Sam Altman, CEO da OpenAI, já lançou o seu ambicioso projeto cripto que quer promover o rendimento mínimo universal

O CEO da OpenAI [a criadora da ChatGPT], Sam Altman, anunciou esta segunda-feira, dia 24, que foi lançado o Worldcoin, um ambicioso e muito aguardado projeto cripto da Worldcoin Foundation, que nasce para permitir o acesso “universal à economia global através da construção do maior sistema de identificação e de utilidade pública financeira do mundo”.

Como está explicado no site da fundação, a “Worldcoin é um protocolo open-source criado para que todos tenham acesso à economia global” e “foi concebido para ser descentralizado, o que significa que, em última análise, a sua supervisão e tomada de decisões caberá à sua comunidade de utilizadores”.

Ou seja, a Worldcoin não é uma mera criptomoeada. Na verdade, é uma ferramenta assente em blockchain, que na essência é um 3 em 1:

• World ID – é a identidade digital do utilizador, que, segundo os criadores, é o cartão de cidadão e a prova da “humanidade” da pessoa;
• WLD – é a criptomoeada em si, o token — que vai ser distribuído globalmente e de forma gratuita, a todos os comprovadamente humanos;
• World App – A carteira/aplicação que vai permitir para fazer pagamentos, compras e transferências com o token Worldcoin, ativos digitais e moedas tradicionais.

Na prática: a intenção é que o “World ID” seja uma espécie de passaporte digital. No entanto, para obter este ativo, o utilizador vai ter que fazer o scan da sua íris através de um dispositivo biométrico conhecido como “orb” – na imagem de ilustração do artigo, à direita. Depois, o utilizador tem de fazer download da WorldApp, que é a carteira digital que permite desde esta segunda-feira receber o “Worldcoin token”, uma nova criptomoeda, que já é utilizada pelos utilizadores beta da aplicação.

Em suma: a identidade descentralizada e a rede financeira do protocolo Worldcoin foram concebidas para desbloquear e distribuir de forma equitativa “as implicações económicas potencialmente maciças da IA”. Se for bem-sucedido, o projeto poderá aumentar drasticamente as oportunidades económicas, expandir uma abordagem fiável para distinguir os humanos da IA online – preservando a privacidade -, permitindo processos democráticos globais e, eventualmente, fornecendo um caminho potencial para o rendimento básico universal (RBU) financiado pela IA.

Worldcoin: há três anos em desenvolvimento

Fundada em 2020 por Sam Altman, Alex Blania e Max Novendstern, a Worldcoin nasceu envolta em ambição e já em 2021 a CNBC escrevia que Altman queria “fazer um scan aos nossos olhos em troca de criptomoedas grátis”.

A ambição era clara, mas o que era claro também era que nem todos estavam de acordo com o conceito. Pessoas de países em desenvolvimento a dar os seus dados biométricos a troco de criptomoedas? Seguiram-se críticas divergentes, incluindo até de Edward Snowden, que na altura não era o mais otimista. Todavia, mesmo assim, a startup chamou a atenção de investidores de renome, como Andreessen Horowitz (a16z) e Reid Hoffman (o co-fundador do LinkedIn).

Volvidos três anos, o produto foi oficialmente lançado.

Num comunicado partilhado nas redes sociais e no site da aplicação, Sam Altman e Alex Blania explicaram que há mais de três anos tinham fundado a Worldcoin com a ambição de “criar uma nova identidade e uma rede financeira que pertença a todos”. E, se tudo correr como desejam e esperam, a Worldcoin pode vir a “aumentar drasticamente as oportunidades económicas e criar uma solução confiável para distinguir seres humanos da inteligência artificial (IA) preservando, ao mesmo tempo, a confidencialidade dos dados”, pode ler-se.

“Através da sua tecnologia única, a Worldcoin tem como objetivo proporcionar a qualquer pessoa no mundo, independentemente da origem, geografia ou rendimento, o acesso à crescente economia digital e global de uma forma descentralizada e que preserve a privacidade. Estes objetivos ao nível do protocolo alinham-se estreitamente com os nossos para a World App”, conclui depois o co-fundador do projeto Worldcoin e CEO da TFH, Alex Blania, em Berlim, Alemanha, citado em comunicado.

Como funciona

Para começar, basta descarregar a World App e aceder a esta carteira digital ligada à Worldcoin. Esta vai funcionar como as outras exchange do mercado, pois vai permitir negociar outras moedas digitais e tradicionais como a Bitcoin ou Ethereum, incluindo stablecoins.

• A World App é operada pela Tools for Humanity, parceira do ecossistema Worldcoin, que é uma empresa criada para acelerar a transição para um sistema mais justo e económico. E ainda que tenha feito parte do desenvolvimento inicial da Worldcoin e supervisione e opere a World App, esta não tem outra afiliação e é governada de forma totalmente independente da Worldcoin Foundation.

Nota: é possível utilizar a World App sem ter um World ID. Contudo, segundo informa o site oficial, para receber o token Worldcoin gratuito, é necessário obter o World ID. Este processo pode evoluir no futuro e incluir outros processos de verificação.

Segundo a Worldcoin Foundation, a Orb usa características biométricas da íris (olho) para estabelecer a humanidade única de um indivíduo, e cria uma identificação digital (World ID) que pode ser usada de forma anónima numa grande variedade de aplicações quotidianas, sem nunca revelar a identidade do utilizador.

“O objetivo da Worldcoin Foundation é, simultaneamente, filosófico e político: criar instituições de governação e da economia digital global mais inclusivas, justas e equitativas, nomeadamente ao ajudar a atingir determinadas metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16, das Nações Unidas (nomeadamente: 16.4, 16.5, 16.6, 16.7 e 16.9). Este objetivo é partilhado por todos aqueles que contribuem ou têm contacto regular com os projetos Worldcoin”, afirmou o Conselho de Administração da Fundação, citado em comunicado.

Os atores: quem é quem

Como já se explicou a Worldcoin é atualmente apoiada por duas entidades: a Worldcoin Foundation e a Tools for Humanity. E segundo a informação oficial disponível:

Worldcoin Foundation é uma organização sem fins lucrativos criada para apoiar e fazer crescer a comunidade Worldcoin até esta se tornar auto-suficiente. Fá-lo-á através de iniciativas como a criação e o apoio duma comunidade de programadores (através de grants que incentivem o desenvolvimento do protocolo) ou o estabelecimento de formas de participação da comunidade de utilizadores na gestão do protocolo.

Tools for Humanity (TFH) é uma empresa global de tecnologia estabelecida para acelerar a transição para um sistema mais justo e económico. Liderou o desenvolvimento inicial do protocolo Worldcoin e continua a construir ferramentas e a ajudar a apoiar o protocolo Worldcoin, para além de operar a World App. Ao longo do tempo, a TFH continuará a desenvolver ferramentas importantes para a Worldcoin e para outras iniciativas.