Uma escola com 50 anos que se confunde com a história da criatividade
“Nós dizemos com alguma arrogância que a história do design ou a história da criatividade em Portugal se mistura com a história do IADE”. A frase sai com convicção da boca de Carlos Rosa, Diretor do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia que celebra o seu 50.º Aniversário.
Joana Vasconcelos (artista plástica), Nini Andrade Silva (designer de interiores), Filipe Faísca e Alexandra Moura (estilistas), Filipe Alarcão (designer de produto), Carlos Ramos (fotógrafo), Espírito Santo (Designer e Publicitário), Carlos Coelho (marcas) ou Paulo Rocha (Designer e Criativo) são alguns dos nomes (e marcas) que a faculdade fundada por António Quadros a que se seguiu Lima de Freitas colocou no mercado nos últimos 30 anos.
Fundado por intelectuais e artistas, a história do IADE rompeu com o conservadorismo vigente à década da fundação e cruza-se, de lá para cá, com a história de Baby Boomers, X, Y, Z, millennials, e outras gerações. A mudança e adaptação são dois os nomes do meio desta instituição de ensino. “Se o IADE há uns anos atrás era conhecido pelo marketing, pelo design e pela fotografia, o que nós queremos é que nos próximos tempos seja conhecido pela concretização tecnológica das novas ideias que vão mudar o quotidiano das pessoas”, assume Carlos Rosa que acredita que o IADE “vai continuar a marcar as tendências”.
O design, esse, serve para melhorar o quotidiano. “O melhor design é aquele que é invisível”, sublinha o diretor da faculdade. Está presente nas “nossas casas, na rua, que nos ajudam no nosso dia-a-dia”. Uma presença que se vê e sente na “plataforma elevatória que nos ajuda a ir para um transporte público”, ao “sistema de iluminação que ajuda alguém num contexto qualquer”, passando pela “forma como comunicamos, como orientamos as pessoas dentro de espaços culturais ou estádios”, elenca. Tudo “é obra de um designer”, frisa.
E nesta equação entrou uma nova variável, a tecnologia que está presente, defende Carlos Rosa, quer no design de produto, quer no design gráfico. Está patente no “vetor da produção” – produção de produto A com auxílio de determinada tecnologia – e na “utilização do produto” e dos objetos no dia-a-dia. A inovação, a criatividade, o design, “todas as áreas da economia criativa se vão juntar neste vetor central que é o tecnológico, que não vai funcionar se não for um bom produto tecnológico, e para ser um bom produto tecnológico tem de ser um excelente produto de design”, afirma Carlos Rosa.
Em 2018 nasceu uma Fábrica. Em 2019, um curso que junta arte e tecnologia
Ao olhar para o futuro “assalta-nos uma inquietação” diz, por seu lado, Pedro Barbas Homem, Reitor da Universidade Europeia. “A inteligência artificial, a quarta revolução industrial, toda a transformação que os serviços vão ter na indústria” que exigem uma “estratégia para a criação de novos empregos e requalificação de quem os perde”, sustenta. “As consequências destas transformações são o grande desafio atual das universidades”, atenta o Reitor da Universidade Europeia.
Apontando baterias ao futuro, o IADE resolveu criar, em 2018, a “Fábrica”, um laboratório onde o valor e o conhecimento são partilhados em contexto letivo ou extracurricular entre professores, alunos e a sociedade civil. Ali são incubados projetos e antecipam-se tendências.
Para o ano letivo 2019-2020, a palavra inovação serviu de mote de inspiração para a criação de um novo programa da “primeira grande licenciatura híbrida” que junta, “pela primeira vez” nas salas de aula estudantes de arte e de tecnologia.
“Vamos absorver estudantes do agrupamento das artes e outros do agrupamento das ciências, matemáticas e físicas, para ter a primeira grande licenciatura que vai juntar estes mundos”, e que se vai chamar Creative Technologies desvenda Carlos Rosa. “É uma licenciatura toda ela em inglês e vai ter professores do lado artístico e do lado dos números a desenvolverem projetos em conjunto”, acrescenta.
Os 50 anos do IADE estiveram em destaque no magazine The Next Big Idea exibido na SIC Notícias a 30 e 31 de março.