Voltar | Investimento

Financiamento simples e sem burocracias entre micro-empresas e investidores. A Raize diz que é possível

por | 6 de Abril, 2018

Financiamento simples e sem burocracias entre micro-empresas e investidores. A Raize diz que é possível

Há três anos, devido à crise, os bancos limitaram – em muito – o financimento às micro e médias empresas. A viver em Londres, José Maria Rego conversava no Skype com os amigos, onde discutiam o cenário que se sentia em Portugal e a possibilidade de existir, pela primeira vez, uma ligação direta entre as iniciativas empresariais e os investidores. Combinaram, entre todos, despedirem-se dos seus empregos e fazerem o “salto de fé” para aquilo que achavam que devia ser feito. É assim que surge a Raize, uma plataforma de investimento para micro empresas portuguesas.

Em Portugal, as micro-empresas representam cerca de 98-99% do tecido empresarial e 40% do emprego. Contudo, estas empresas, por serem mais recentes, têm maior dificuldade em obter financiamento. No melhor dos casos, segundo o fundador da Raize, José Maria, as empresas esperam cerca de dois meses para o obter. Na Raize, o empréstimo pode ser consumado em 2 ou 3 dias.

O processo de selecção das empresas é relativamente simples. A plataforma faz uma análise das empresas que solicitaram investimento e realiza um escrutínio para perceber quais é que mostram sinais de sucesso ou uma gestão financeira confortável. “Este escrutínio não é nada inferior ao que é feito pelos bancos, seguimo-nos pelos mesmos indicadores, e os investidores já confiam no nosso escrutínio”, assegura José Rego.

Hoje em dia, diz José, a Raize trabalha “com milhares de empresas nacionais” e com 17 mil investidores. Para se investir através da plataforma não existe um custo, é um processo completamente gratuito, e o investimento pode acontecer desde os 20 euros. “O objetivo é que qualquer português possa estar envolvido na dinâmica de investir diretamente no país, diretamente nas empresas que estão a criar emprego”.

Assim, a Raize oferece dois tipos de empréstimos às empresas: os empréstimos de tesouraria e investimento, em que as empresas recebem dinheiro e depois pagam prestações mensais aos investidores, como se se tratasse de um empréstimo à habitação. A outra tipologia de investimento são os adiantamentos de faturas, isto é, é comum um cliente poder pagar com um atraso de 90 a 120 dias, contudo, se a empresa precisar do dinheiro no imediato, a plataforma adianta este valor.

Por norma, as empresas ligadas à Raize recebem investimentos entre 25 e 50 mil euros. Este investimento, segundo José, tem várias vantagens: “Nós somos diferentes de todos os agentes que estão neste mercado, fazemos tudo de forma mais simples, com menos burocracia, e com um custo competitivo que seja bom para as empresas e para os investidores”.

__Duas bandeiras: transparência e diversidade

Um dos princípios da Raize é a transparência da ligação entre os investidores e as empresas. “Os investidores sabem sempre qual a empresa em que estão a investir”, garante José. Além da transparência, também a diversidade de investimentos é extremamente importante. “Olhamos para as razões que levaram os investidores a perder dinheiro e percebemos que aconteceu por colocarem os ovos todos no mesmo cesto”, acrescenta. Para contornar esta situação, a Raize encaminha os investidores para a diversificação do investimento, o que permite que um caso de insucesso não contamine o investimento total. Nesta plataforma, uma pessoa pode investir em mais de 300 empresas portuguesas. “Nem na bolsa de valores de Lisboa é possível fazer isto”, diz José.

Ainda que esta empresa não seja um banco, acaba por concorrer com a atividade bancária. Os investidores, associados à Raize, recebem naturalmente os juros dos investimentos que foram feitos. “A diferença entre a Raize e dos bancos é que os investidores têm o capital garantido do fundo de garantia de depósito mas recebem uma remuneração mais baixa. Na Raize têm acesso a uma remuneração mais elevada, os investidores recebem diretamente os juros da empresa, a remuneração das empresas, e isto faz com que tenham acesso a um conjunto mais alargado de benefícios”.

Estes três anos de projeto foram, para José, uma “completa viagem” que foi alterar, de forma total, a sua vida. Ainda assim, há coisas que continuam inalteradas desde o primeiro dia, nomeadamente o objetivo que fez nascer a aventura. “Queremos tornar a Raize na maior plataforma de investimento nas micro-empresas portuguesas”.

Sobre a Raize veja também episódio exibido na SIC Notícias.