidade das transações e às “gas fees”, os custos de movimentação de dinheiro e informação dentro da rede.

Poderá a Bitcoin fazer um caminho semelhante?