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Ricardo Marvão: “O dinheiro não me assusta”

por Miguel Magalhães (Texto) | 10 de Outubro, 2022

Ricardo Marvão e a Beta-i estiveram em destaque no episódio 2 da série especial “Únicos”, produzida pelo The Next Big Idea com o apoio da Google e da Shilling.

Há mais de 10 anos, um grupo de pessoas que não se conhecia juntou-se por causa de uma mesma ideia: lançar em Portugal uma aceleradora que ajudasse as startups a fazer crescer o seu projeto. Nasceu assim a Beta-i e Ricardo Marvão foi um dos fundadores.

A Beta i é, ela própria, uma história igual à de tantas startups: tinha uma boa ideia, uma boa equipa, num mercado promissor – mas faltava dinheiro para arrancar. Ricardo Marvão recorda que precisavam de 500 mil euros para fazer o que se propunham e em vários meses não havia mais que cinco mil euros na conta da organização.

É por isso que diz, com alguma propriedade, que o dinheiro não o assusta. “Há um filme do Danny de Vito que se chama OPM e o OPM é Other People’s Money. Ou seja, há dinheiro no mundo, é preciso é convencer quem o tem para a ideia que se quer fazer”.

prémio únicos by google, shilling e The next big idea

  • 50 mil euros atribuídos pela Shilling
  • 100 mil euros em serviços Google
  • 1 episódio Tv no The Next Big Idea

 

CONDIÇÕES AQUI

No caso da Beta i, depois de um primeiro ano em que estima ter realizado mais de mil reuniões, o OPM apareceu, como acredita que acontece quando as ideias são boas e não se desiste.

“Eu dizia sempre: vai demorar 10 anos a montar um ecossistema, mas vamos lá chegar”, recorda mais de uma década depois. Hoje Portugal tem já sete startups que valem mais de 1000 milhões de dólares e existem incubadoras e aceleradoras por todo o país.

Mas, em 2010, a história era outra.

A Beta-i decidiu seguir um modelo adotado por aceleradoras internacionais como a Seedcamp, a Y Combinator, a TechStars e 500 Startups que selecionam startups de elevado potencial e, durante um curto período de tempo, tipicamente não mais de seis meses, fazem um processo de imersão que visa – como o nome indica – acelerar o negócio, desde o desenvolvimento do primeiro produto (MVP, Minimum Viable Product) à abordagem ao mercado.

Um dos contatos que Ricardo Marvão fez foi com a Seedcamp, sediada em Londres, e que acabou por ter um papel decisivo ao referir que havia outro português com a mesma ideia. “E eu perguntei: quem é? É quando me envia um email a dizer que era o Pedro Rocha Vieira”.

Ricardo e Pedro não se conheciam, mas entenderam-se desde a primeira conversa e começaram desde esse primeiro dia. O caminho que tinham pela frente, num país que então atravessava uma profunda crise económica, foi tudo menos fácil. “A Beta i sofreu imenso, houve momentos em que não havia dinheiro. Em 2013, quando começámos a procurar financiamento, precisávamos de meio milhão de euros e tínhamos cinco mil euros na conta. Isto foi a Beta i durante vários anos”.

Deste período, e das muitas startups que já acompanhou, Ricardo Marvão tirou algumas conclusões sobre a forma de olhar para as dificuldades de fazer uma empresa ou um projeto do zero. “Nós acreditávamos imenso no que estávamos a fazer e quando é assim não se desiste, nem à primeira nem à décima quinta vez”, lembra. “Montar uma startup não é fácil, montar um negócio não é fácil”.

Ter ideias é importante mas não basta. É preciso ter capacidade e vontade de querer continuar sabendo que fazer uma empresa é uma espécie de maratona com muitos sprints pelo meio. 

Razão pela qual Ricardo Marvão aprendeu a dar valor a cinco premissas. “Dormir bem, comer saudável e fazer desporto, estas são básicas. As outras duas são fazer coisas que se adora e estar rodeado das pessoas que se ama. Das cinco, se fizermos quatro, estamos ok, se for só três, há qualquer coisa que está mal e vai resvalar”.

Ricardo Marvão foi o entrevistado desta semana da série especial “Únicos” do The Next Big Idea, um projeto realizado em parceria com a Google e a Shilling e que tem por missão democratizar o acesso à história e à estratégia das melhores startups portuguesas que se tornaram empresas globais na última década.

A partir de dezembro, vão poder aceder à masterclass com Ricardo Marvão em que o fundador da Beta i partilha o seu percurso e aprendizagem.

Veja o episódio completo