Tinder. Podemos namorar, mas não podemos ser amigos
A aplicação de encontros amorosos Tinder está a sofrer mudanças profundas, as maiores desde a sua fundação, em 2012. Como sabemos, a COVID-19 não reúne exatamente as melhores condições para que se possa conhecer pessoas. Por isso, em tempos em que até namorar é difícil, a plataforma está a adaptar-se e a reinventar-se com novos recursos, que a aproximam mais de uma rede social e das gerações mais novas.
Um breve tutorial
O Tinder foi pensado para todas as orientações sexuais. Uma vez selecionado o género/s e idade que se procura, o utilizador recebe uma série de perfis (de pessoas inseridas num certo raio geográfico definido pelo próprio) aos quais é possível dar swipe right (gostei deste perfil) ou swipe left (o seu oposto).
A normalização. O Tinder surgiu há 9 anos, numa altura que as dating apps sofriam de alguns estigmas. Hoje em dia, há uma abertura muito maior a serviços deste tipo. É difícil calcular o número de utilizadores da app, uma vez que muitos só a usam quando estão solteiros ou em períodos muito específicos. No entanto, estima-se que neste momento haja cerca de 57 milhões de pessoas a utilizar a plataforma.
Quais são as novidades?
- Vídeos: os utilizadores poderão colocar até 9 vídeos, de 15 segundos cada, no seu perfil. Uma forma de tornar a “experiência multidimensional”, diz o Tinder, ou seja, alargando o tipo de conteúdos que cada perfil pode ter. No entanto, os utilizadores já podiam fazer videochamadas com os seus matches.
- Hot Takes: assim se chama a nova experiência interativa da app, uma espécie de jogo, onde os utilizadores respondem a uma série de perguntas num chat com outra pessoa. Nesta funcionalidade, há a possibilidade de os participantes trocarem um like e fazerem match, e, mais importante ainda, de falarem antes de se ligarem (o que antes só poderia ser feito com uma conta premium). Mas, se ninguém responder durante 30 segundos, o chat é automaticamente bloqueado.
- Explore Page: Aqui, os utilizadores podem ver o potencial de uma possível correspondência de acordo com interesses partilhados. Por exemplo, se alguém gostar de cozinhar, este é o espaço perfeito para mostrar os seus dotes na confeção do melhor bacalhau com natas, no Chef’s Mode.
Mais uma rede social? Mais ou menos
Com tantas mudanças, o conceito desta app começa a aproximar-se do de qualquer rede social: mostrar conteúdos de que possamos gostar e conhecer pessoas. Contudo, o que diferencia o Tinder das redes sociais clássicas é o facto de o principal objetivo ser conhecer pessoas para fins românticos, validados por um match, ao passo que numa rede social comum não.
Posto isto, num mundo onde uma pandemia, fez das redes sociais os bares e os cafés de outrora, o Tinder poderá estar a tentar aproximar-se cada vez mais da geração Z, que há 9 anos não tinha idade para estar numa dating app, mas que hoje representa mais de 50% dos utilizadores da plataforma.
Amor sem amizades
2020 foi o ano de grande sucesso para a dating apps (Tinder incluído) e, para isso, contribuiu a pandemia e o fecho da maior parte dos espaços sociais durante largos períodos de tempo. Mas nem todas utilizaram a mesma estratégia. O Bumble criou o Bumble BFF, que ajuda a cultivar amizades, contudo o CEO do Tinder Jim Lanzone reforçou que a empresa não quer ser uma rede social para fazer amigos. O foco ainda é promover encontros românticos, mas de forma mais adaptada às gerações mais jovens. Lanzone fala na oportunidade de “conhecer melhor as pessoas antes de fazer match” e, principalmente, de o fazer antes de avançar para o encontro presencial, em tempos em que se exigem cuidados extra.
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