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Startup portuguesa Maven Pet garante 4,42 milhões de dólares em nova ronda de investimento

por Gabriel Lagoa | 5 de Setembro, 2024

O financiamento permitirá à empresa sediada no Porto continuar a desenvolver o seu produto, reforçar a equipa e consolidar a presença no mercado norte-americano.

A Maven Pet, uma startup portuguesa dedicada à saúde animal, anunciou esta quinta-feira que captou 4,42 milhões de dólares numa nova ronda de investimento liderada pela Touro Capital Partners. A empresa, fundada por quatro portugueses, vai utilizar este financiamento para continuar o desenvolvimento do AI-Vet, uma plataforma baseada em Inteligência Artificial (IA) que possibilita a deteção precoce de problemas de saúde em animais de estimação.

Fundada em 2021 por Guilherme Coelho, David Barroso, Paulo Fonseca e Virgílio Bento (CEO do unicórnio Sword Health), a Maven Pet fecha assim a sua terceira ronda de investimento que contou ainda com a participação da BlueCrow, Mustard Seed Maze, Iberis e Armilar.

O CEO da startup, Guilherme Coelho, afirma em comunicado que “a Maven Pet tem sido pioneira em desenvolver soluções tecnológicas que facilitam a medicina preventiva para animais de estimação. Este investimento vai reforçar a nossa posição no mercado americano e o desenvolvimento de um produto único e de grande impacto, que já melhorou a saúde de centenas de cães e gatos”. 

Quanto a Miguel Vodrazka de Miranda, Partner da Touro Capital Partners, acrescenta que “lideramos esta ronda pois trata-se de uma oferta diferenciadora com uma solução preventiva e pró-ativa num mercado de grande dimensão e em forte crescimento. É mais um excelente exemplo de uma empresa, de génese portuguesa, que inova e lidera o caminho mesmo nos mercados mais exigentes a nível mundial”. 

O que é o AI-Vet?

O AI-Vet é um sistema que monitoriza a saúde dos animais de estimação com recurso à Inteligência Artificial e é apresentado como “o primeiro” do género no mercado global. Na prática, esta tecnologia permite aos veterinários atuarem mais cedo e aos donos o acompanhamento contínuo do estado de saúde e bem-estar dos seus animais de estimação.

Ao The Next Big Idea, Guilherme Coelho explica que a IA analisa dados que são recolhidos em tempo real por um sensor colocado na coleira do animal, assim como o seu historial clínico prévio e feedback do utilizador recolhido através de uma aplicação móvel. Esta abordagem permite não só a monitorização precisa dos padrões de atividade, sono e comportamentos dos cães e gatos, mas também outros indicadores como a frequência respiratória.

O CEO conta que os fundadores da Maven Pet já tinham experiência no setor animal e que perceberam que “havia um espaço na indústria veterinária para ser preenchido através do desenvolvimento da tecnologia”. Além disso, acrescenta, todos tiveram momentos no passado em que só se aperceberam que algo não estava certo com o bem-estar dos seus animais de estimação quando já era demasiado tarde. O caso de Guilherme leva-nos a 2019. “A doença articular do meu cão Tommy, sénior e de raça grande, só foi identificada quando ele já não se conseguia levantar sozinho. Nessa altura, a solução da Maven não existia, mas hoje, os casos como o do Tommy são possíveis de ser identificados precocemente, permitindo intervenções rápidas que prolongam o bem-estar dos animais”, conta. 

Guilherme Coelho detalha que o AI-Vet provou ser eficaz em situações em que foi detetada, por exemplo, “uma flutuação na frequência respiratória de um animal que já tinha um sopro no coração”. Além dos casos de problemas cardíacos e respiratórios, o responsável acrescenta que o sistema também demonstra eficácia na deteção de questões dermatológicas, gastrointestinais, músculo-esqueléticas e urológicas. A ferramenta revela-se igualmente útil no acompanhamento pós-cirúrgico dos animais. 

Como funciona a ponte com os veterinários?

“Nós fazemos parcerias com os veterinários para que possam oferecer a nossa solução aos seus clientes. O que acontece é que quando existe um alerta, quando o nosso sistema faz flag de um desvio de saúde que é relevante para um determinado perfil clínico, temos uma equipa que entra em contacto com o dono e, com o seu consentimento, tenta marcar uma consulta com o veterinário o mais rapidamente possível”, explica o CEO.  

Guilherme Coelho acrescenta que “já temos 500 animais, ou pacientes, no nosso sistema, tanto no intuito clínico, como no ambiente de academia. Há várias universidades a usar a nossa solução, num ambiente de research, e temos parceiros que querem testar novos fármacos e que usam o nosso sistema para perceber a eficácia desses tratamentos em animais”. 

No que diz respeito aos desafios, o responsável reconhece que a adoção do AI-Vet enfrenta algum ceticismo. Para o combater, a empresa aposta em estudos clínicos, parcerias, certificações relevantes e reconhecidas na indústria e presenças em feiras. Ainda assim, a startup assegura que “não há ninguém que não perceba o benefício desta solução” e que, uma vez que os veterinários veem a mais-valia do sistema, “a adoção torna-se muito mais rápida e fluida”.

A expansão para novos mercados

A Maven Pet acredita que o elevado nível de detalhe que a sua solução fornece quanto ao bem-estar dos animais de estimação é o grande fator de diferenciação, para não falar na integração direta do AI-Vet com os sistemas das clínicas veterinárias. “Através das integrações com os softwares que as equipas clínicas usam, conseguimos recolher informações que vão desde as notas médicas aos planos de tratamento e isso nenhum outro player o faz no mercado. A Maven posiciona-se cada vez mais como um dispositivo médico”, garante o CEO.

A startup tem estado focada no território norte-americano e prepara agora a entrada no mercado nacional, encontrando-se já a estabelecer novas parcerias com clínicas e veterinários especialistas.

A Maven Pet conta atualmente com 17 colaboradores em Portugal. Com o novo financiamento, a empresa planeia reforçar a equipa com uma ou duas contratações, estando à procura de talento tanto em Portugal como nos Estados Unidos.

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