Samsung reforça aposta em IA com os seus novos smartphones e um anel inteligente

A disputa pelo dominío no mercado de hardware continua mais acesa do que nunca, o evento Unpacked da Samsung, o segundo da marca sul-coreana este ano, é uma resposta direta a alguns dos anúncios feito pela sua principal rival, a Apple.

Numa altura em que qualquer tema de conversa por toda a indústria tecnológica gira à volta de inteligência artificial, as duas empresas tem sofrido pressões para acompanhar as tendências e também elas apostarem nestas integrações através dos dispositivos e equipamentos que desenvolvem. No caso particular da Samsung, o evento decorreu numa semana em que também está a lidar com outro tipo de pressões: reinvidicações dos seus trabalhadores. Um sindicato que representa dezenas de milhares de pessoas ligadas à gigante sul-coreana anunciou esta quarta-feira que vai prolongar “por tempo indeterminado” uma greve de três dias para forçar a administração a negociar melhores condições de trabalho. Como consequência, mais de cinco mil funcionários pararam de trabalhar desde segunda-feira. 

Estes protestos acontecem no seguimento da apresentação de resultados da empresa no último trimestre, que foram bastante animadores e que levaram a que as ações da Samsung atingissem o valor mais alto dos últimos três anos. Os lucros cresceram em dez vezes face ao mesmo período de 2023 e as receitas aumentaram cerca de 13% para 48 mil milhões de euros, devido a uma recuperação nos mercados de chips de computador e uma subida nas vendas do smartphone Galaxy S24. 

Este dois fatores estiveram em evidência na estratégia apresentada no Galaxy Unpacked desta semana, em que a Samsung não só revelou atualizações para as linhas de produtos já estabelecidas, mas também se aventurou num novo segmento de mercado em rápido crescimento: os anéis inteligentes.

Galaxy Ring. A estreia da Samsung nos anéis inteligentes

A ideia de monitorizarmos a nossa atividade física através de um relógio inteligente já está bem assente nos dias que correm, mas, quando se fala em anéis inteligentes, o conceito ainda é novidade para alguns. Este acessório tem vindo a ganhar popularidade à medida que a tecnologia melhora e ocupa cada vez menos espaço. Além disso, um smart ring assume-se como uma alternativa elegante e mais discreta para quem procura monitorizar a sua atividade e não quer usar um smartwatch. 

Em janeiro deste ano, a Samsung já tinha anunciado que planeava a entrada no mercado dos anéis inteligentes com o Galaxy Ring, mas não partilhou muitos detalhes sobre o dispositivo. O que se sabia era que seria um acessório orientado para a inovação em saúde, posicionado para rivalizar com o já consolidado Oura Ring, da Oura, uma das empresas líderes neste mercado. De acordo com um estudo da Maia Research, uma empresa especializada em investigação de mercado e consultoria, prevê-se que o mercado global deste tipo de acessório atinja os 880,0 milhões de dólares até 2027. Agora, com a oficialização do Galaxy Ring, a Samsung também quer ser um dos big players quando se fala em smart rings. 

A tecnológica sul-coreana apresentou em Paris um anel de titânio que vai estar disponível em várias cores. O Galaxy Ring incorpora também três sensores, capazes de medir várias métricas de saúde, como os padrões de sono, níveis de atividade física e a frequência cardíaca. O acessório pode ser integrado no ecossistema Samsung e depois sincroniza-se continuamente com a aplicação Samsung Health, utilizando algoritmos de Inteligência Artificial para processar os dados recolhidos. Na prática isto permite que o anel forneça aos utilizadores informações de saúde personalizadas, transformando dados brutos em insights práticos sobre o bem-estar geral do utilizador.

Um dos pontos fortes do Galaxy Ring parece ser a autonomia, que o coloca a par do produto da Oura. A Samsung afirma que os tamanhos maiores do dispositivo podem funcionar até sete dias com uma única carga, já os menores deverão chegar até aos seis dias. E por falar em tamanho, o anel inteligente estará disponível em nove versões. 

Contrariamente a alguns concorrentes no mercado, a Samsung anunciou ainda que não vai exigir uma subscrição para aceder às funcionalidades mais avançadas do seu anel inteligente. O preço do Galaxy Ring fixa-se nos 399 dólares e, para já, ainda não se sabe quando chegará a Portugal e a que preço.

Dobráveis da Samsung com forte aposta na Inteligência Artificial

Como já é tradição, a Samsung reserva o segundo Galaxy Unpacked do ano para dar a conhecer as novidades nos dobráveis da marca. E, em 2024, não seria de esperar outra coisa senão um lançamento fortemente apoiado na Inteligência Artificial. Quem assistiu ao anúncio da linha Galaxy S24, no início do ano, nota que muitas das funcionalidades de IA introduzidas na linha S24 estão presentes no Z Fold6 e no Z Flip6. Fica, por isso, a promessa da experiência Galaxy AI, mas num novo formato dobrável e com mais ecrã.

Uma das novidades desta quarta-feira está no Interpreter, que agora inclui um modo de conversação. O que é que isto significa? Imagine que está a falar com alguém que não fala a mesma língua e está num impasse; com este novo modo de conversação ambas as partes podem ver as traduções no ecrã principal e no de capa, o que facilita toda a conversa e faz com que as interações sejam mais naturais. A funcionalidade funciona tanto para o Galaxy Fold como para o Galaxy Flip e já tinha sido introduzida pela Google no rival Pixel Fold, no ano passado.  

A marca revelou também extensão do Live Translate, que traduz chamadas telefónicas em tempo real, para outras aplicações, como o WhatsApp e Telegram. A ideia é proporcionar uma comunicação mais fluida e sem barreiras linguísticas em diversas plataformas. 

Tal como a linha S24, os dobráveis da Samsung também chegam com uma integração do chatbot Gemini, da Google (também a Apple seguiu o exemplo e anunciou em junho que o chatbot ChatGPT, da OpenAI, iria integrar os produtos da marca, fazendo com que sejam mais inteligentes e mais capazes de determinar a intenção do utilizador e de decifrar informações mais complicadas). 

Para os utilizadores que tiram notas com frequência, outra novidade diz respeito ao Samsung Notes, que agora inclui o Note Assist e oferece tradução, resumos e formatação automática para as anotações. A marca promete que o suporte para português de Portugal chega até ao final do ano. 

No Galaxy Z Flip6, o Galaxy AI alimenta funcionalidades como o auto zoom na FlexCam, que deteta automaticamente a pessoa e ajusta o zoom para a melhor composição. Estes novos dispositivos já estão em pré-venda e estarão disponíveis a partir de 24 de julho. O Galaxy Z Flip6 terá um preço inicial de 1.249,80 euros, enquanto o Galaxy Z Fold 6 estará disponível a partir dos 2.069,90 euros

Auriculares também ajudam na tradução

No evento desta quarta-feira, a Samsung também apresentou dois novos modelos de auriculares: os Galaxy Buds3 e os Galaxy Buds3 Pro, também eles capazes de auxiliar nas traduções em tempo real com a funcionalidade de intérprete no modo Listening. Isto permite, por exemplo que os utilizadores acompanhem palestras noutro idioma ao mesmo tempo que o telemóvel envia a tradução para os auriculares. Outra novidade passa pelo cancelamento de ruído, que é capaz de passar para o modo transparência quando o utilizador está a ter uma conversa (e até consegue detetar sirenes para melhorar a segurança de quem usa estes auriculares).

Os Galaxy Buds3 vão estar à venda por 179,90 euros e a versão Pro vai custar 259,90 euros.

Samsung acusada de copiar a Apple

Nas redes sociais, têm surgido reações ao Samsung Unpacked e à alegada falta de inovação por parte da maior fabricante do mundo de telemóveis Android. Em causa estão semelhanças entre os Galaxy Buds3 Pro/Galaxy Buds3 e os Apple Airpods. As críticas estendem-se ainda ao Galaxy Watch Ultra, o novo smartwatch topo de gama que foi apresentado na quarta-feira e que, curiosamente, partilha parte do nome e do aspeto com o produto da marca da maçã: o Apple Watch Ultra.

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— Apple Hub (@theapplehub) July 10, 2024

De acordo com o Business Insider, as semelhanças não são ao acaso; a Samsung estará mesmo a piscar o olho aos clientes que usam o sistema Android e que gostam do aspeto do Apple Watch Ultra. A página justifica ainda que os smartwatches da Apple não funcionam tão bem com o Android, o que poderá ser um ponto a favor na hora de escolher entre um dispositivo da Samsung ou da Apple. 

Ao Business Insider, a tecnológica sul-coreana afirma que as escolhas de design para o seu novo smartwatch foram “feitas para garantir conforto, usabilidade e durabilidade numa variedade de casos de utilização”. Apesar do esclarecimento, a marca não refere o porquê da escolha do nome “Ultra” para o novo relógio inteligente. 

Também os novos auriculares da Samsung estão a ser alvo de críticas. Este ano, a atualização dos Galaxy Buds mostra um design que se diferencia dos anteriores e que aparenta ser mais próximo aos Apple Airpods. À página norte-americana, a empresa justifica as semelhanças com dados estatísticos que recolheu para garantir o ajuste mais confortável para a maior base de utilizadores possível.

Reveja o evento aqui

Artigo atualizado às 10:47 de segunda-feira, dia 15 de julho, com declarações da Samsung ao Business Insider.

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