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Não somos nem uma empresa remota, nem uma empresa de escritório

por Felipe Àvila da Costa | 14 de Junho, 2022

Recentemente, um amigo perguntou-me se a Infraspeak era uma empresa remote-first ou office-first. A minha resposta foi: nenhuma das duas. Somos uma empresa people-first.

A pandemia de Covid-19 deu um enorme impulso ao conceito de trabalho remoto. Mesmo Empresas (e, claro, pessoas) que já eram remote-friendly antes da pandemia, como era o caso da Infraspeak, tiveram de fazer adaptações profundas nos seus processos, sistemas e culturas para manter a produtividade e a dinâmica de equipa. Honestamente, não consigo honestamente imaginar quão difícil foi para as empresas que antes não eram remote-friendly.

Agora que a pandemia se tornou numa endemia e a nossa atenção está direcionada para outras prioridades, uma coisa é clara: não vamos regressar à forma como trabalhávamos antes. E, na verdade, isso é uma boa notícia.

O mundo “remoto” tem várias vantagens: não gastamos tempo em deslocações, podemos passar mais tempo com amigos, animais de estimação e família, as reuniões transacionais são (muito) mais eficientes, a comunicação é muito mais estruturada e a escrita reduz o risco de falhas de comunicação, somos mais produtivos/eficientes em tarefas que exigem foco, e tanto mais.

Mas… Há sempre um “mas”, certo?

O mundo do escritório também tem benefícios: o processo de inovação é muito mais rápido devido à troca informal de ideias que acontecem em encontros espontâneos, os juniores e mesmo pessoas de nível intermédio aprendem e crescem mais rápido mediante osmose com os seus pares, o envolvimento cultural e sentimento de pertença acontecem mais organicamente, somos mais produtivos/eficientes em tarefas operacionais, e muito mais.

Nota: os defensores do trabalho remoto alegam que podemos ter isto tudo em contexto totalmente remoto, o que é verdade, mas é (bastante) mais difícil e exige mais recursos para acontecer bem.

Assim sendo, o que devem as empresas fazer para se adaptar ao contexto pós-pandémico?

Devem as empresas escolher entre ser exclusivamente remotas ou remote-first? Devem as empresas exigir que toda a gente regresse ao escritório todos os dias ou mesmo ser remote-friendly, mas com um pensamento de office-first? Ou escolher uma das muitas variantes do contexto híbrido?

Na Infraspeak, não acreditamos que haja uma só solução para cada empresa, tal como não acreditamos que haja uma só solução para cada colaborador da Infraspeak, por isso, escolhemos ser uma empresa people-first.

People-first: o que raio é que isso significa?

Ainda bem que perguntam.

Uma empresa people-first é uma empresa que dá espaço para cada pessoa/equipa decidir se – individualmente e/ou em conjunto – querem trabalhar remote-first, office-first ou híbrido, dando a todas a autonomia e as responsabilidades associadas a essa decisão.

Para uns, ir para o escritório é importante – às vezes porque lhes falta espaço ou privacidade para serem produtivas em casa, outros porque preferem estar com os colegas durante o dia. Para algumas pessoas, a ideia de ir ao escritório (pelo menos regularmente) é tão 2019 que nem se conseguem imaginar paradas no trânsito de novo. E há queira juntar o melhor dos dois mundos.

Dito isto, e considerando que a Infraspeak tem atualmente mais de 160 Infraspeakers e estando a crescer, não acreditamos numa abordagem centralizada da escolha de como as pessoas trabalham, por isso preferimos confiar em cada uma e na equipa para decidir o que é melhor – para a empresa e para cada colaborador – em cada momento e de forma descentralizada. No final das contas, o que realmente importa é preservar uma cultura produtiva, saudável e os resultados que alcançamos como equipa. Já agora, está a funcionar.

Significa isto que a empresa tem de alocar recursos para dar resposta às exigências dos mundos remoto e do escritório? É sequer possível dar resposta às duas exigências ao mesmo tempo?

Bem, a resposta é sim. É mais caro (não muito mais, devo dizer) que escolher uma forma de trabalhar de forma centralizada, mas os ganhos em produtividade e qualidade de vida da nossa equipa garantem um RoI extraordinário.

Em síntese, é tudo sobre seguirmos a nossa missão de providenciarmos uma boa vida às pessoas à nossa volta, incluindo, claro, a nossa equipa – um Infraspeaker de cada vez.

Felipe Ávila da Costa é Co-founder, CEO da Infraspeak. Este artigo foi originalmente publicado no site da Infraspeak.