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Sustentabilidade. Investidores procuram combinar impacto com oportunidades de investimento rentáveis

por Gabriel Lagoa | 5 de Junho, 2024

No Dia Mundial do Ambiente, estivemos à conversa com Nuno Brito Jorge, que identificou algumas tendências de desenvolvimento sustentável na sua plataforma de Crowdlending.

Grande parte dos investidores na área da sustentabilidade procura combinar impacto com oportunidades de investimento rentáveis. É uma das conclusões de um inquérito realizado recentemente pela GoParity, uma plataforma de Crowdlending, a mais de mil utilizadores.

A plataforma angaria dinheiro junto de investidores, que financiam projetos sustentáveis a troco de uma taxa de juro fixada no momento da angariação.

Ao The Next Big Idea, na semana em que se assinala o Dia Mundial do Ambiente, Nuno Brito Jorge, CEO da startup, acrescenta que entre os inquiridos “há um pequeno pico dos que preferem o lucro e outro pico, um pouco maior, dos que preferem o impacto do investimento, “mas a grande parte dos utilizadores da GoParity prefere a combinação entre os dois”. 

O responsável da plataforma voltada para o desenvolvimento sustentável indica que o principal fator de sucesso de um projeto continua a ser a taxa de juro. “Achávamos que o prazo de um projeto tinha também um peso muito determinante. E tem, mas se tivermos dois projetos a 5% ou 6%, um a 48 meses e outro a 12, este último vai financiar-se mais rápido”. 

Quais são as áreas da sustentabilidade com mais investimento?

Nuno Brito Jorge destaca que em Portugal, país com centenas de quilómetros de costa, a economia do mar tem elevado potencial para a GoParity. Entre os projetos, somam-se financiamentos à produção de algas, à criação de ostras, mexilhões e amêijoas. “Financiamos, por exemplo, a Oceano Fresco, que promove um cultivo sustentável de bivalves em mar aberto”. 

Além da economia do mar, o CEO da GoParity, destaca a energia solar e a agricultura regenerativa como duas áreas que também são alvo de maior investimento e, por conseguinte, a representar mais negócio para a plataforma. 

Temos visto muitos investimentos na área da agricultura regenerativa. Ou seja, não é apenas uma agricultura sustentável, mas é também a introdução de modelos de gestão agrícola que permitem combinar a recuperação dos terrenos e a qualidade dos solos”, explica Brito Jorge.

Apesar do elevado investimento nestas áreas, o responsável acrescenta que na Europa há uma concorrência muito grande no acesso a subsídios, dado que há cada vez mais projetos a serem desenvolvidos. “No caso da agricultura é geral, mas já financiamos projetos, por exemplo, no Quénia, Colômbia e Peru e no Equador”, afirma o CEO. 

A energia solar é mais utilizada?

É uma vista que, para Nuno Brito Jorge, não engana. Cada vez mais, os telhados dos edifícios ganham aquele tom escuro e brilhante, característico dos painéis solares. Assume que “já passou aquela fase em que as pessoas chegavam quase a desconfiar desta tecnologia, já todos sabem que a energia solar funciona e é rentável”. 

O modelo de negócio, no que a este tipo de energia diz respeito, é a “inovação em termos de modelo de negócio”, diz, “de repente, já podemos ter em casa energia solar e baterias sem ter de gastar um tostão, com modelos de partilha de poupanças, ou modelos de mensalidade fixa”. 

O futuro da sustentabilidade

Sobre os próximos passos da GoParity, Nuno Brito Jorge é rápido na resposta: “O nosso papel é muito claro. É o de fazer chegar dinheiro onde ele tem impacto”, garante, “é dar acesso ao financiamento de projetos que vão fazer as coisas bem, que usam a economia circular ou que querem utilizar a energia solar”. 

Já a nível nacional, o programa Sustentável 2030 vai permitir a Portugal investir mais de 3,1 mil milhões de euros de financiamento europeu (Fundo de Coesão) para enfrentar os desafios da transição energética e climática e cumprir o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050.

A sustentabilidade e a transição e adaptação climáticas, a mobilidade urbana sustentável e as redes de transporte ferroviário e infraestruturas portuárias são as grandes prioridades do programa.

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