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TikTok-ificação do Instagram provoca êxodo para rivais

por The Next Big Idea | 4 de Agosto, 2022

Fotógrafos, designers e outros utilizadores ligados à criação de conteúdo estão à procura de alternativas ao Instagram em protesto com as mudanças recentes que colocaram o modelo de operação da rede social da Meta (ex-Facebook) muito parecido ao da rival TikTok.

Já reza a célebre frase (mal citada) de Darwin e que a personagem de Brad Pitt em “Moneyball” ajudou a encurtar: “adapta ou morre”. Foi isto que o Instagram fez – ou pensa que fez – ao aproximar o seu algoritmo da receita de sucesso que está a engordar o arqui-rival a cada dia que passa.

O Instagram é há muito um espaço transformado numa galeria pessoal para profissionais, por ser (era?) uma plataforma que os ajuda não só a encontrar uma audiência e a vender as suas criações, mas também porque os coloca “no mesmo espaço” com outros pares numa espécie de networking digital.

Portanto, quando são visados diretamente com a evolução gradual da plataforma da Meta, que colocou o Instagram a dar prioridade ao conteúdo de vídeo de curta duração selecionado por um algoritmo, é normal que a mudança não lhes caia muito bem. (Um passo que levou a que se começasse a interrogar se começa a ser altura de retirar o “social” das redes sociais.)

  • O foco agora já não está tanto na difusão de likes, mas sim na vertente de compra e na quantidade de conteúdo recomendado que aparece no ecrã dos utilizadores. 

  • Por outras palavras: como as coisas estão, e com esta nova mudança, de pouco vale colocar uma foto ou um designer tentar expor o seu trabalho aos seguidores, se aquilo que lhes cai no feed são vídeos sugeridos por um algoritmo.

Um artigo da Axios, que cita um fotógrafo e jornalista, elucida o que está em causa. O Instagram ganhou notoriedade e tornou-se num fenómeno mundial graças ao seu foco no “storytelling visual”. Porém, a atenção está agora direcionada para o “marketing, venda de produtos de qualidade inferior e serviços medíocres de influenciadores com menos profundidade do que uma folha de papel”. 

A posição oficial do Instagram? Admite fazer algumas alterações, mas já assinalou que a rede social, tal como era, já não vai voltar.

Assim, com este descontentamento, não admira que algumas plataformas semelhantes estejam a assistir a picos de atividade. É o caso da Glass (mais virada para fotógrafos) ou a Grainery (igualmente mais cingida a profissionais). Até a o velhinho Flickr, um pioneiro na partilha de fotografias digitais, está a ganhar mais ação. Assim como o Tumblr, plataforma outrora também ela amada por artistas.

Mas quer isto dizer que o êxodo do título deste artigo vai fazer uma grande mossa? Dificilmente. Em teoria, nenhum destes serviços é susceptível de atingir os cerca de mais de mil milhões de utilizadores do Instagram. Todavia, para muitos, esta pode mesmo ser uma solução e alternativa. Ao jeito do que acontece noutras áreas e mercados. Ao fazer parte de um nicho ou de um grupo mais restrito, que procura um conteúdo mais específico, acaba por ser mais fácil sobressair com menos audiência (que sabe o que procura) do que quando se está exposto numa grande montra de um gigante centro comercial digital.

Em suma, toda esta história não é mais do que um episódio da constante luta entre criadores de conteúdo e plataformas. É sabido que os primeiros dependem da audiência das grandes tecnológicas — o que os deixa à mercê dos caprichos do Instagram. Neste caso, o capricho (prioridade) passa por comer uma fatia (dinheiro) do bolo do rival, o TikTok, que está a engordar com os vídeos de curta duração. E, ao que parece, de momento e no futuro, há apenas duas saídas: ou se adapta e se abraça o vídeo.