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Forall Phones. Aos 19 anos criou “um mercado que não existia” e acaba de o vender em ano de pandemia

por | 15 de Dezembro, 2020

Forall Phones. Aos 19 anos criou "um mercado que não existia" e acaba de o vender em ano de pandemia

A publicação no LinkedIn do criador da Forall Phones não deixa margem para dúvidas: a empresa foi vendida, depois de 5 anos a expandir-se. O negócio de venda de telemóveis em segunda mão, mais baratos, mas completamente funcionais, é agora de “um investidor português privado com ligações à China”, conta José Costa Rodrigues ao The Next Big Idea.

Sem relevar nomes ou os valores envolvidos no negócio, o jovem empreendedor afirma apenas que o comprador daquela que começou por ser uma pequena startup é “uma pessoa que está há mais de vinte anos ligada a telecomunicações e distribuição de produtos eletrónicos”. José Costa Rodrigues deixa ainda a garantia de que este é “um comprador estratégico” que pode trazer à marca “um futuro risonho e que vai preservar postos de trabalho”, já que a equipa se mantém. A Forall tem hoje cerca de 50 colaboradores.

Entre os avanços e recuos que uma venda destas implica, o primeiro passo não foi dado pela Forall Phones. Foi o investidor que veio bater à porta da empresa. O criador da marca disse ao The Next Big Idea que não pensou na venda, mas que “as empresas têm timings, a oportunidade apareceu, e o timing era bom para a venda se concluir”. Mesmo antes da pandemia, no início de março, a Forall Phones já se tinha sentado à mesa com uma gigante portuguesa cotada em bolsa. O negócio parecia sólido, mas “nas semanas seguintes estávamos todos em casa”, conta José Costa Rodrigues, referindo-se ao início do confinamento.

Oficialmente, a empresa foi lançada em 2015, quando José tinha 19 anos. Mas a história da Forall Phones começou em 2012, uma história interessante o suficiente para já ter sido tema de um episódio do The Next Big Idea. Foi em abril de 2018 que falámos pela primeira vez com este jovem empreendedor. Na altura, contou-nos que quando tinha 16 anos pediu aos pais um iPhone 4S, que custava mais de 500 euros. O pedido foi negado, mas a persistência fez com que José tivesse a ideia de comprar um telemóvel usado do mesmo modelo, que acabou por vender com lucro. Depois seguiram-se três anos a comprar e a vender telemóveis em segunda mão, a estabelecer contactos, e a fermentar a ideia de criar uma startup, e assim foi.

Hoje, aquele que nos tempos de escola ficou conhecido como “o Zé dos iPhones” olha para trás e expressa uma das suas “maiores alegrias: ter criado um mercado que não existia”. José Costa Rodrigues diz que no começo da empresa, “metade do trabalho de marketing” era filmar telemóveis novos e recondicionados (40% mais baratos) e perguntar aos clientes se conseguiam encontrar diferenças. “A funcionalidade era 100%, a garantia era igual, os acessórios eram iguais. A diferença é que ter um iPhone topo de gama já não custava uma barbaridade. Qual é o sentido de em 2015 um produto destes custar 600 euros e em 2020 custar mil? O preço está cada vez mais alto. Por isso é preciso democratizar este acesso à melhor tecnologia. E foi isso que nós fizemos”, acrescenta. Atualmente, a empresa já vendeu cerca de 20 milhões de euros em produtos e serviços.

Empreendedor por excelência, agora o foco de José “a 100%” é a sua nova startup: a Relive. O jovem de apenas 24 anos, que já foi responsável por dois negócios, acredita que a sua nova plataforma de imobiliária “tem um pontencial igual ou superior ao que a Forall Phones tinha há cinco anos”, num mercado que considera que “precisa de ser transformado”.

José Costa Rodrigues já visitou cerca de 30 países e estudou em 5 diferentes, entre os quais os Estados Unidos, na Universidade de Standford (na qual estudaram alguns dos maiores nomes da tecnologia de todo o mundo, como é o caso do fundador da Apple, Steve Jobs). O jovem estudou ainda negócios internacionais na China, país ao qual tem ligações o comprador da Forall Phones. Sobre esta ligação, José afirma que “no final do dia tudo tem uma razão”.

O miúdo de Ourém que jogava futebol no União de Leiria trouxe “o espírito e a garra” dos relvados. Hoje afirma que “seja uma bola de futebol, seja tirar boas notas para entrar na universidade, seja criar um negócio, o importante é nós termos um objetivo e sermos muito fiéis a esse objetivo”.