Programador vs Criativo. Quem está em melhores lençóis?
por Marta Amaral | 30 de Junho, 2025
Um dia típico de trabalho há cinco anos já é diferente daquele que conhecem hoje os que entram no mercado. Perante este cenário de mudança, estes profissionais vão ter de se reinventar.
Em profissões como a de criativo ou programador, há tarefas que passaram de essenciais a praticamente obsoletas, e algumas mudanças já são visíveis. Mas qual destas profissões estará em piores lençóis?
Ao longo deste episódio da série The Next Big Idea sobre inteligência artificial (IA) , falámos com João Almeida, CEO e fundador da Noxus — uma startup com ADN português que ajuda empresas a aumentar a produtividade com recurso à IA e com Francisco Teixeira, CEO da WPP – um dos maiores grupos de publicidade e comunicação do mundo.
Enquanto a Noxus apoia empresas na implementação de IA nas suas operações, a WPP recorre já a programas de inteligência artificial para ajudar os criativos no desempenho de algumas das suas funções.
São duas áreas que, à partida, podem estar seriamente ameaçadas por esta nova tecnologia, a menos que se adaptem à mudança.
“Os criativos vão continuar a ser muito relevantes e não vão desaparecer. O domínio da tecnologia vai ser absolutamente essencial em tudo o que fazemos. Alguém com uma base tecnológica mas uma mente fechada não vai sobreviver — o mesmo acontece com um criativo que acha que pode trabalhar de forma individual”, afirma Francisco Teixeira, CEO da WPP.
O que muda nestas profissões?
No caso dos programadores, o trabalho poderá tornar-se cada vez mais textual e semântico, enquanto o próprio código poderá deixar de ser central, ou até tornar-se obsoleto.
“A complexidade passa para outro parâmetro: não tanto a execução do código em si, mas o planeamento de um determinado software. Começámos com linguagens de programação muito complexas, evoluímos para linguagens mais simples, e acho que podemos caminhar para uma forma de comunicação entre humano e máquina cada vez mais textual e simplificada”, explica João Almeida, da Noxus.
Entre os criativos, a criatividade humana será cada vez mais valorizada, mas fazer a diferença poderá tornar-se um desafio ainda maior.
“A verdade é que não há máquina que não dependa de alguma curadoria, de alguma avaliação crítica da nossa parte. Hoje em dia, os criativos fazem uma análise profunda às marcas com que trabalham, compreendem o contexto da concorrência e têm uma visão estratégica do negócio dos clientes. Se as ideias não estiverem alinhadas com essas estratégias, tornam-se irrelevantes.”, alerta Francisco Teixeira.
As mudanças já visíveis
Estudos recentes demonstram que a inteligência artificial pode aumentar significativamente a produtividade das empresas: o mesmo número de horas de trabalho gera muito mais resultados.
Essa realidade, porém, levanta novas questões, como sublinha Levi França Machado, Head of Labour Law da PwC:
“Nos anos 70, 80 e 90, quem desenhava storyboards recebia salários que hoje seriam impensáveis para essa função, muito superiores. Se calhar, a tendência vai ser essa: consigo entregar mais volume, mas vou ganhar menos por cada produto que entrego”, antecipa.
Se quiserem saber mais sobre o futuro do trabalho e as novas tendências de contratação numa era em que a IA está a ocupar lugares no escritório, vejam o novo episódio disponível aqui.
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