Ricardo Lima: “Criar uma startup é das coisas mais difíceis que se pode fazer”
por The Next Big Idea | 4 de Novembro, 2022
Quis ser engenheiro informático e piloto de aviões, mas a partir de certa altura decidiu que ia arrancar com uma startup. Agora, faz parte da equipa da Web Summit que todos os anos entrevista mais de 20 mil startups — o que lhe permite aprender com quem faz acontecer.
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Tentativa e erro é por definição trabalhar numa startup”. Esta é uma das primeiras respostas que Ricardo Lima nos dá sobre a montanha-russa que é trabalhar numa empresa recém-criada. “Em Portugal, é extremamente difícil admitir o erro, admitir o falhanço. A minha teoria é que temos medo da forma como as outras pessoas nos vão ver”.
No que lhe diz respeito, pode dizer-se que procurou essa zona de perigo que é a da tentar novas ideias – sabendo que a maioria falha. “Sou um falhado, porque isso significa que estou a experimentar coisas novas”, brinca. “Quanto mais as pessoas errarem, quanto mais tentarem coisas novas, menos tabu se vai tornar a questão do erro”, admite.
Em 2016, por alturas em que a Web Summit realizou o primeiro evento em Lisboa, Ricardo trabalhava numa startup e acabou por individualmente entrar na cimeira como voluntário. Lá, é referenciado e acaba a vestir a camisola da organização — onde ainda hoje permanece, agora como Head of Startups.
Considera ser uma posição privilegiada para aprender sobre como se fazem startups, uma vez que a função tem como foco “ir à caça das mais interessantes”. Um conceito que não passa apenas pelas mais promissoras em termos de crescimento, mas também por aquelas que trazem ideias de comunidades menos representadas ou lideradas por mulheres, ainda em minoria no ecossistema.
Nos últimos dois anos, as novas ideias foram reforçadamente essenciais para a equipa da Web Summit. “Há duas coisas que podem impedir eventos. Uma, é uma pandemia; a outra é vem aí um asteroide que nos destrói a todos”. Nesta premonição, a pandemia aconteceu, levando a que o evento se realizasse online em 2020 e com metade da capacidade em 2021 — tudo contingências que acabaram por abrir portas a novas áreas de negócio, como a do desenvolvimento de um software para gestão de eventos. “No meio das crises, no meio das catástrofes, há sempre oportunidades. Mesmo no mundo das startups, dizem que é nestas alturas que as melhores crescem.”
O que está longe de ser sinónimo de facilidade. Essa é uma ideia que Ricardo Lima rejeita liminarmente. “Para muita gente pode ser uma corrida ao El Dorado, mas criar uma startup é das coisas mais difíceis que se pode fazer na vida profissional, porque há muita rejeição”.
Sobre o podcast:
“It’s Ok To Not Be Ok” é uma série produzida em parceria pela MadreMedia e o LACS, onde se fala da saúde mental e do bem-estar no contexto da nossa vida profissional e do que as empresas podem fazer para promover formas que permitam vive e trabalhar melhor.