Startup norte-americana levanta 40 milhões de dólares para minerar asteroides
por Gabriel Lagoa | 27 de Agosto, 2024
A AstroForge vai usar o valor angariado para desenvolver uma nave espacial, com vista a pousar num asteroide e avaliar os seus recursos naturais.
A questão sobre se há vida fora da Terra não tem ainda uma resposta clara, mas já há mais certezas se falarmos de asteroides como uma fonte rentável de recursos. Há uma startup que tem estado a desenvolver vários projetos com vista explorar o potencial destes corpos celestes na obtenção de ferro e níquel, dois minérios que nas próximas décadas poderão ser cada vez mais escassos para as necessidades do dia a dia. Entre benefícios ambientais para o planeta e a rápida evolução de tecnologias, os defensores da ideia argumentam que, ao minerar um asteroide, o céu parece mesmo ser o limite.
É neste contexto que a AstroForge, uma startup norte-americana que planeia minerar asteroides, levantou 40 milhões de dólares numa ronda de investimento série A, liderada pela capital de risco Nova Threshold. O anúncio foi feito pela empresa na semana passada, num comunicado em que acrescenta que este investimento servirá para suportar os custos com o desenvolvimento e lançamento de um veículo espacial que irá pousar num asteroide em 2025. O projeto faz parte do plano da startup para extrair metais preciosos de asteroides, como uma alternativa aos recursos finitos do nosso planeta. Com esta ronda, a startup eleva para 55 milhões de dólares o valor total angariado.
Para lá chegar, a AstroForge está a preparar duas missões: Odin e Vestri. Esta última, que envolve uma nave espacial de 200 kg (não tripulada), irá acoplar-se a um asteroide próximo da Terra em 2025. Depois do contacto inicial, o aparelho irá fazer uma avaliação dos metais presentes no corpo celeste, de forma a perceber a quantidade e a qualidade dos recursos. “Se for bem-sucedida, esta missão será a primeira missão privada a pousar noutro corpo fora do nosso sistema Terra-Lua e aproximar-nos-á da realização da nossa missão de tornar os recursos extraterrestres acessíveis a toda a humanidade”, adianta a startup em comunicado.
Esta não é a primeira missão da empresa. No ano passado, a AstroForge lançou para o espaço um aparelho num voo realizado com a SpaceX, mas um problema impediu que a empresa conseguisse transmitir os comandos necessários para demonstrar a sua tecnologia. A startup também enfrentou problemas ao preparar uma segunda missão, a Odin, e está agora agendada para o quarto trimestre deste ano. De acordo com a revista MINING.COM, a nave pode tornar-se na primeira missão privada a sobrevoar um corpo no Sistema Solar além da Lua, capturando imagens e outros dados. Há uma terceira tentativa planeada para 2025, com o lançamento do Vestri. Se tudo correr como planeado, a AstroForge planeia realizar uma quarta missão, desta vez para extrair e refinar os minerais do asteroide antes de regressar à Terra.
“O horizonte parece brilhante, e se formos bem-sucedidos, isto será um grande salto em frente à medida que trabalhamos para estabelecer uma nova e inexplorada cadeia de abastecimento de matérias-primas para a Terra”, afirma a empresa.
Uma nova space race?
A AstroForge a não é a primeira a tentar fazer negócios no espaço e caminha por onde outras empresas já tropeçaram. No início da década passada, a Planetary Resources e a Deep Space surgiram com o mesmo propósito e, como conta a Forbes, as atraíram coletivamente mais de 60 milhões de dólares em capital de risco, mas acabaram por fechar portas. Em declarações à revista, os fundadores da AstroForge asseguram que estão cientes das histórias e dizem ter tido muitas conversas com antigos funcionários dessas empresas para aprender com as suas experiências.
Os executivos afirmam ainda que, atualmente, a SpaceX e outras empresas reduziram radicalmente os custos associados à exploração do espaço e dão o exemplo de que há uma década, uma missão rumo ao deep space teria exigido a reserva de um foguetão a um custo de centenas de milhões de dólares. Hoje em dia o cenário é bem diferente, com montantes drasticamente menores.
Quanto à concorrência, a AstroForge compete ainda com empresas como a Origin Space, que até já construiu um robô para remover lixo do espaço, e a Asteroid Mining Corporation, que está a criar robôs para minerar asteroides no espaço e trazer os materiais para a Terra. A empresa também planeia lançar um telescópio em 2025 para procurar locais ricos em metais preciosos, bem como água nos asteroides. Certo é que, de acordo com a Spherical Insights & Consulting, o mercado para a mineração de asteroides está avaliado em 1,82 mil milhões de dólares e espera-se que chegue aos 8,40 mil milhões em 2033. Segundo a MINING.COM, existem cerca de 9 mil asteroides com mais de 36 metros de diâmetro a orbitar perto da Terra, que contêm ferro, níquel e outros metais preciosos.
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