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Não há late sem early: investindo em startups para que cheguem às grandes rondas

por Cíntia Mano

18 de Dezembro, 2023

Enquanto o dinheiro estiver muito concentrado no late stage, os fundadores de startups tenderão a elaborar rodadas de milhões, quando por vezes precisam de poucas centenas de milhares.

Temos cada vez mais empreendedores, investimos alguma coisa na educação empreendedora nas universidades, temos tecnologia, mas faltam os primeiros a acreditar e investir. Os empreendedores estão acostumados a ouvir dos grandes fundos “volte daqui a um ou dois anos, após alguma tração”. Então o empreendedor pensa “ok, mas e até lá, o que eu faço?”.

Escuto essa pergunta de empreendedores quase toda semana. E também converso com outros atores do early-stage em diversas partes do mundo. E todos eles notam e lamentam essa dor.

São pessoas e organizações que não conseguem ajudar os empreendedores para além das mentorias e programas de aceleração. Tentam promover demo days, contatos com investidores, networking. Mas a verdade é que ainda há pouco investimento nos estágios de seed e pre-seed.

Enquanto o dinheiro estiver muito concentrado no late stage, os fundadores de startups tenderão a elaborar rodadas de milhões, quando por vezes precisam de poucas centenas de milhares. O dinheiro de que precisam nessa fase não é muito. Aliás muito pode até atrapalhar.

Quando ainda se está validando produto e mercado, os grandes investidores correm, porque eles sabem que não adianta trazer muito dinheiro. O risco é alto e as demandas dos empreendedores são outras.

É quando entra o investimento anjo. O investimento que traz dinheiro (sim, investimento anjo é necessariamente investimento em dinheiro) aliado a possibilidades de discutir o negócio, aportar conhecimento, ajudar com conexões. As pessoas que investem como anjo são geralmente executivos e empreendedores que querem contribuir para o crescimento das empresas onde investem.

Quando ainda se está validando produto e mercado, os grandes investidores correm, porque eles sabem que não adianta trazer muito dinheiro. O risco é alto e as demandas dos empreendedores são outras.

Na COREangels nós temos apoiado esses investidores a criar fundos de investimento anjo, construindo portfolios de startups e atuando para apoiá-las em diferentes desafios. Estamos a concluir o ano de 2023 com 12 fundos de investimento anjo e em 2024 continuaremos nossa expansão. Nosso maior desafio é entender todo o contexto relatado acima em diferentes mercados e culturas de negócio. Em mercados mais maduros pode-se pensar em estabelecer parcerias com outros investidores e aceleradoras. Em mercados menos maduros, ainda é preciso investir na educação de anjos e potenciais anjos, além da educação dos empreendedores para que se tornem aptos a levantar suas primeiras rondas.

E em 2024 vamos trabalhar também para fortalecer a relação entre os diferentes grupos. Isto já vem acontecendo de forma orgânica e agora queremos reforçar a possibilidade de startups serem investidas por mais de um dos nossos fundos e também contarem com o apoio de anjos de outros grupos COREangels.