Que tecnologias vão mudar 2021? O MIT apresentou as suas “apostas”
Num ano em que a nossa dependência da tecnologia nunca foi tão visível, é interessante observar que outras coisas poderão estar ao nosso alcance na forma como vivemos em sociedade e enfrentamos alguns dos principais problemas que nos são colocados. Da lista do MIT, decidimos destacar três:
What else? As vacinas mRNA
Muito se tem questionado a rapidez com que as vacinas para combater o coronavírus foram testadas e desenvolvidas. Por norma, o processo para que uma vacina chegue ao mercado e fique disponível ao grande público costuma ser mais demorado e a verdade é que, nove meses após a Organização Mundial de Saúde ter declarado estado de pandemia, várias começaram a ser aprovadas. Isto foi possível graças a uma tecnologia, a mRNA ou Messenger RNA que já estava a ser desenvolvida há 20 anos e que que viu no Covid-19 uma oportunidade (se é que se pode chamar isso) de ter uma aplicação prática.
Ao contrário da forma tradicional de produzir vacinas, que utiliza partes vivas ou não do vírus para treinar o nosso sistema imunitário a proteger-se, a tecnologia mRNA utiliza uma molécula intermediária que não faz mais do que passar cópias de genes entre células que depois são criadas para desenvolver proteínas. Ou seja, este tipo de vacina não transmite parte do vírus, mas sim cópias de genes do vírus que, quando adicionadas às nossas células, desenvolvem uma proteína que não nos deixa doentes, mas que é suficiente para criar uma resposta imunitária forte que, a partir daí, nos protege contra o Covid-19.
- Potencial gigante: Já estão a decorrer vários estudos para perceber se a mesma metodologia pode ser aplicada no tratamento a outras doenças infecciosas e mesmo a alguns cancros. Seriam ótimas notícias!
O Algoritmo do TikTok
Como assim aquelas danças esquisitas são o futuro da Humanidade? Não é bem por isso, mas sim pela forma como a plataforma chinesa veio revolucionar a chamada creator economy (economia criativa). Até ao aparecimento do TikTok, a maior parte das redes sociais tinham sido desenhadas para dar maior importância a conteúdos que, no ponto de partida, já tinham uma probabilidade maior de interessarem a um público maior. Isto criava desafios a novos criadores de conteúdos que tentavam ver os seus conteúdos tornarem-se virais numa liga que não privilegiava a sua descoberta.
Na secção “For You” do TikTok, já terá reparado que tanto aparecem vídeos com milhões de views como vídeos com poucas dezenas de interações: isto acontece porque o algoritmo dá a oportunidade para que qualquer conteúdo seja sempre visto por um pequeno nicho de utilizadores (com base nos seus interesses) e, posteriormente, é a resposta que dão que determina o sucesso de um conteúdo e a probabilidade de um criador ser descoberto. Por outro lado, o facto de a plataforma ser composta por vídeos curtos de 15 a 60 segundos, leva a que vários conteúdos possam ser consumidos num curto espaço de tempo e que o algoritmo possa aprender sobre interesses mais rapidamente.
Se o número de followers é um critério importante no ranking dos conteúdos? Sim, no entanto não é o que mais importa. É a proporção do vídeo que é vista que sinaliza ao algoritmo se o vídeo deve ser ou não mostrado a mais pessoas. Parece justo!
- Sem surpresa: para se tornarem mais amigas dos criadores, a maior parte das plataformas estão agora a adaptar o seu algoritmo para que possam recomendar conteúdos de uma forma mais parecida ao TikTok. Algumas criaram inclusive réplicas como o Reels do Instagram ou o Spotlight do Snapchat.
O preço da confiança
Nos últimos anos, têm-se acumulado os casos em que os nossos dados são utilizados de uma forma errada pelas principais empresas tecnológicas. Há anos que o Facebook garante que vai melhorar as suas políticas. Na semana passada, a Microsoft viu os seus servidores serem ciber-atacados, com milhares de contas a serem indevidamente acedidas. Também nessa semana, o Google tomou uma posição contra a utilização de cookies e a recolha de dados da atividade online dos seus utilizadores. O GDPR deu uma ajuda, mas tudo isto parece insuficiente na proteção da nossa privacidade, ainda muito dependente da paciência de cada um para ler as letras pequeninas dos “Termos & Condições” (que na maior parte das vezes é inexistente).
Uma solução para o futuro? Os data trusts. É uma alternativa que muitos governos estão a explorar e que consiste na criação de uma organização/plataforma online que gere os os nossos dados por nós, com incentivos para que o façam tendo em conta os nossos interesses e não do das empresas que os recolhem. Neste contexto, faz sentido utilizar o cliché “a união faz a força”, visto que, assim, uma empresa que utilizou dados de utilizadores de uma maneira ilegal já não lidaria com protestos individuais, mas sim com uma queixa coletiva de uma entidade legal responsável por gerir as informações de milhões de pessoas. Apostamos que algumas empresas pensariam duas vezes antes de se “portarem mal”.
- Alguns senãos: a estruturação deste data trusts e a definição dos seus poderes levantam obviamente muitas questões que terão de ser endereçadas para encontrar o melhor modelo possível. Mas é um tema do qual não vamos demorar muito tempo a ter novidades.
E as restantes tecnologias? Poderá ler na lista completa da MIT Technology Review e dizer-nos qual aquela que terá mais impacto na próxima década.
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