Pôr as plantações a “falar” com os agricultores? É Stoock
Não há quem melhor conheça uma plantação que o seu agricultor, mas nem a experiência evita surpresas (algumas menos agradáveis que outras). Bruno Fonseca quer pôr a tecnologia ao serviço destes homens e mulheres. Como? Colocando as plantações a “falar” com quem cuida delas. “Estava a fazer um trabalho de rebranding para um agricultor, no âmbito do mestrado em Design de Comunicação. Todas as nossas conversas serviram para conhecer cada vez mais as suas necessidades, e percebi que fazia falta um produto que pudesse ser uma proposta de valor bastante concreta, nomeadamente, para ele e para outros agricultores com a mesma tipologia, algo que ajudasse a observar as plantações”.
Depois de identificado o problema, chegou uma ideia. Era suposto ser um produto “muito focado na gestão de custos e atividades do dia-a-dia”, mas depois começou a mudar aos poucos. “Entretanto fomos migrando o projeto mais para a questão da sensorização e da gestão hídrica, com o desenvolvimento de hardware e sensores que poderiam ser colocados no campo, de uma forma bastante simples e escalável”, explica Bruno.
Agora, depois de serem desenvolvidos “algoritmos de gestão hídrica”, existe “um sensor escalável, tudo em um, e com base nesse sensor que é colocado no terreno aconselham-se os agricultores, de uma forma eficiente, sobre a forma como devem regar as plantas da melhor forma possível e a parametrizar alguns fatores de risco, como pragas, doenças, insetos”.
E o objetivo é que esta ajuda chegue a cada agricultor da forma mais fácil possível. “Todo o setup inicial é muito simples e permite ao agricultor ser autónomo na instalação”. Tudo começa com uma encomenda do sensor pelo site ou “através de uma rede de representantes e distribuidores que está neste momento a ser construída a nível nacional e internacional”. Depois, é começar a trabalhar. “O agricultor instala o sensor ou pode ter a ajuda de um representante ou de um parceiro da Agroop. A partir daí o sensor está integrado com uma aplicação multiplataforma que pode ser usada no smartphone. Tem uma cloud e começa a receber recomendações e informações como os níveis de humidade do terreno, para que possa fazer uma gestão de água o mais eficientemente possível”, clarifica Bruno Fonseca.
Com estas funcionalidades, olhar para as plantações e perceber onde é preciso agir torna-se mais simples. “O sensor centraliza muita informação que anteriormente só podia ser recolhida com acesso a uma estação meteorológica e também com acesso a sondas de unidade no solo”.
Os sensores da Agroop estão à venda desde janeiro e já estão presentes em oito mercados. E como é que se chega a tantos sítios em meio ano? Precisamente pela simplicidade do projeto. “Conseguimos mandar por correio [para qualquer local] e o utilizador instala o sensor sem grande problema”.
Assim, o sonho é chegar ainda mais longe. “Em 2019 vamos apostar em dois mercados grandes — a Austrália e o Brasil — onde já temos uma rede de representantes e distribuidores. Já temos também clientes e portanto o nosso próximo passo vai ser investir muito nestes dois mercados e garantir que ganhamos escala suficiente para chegar a outros mercados ainda de maiores dimensões, como os EUA ou a Índia”, afirma.