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Uma desconhecida e pequena startup sueca quer rivalizar com a AWS da Amazon

por The Next Big Idea | 9 de Junho, 2023

A evroc tem como objetivo angariar 3 mil milhões de euros nos próximos dois anos para competir diretamente com as gigantes americanas.

Como nota a Shifted, as startups europeias são frequentemente criticadas por não serem suficientemente ambiciosas. No entanto, esta ideia parece que não é um problema para a relativamente desconhecida evroc.

A startup sueca, que captou recentemente uma ronda de pre-seed de 13 milhões de euros, quer fazer frente a um gigante do mundo da tecnologia do outro lado do Atlântico: a Amazon Web Services (AWS).

O plano para os próximos dois anos já está traçado: é angariar 3 mil milhões de euros – o que equivale a 125 milhões de euros por mês – para desenvolver e operar dois centros de dados em hiperescala na Europa. E, depois, até 2028, a evroc pretende continuar a crescer e quer criar oito centros de dados e três centros de desenvolvimento de software que vão empregar três mil pessoas.

“É preciso ser um pouco louco para fazer uma coisa destas”, explicou o fundador Mattias Åström.

No entanto, loucuras à parte, segundo a Shifted, se a evroc conseguir alcançar o seu objetivo – criar um fornecedor de serviços de computação em nuvem que seja mais ecológico e mais sensível à privacidade dos dados do que os das gigantes americanas – a recompensa será enorme.

O domínio americano

E isto acontece porque atualmente apenas 13% do armazenamento informático na Europa é fornecido por empresas europeias. De acordo com Åström, a AWS detém cerca de 30% do mercado europeu.

  • Para motivos de comparação, o maior fornecedor europeu, a alemã OVHcloud da Deutsche Telekom, detém apenas 1-2% do mercado.

Explica a Shifted, que isto é mau não só para a economia europeia, mas também porque é um problema para a privacidade dos dados.

“A Amazon, a Google e a Microsoft são muito boas, mas as autoridades americanas têm o direito de ver os dados armazenados sobre cidadãos não-americanos. Isso significa que muitas empresas e autoridades na Europa não podem colocar dados sensíveis na nuvem americana”, realça Åström.

A Comissão Europeia multou recentemente a AWS e a Meta (empresa-mãe do Facebook), em 746 milhões de euros e 1,2 mil milhões de euros, respetivamente, por transferirem dados de utilizadores europeus para os EUA – o que viola a lei na União Europeia.

“A falta de fornecedores locais de nuvens de hiperescala representa um sério desafio para a Europa. Não só por causa dos dados dos cidadãos, mas também porque representa uma ameaça real à nossa competitividade a longo prazo num mundo digital em que os outros estão a avançar muito mais rapidamente”, alertou Åström.

O funcionamento

A ideia da evroc passa por construir primeiro dois centros de dados em nuvem de hiperescala: um no norte e outro no sul da Europa. E o plano a longo prazo, como já referido anteriormente, passa por construir oito centrais em todo o continente.

Segundo Åström, o objetivo passa para que quando alguns deles estiverem a funcionar, os dados não urgentes possam ser distribuídos entre os centros com base no local onde a energia renovável é mais acessível.

“Quando o sol está a brilhar em Espanha, transferimos os dados para lá; e quando o vento sopra nos Países Baixos, transferimo-los para lá. Outras vezes, transferimo-los para o norte da Suécia, onde existe uma grande quantidade de energia hidroelétrica”, explicou.

Porém, a realidade é que projetos desta magnitude são raros no ecossistema europeu. Não há muitos exemplos a quem se possa pedir conselhos — sendo a exceção a sueca Northvolt, a produtora de baterias que assegurou cerca de 8 mil milhões de euros em financiamento desde que criada em 2017. Portanto, pergunta-se: será que a evroc, fundada no ano passado e com apenas 20 empregados tem o que é preciso?

Åström acredita que sim. E para ele não é só uma questão se o projeto vai “acontecer”, é mais “tem de acontecer”.