Sete negócios que não se recomendam
No início dos anos 2000, a AOL e a Yahoo eram duas das empresas mais valiosas do mundo: a primeira chegou a valer +200 mil milhões de dólares, enquanto a segunda ultrapassou os 125 mil milhões. Mas não envelheceram bem.
Na semana passada, a Verizon vendeu estas mesmas empresas por 5 mil milhões de dólares ao fundo Apollo Global Management, depois de as ter comprado por 9 mil milhões de dólares (no total) em 2015 e 2017, respetivamente. As aquisições fizeram parte de uma estratégia da gigante das telecomunicações americana de ter uma divisão de media focada em conteúdo e rentabilização de publicidade online, que acabou por não ser bem-sucedida. As perdas acumuladas pela Verizon, em adição aos investimentos que fez para reavivar essas empresas, entram certamente para o top de negócios mais mal sucedidos da história. Fomos olhar para outros famosos penáltis falhados no mundo dos negócios.
News Corp compra MySpace
Em 2005, a News Corp, um dos maiores grupos de informação do mundo, comprou a rede social MySpace por 580 milhões de dólares. O Facebook tinha apenas 1 ano e o espaço social online era controlado pela plataforma, que contava com milhões de utilizadores. Por isso, o negócio até fazia algum sentido. No entanto, seis anos mais tarde, a rede social de Mark Zuckerberg já tinha 10 vezes mais utilizadores do que o seu rival. Sem surpresa, o MySpace foi vendido, em 2011, por… 35 milhões de dólares. Hoje, é só uma memória da internet.
eBay compra o Skype
Em 2005, o eBay teve uma ideia que, atualmente, faria todo sentido: comprar uma plataforma de videochamadas, o Skype, na qual pudesse ligar cara-a-cara vendedores e clientes através da sua plataforma de ecommerce. O problema é que, há 16 anos, os utilizadores do eBay não sentiram necessidade de utilizar a aplicação para nada e os 2.6 mil milhões de dólares gastos no Skype acabam por ser apenas uma solução à frente do seu tempo. Em 2009, o eBay vendeu 65% do Skype por 1.9 mil milhões de dólares a um grupo de venture capital, quando percebeu que não conseguiria concretizar a sua visão. O negócio não deu prejuízo, mas está nesta lista pelo potencial que não foi aproveitado.
Microsoft compra a Nokia
Será boa ideia comprar uma empresa de telemóveis que já quase ninguém usa? A maior parte de nós diria que não, contudo, em 2014, a Microsoft gastou cerca de 8 mil milhões de dólares a comprar a Nokia, na esperança de desenvolver uma gama que pudesse competir com os smartphones da Apple e a Samsung, que estavam progressivamente a conquistar o mundo. Se hoje continua sem ter um Nokia no bolso, é sinal de que esta não foi a melhor decisão de sempre. Um ano depois de comprar a empresa finlandesa, a Microsoft foi aos seus livros contabilísticos e fez um write-down de 7.6 mil milhões de dólares. O que é que isto significa? Essencialmente, foi obrigada a reconhecer que a Nokia já tinha praticamente perdido o valor pelo qual a tinha comprado e, ao contrário de nós, não podia apenas guardá-la numa gaveta.
HP compra a Autonomy
Em 2011, a Hewlett & Packard (HP) achou que fazia sentido adquirir por 11 mil milhões de dólares uma empresa europeia de data analytics, a Autonomy. Como é que uma capacidade analítica superior ajudou a empresa americana a vender mais computadores e outros tipos de hardware? Não ajudou propriamente. Os resultados mostram que a HP nunca conseguiu integrar a Autonomy na sua estratégia global e, cinco anos depois de a ter comprado, foi obrigada a fazer o mesmo que a Microsoft: admitir que aquilo que tinha adquirido agora valia significativamente menos. Mais precisamente 9 mil milhões de dólares a menos.
Google compra a Motorola
Houve uma altura em que a Motorola tinha dos telemóveis mais requisitados no mundo inteiro. Mas essa não foi a altura em que a Google comprou a empresa. Em 2011, a Google gastou 12.5 mil milhões de dólares a comprar a marca. No entanto, passados dois anos vendeu-a por apenas 2.9 mil milhões de dólares à Lenovo, o que poderia ser visto como um falhanço gigante. Mas depende da perspetiva. As patentes da Motorola ficaram com a Google e permitiram que esta desenvolvesse o seu sistema operativo Android, hoje, presente na maior parte dos smartphones não-iPhone. Talvez tenha sido um fracasso que valeu a pena.
Bank of America compra Countrywide
Uma das instituições financeiras de maior reputação nos EUA achou que era boa ideia, em 2008, nas vésperas da crise financeira mundial desencadeada pelo subprime, comprar o maior financiador de crédito para hipotecas nos EUA. O resultado? Uma compra de 2.5 mil milhões de dólares, transformou-se numa perda superior a 40 mil milhões de dólares nos anos seguintes. Mais um exemplo de que nas aquisições e nas relações amorosas o princípio é o mesmo: o timing é tudo.
AOL e Time Warner juntam-se
É poético terminar esta rubrica com duas das empresas que a iniciaram. Em 2000, no pináculo da era das dotcom, a AOL e a Time Warner juntaram-se num mega negócio avaliado em 165 mil milhões de dólares, que iria revolucionar a indústria de media e do entretenimento. Acabou por ser um completo fiasco e, 15 anos mais tarde, a Verizon compraria a AOL por apenas 4.4 mil milhões de dólares, numa desvalorização superior a 100 mil milhões de dólares. É a lição de que nenhuma empresa fica no topo para sempre, mesmo quando foi a pioneira num determinado setor.
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