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Quanto valem 30 segundos?

por Miguel Magalhães (Texto) | 14 de Fevereiro, 2023

Quando falamos do Super Bowl, 30 segundos chegaram a custar algo como 7 milhões de dólares na noite de 12 de fevereiro. Tudo para marcas terem a oportunidade de comunicar com uma vasta audiência naquele que é considerado o principal evento desportivo nos EUA. Pelo caminho, colocam meio mundo a discutir quais os anúncios que fazem mais furor.

Super Bowl, independentemente em que continente nos encontremos, deu razões para lhe darmos alguma atenção. Para os milhões de americanos que insistem em chamar ao nosso futebol “soccer”, foi o evento desportivo do ano: a final da NFL (liga de futebol americano nos EUA) entre os Kansas City Chiefs e os Philadelphia Eagles, na qual os primeiros saíram vencedores por 38-35.

Contudo, para o resto do mundo (assumindo que existirão diversos fãs da NFL noutras regiões), o que nos faz prestar atenção ao Super Bowl são os populares anúncios, que marcam presença antes, durante e após o jogo. É uma ocasião que as principais marcas aproveitam para comunicar com uma audiência que este ano se estimou ter ultrapassado os 200 milhões de espetadores.

Nas últimas décadas, a forma como o têm feito mudou drasticamente. Nos anos 90, os anúncios ainda eram relativamente diretos, usando e abusando da fórmula de pegar numa celebridade e colocá-la a segurar ou a utilizar um determinado produto. No entanto, foi também nesta década que o momento musical ao intervalo passou a ser um dos elementos do espetáculo, especialmente a partir de 1993, quando Michael Jackson foi o artista escolhido para atrair mais audiência.

  • “Half Time Show” passou a ser uma oportunidade “patrocinável” e, este ano, esteve a cargo da Apple Music, tendo como cabeça de cartaz a Rihanna, que voltou a atuar ao vivo sete anos depois da última performance ao vivo.

Mas voltando aos anúncios. No século XXI, com a melhoria da tecnologia e a crescente competitividade fomentada pela Internet, as marcas tiveram que subir o nível do seu jogo para terem um maior impacto em atuais ou potenciais consumidores. Os anos 2000 trouxeram um novo registo de anúncios muito mais ligados ao humor e a referências à cultura pop, com campanhas como a “Whassup” da Budweiser ou a “Britney, Pink, Beyoncé” da Pepsi.

Nos últimos anos, cada vez mais marcas têm-se afastado daquilo que vendem e procurado demonstrar a sua posição face a temas que fazem parte do dia-a-dia dos seus clientes. Por isso, têm sido mais comuns mais campanhas relacionadas com o impacto ambiental, com a igualdade de género ou com os direitos LGBTQ+. Com esta transformação, veio também os maiores custos de produção dos anúncios, para que pudessem suportar narrativas cada vez mais ambiciosas.

  • Falando de custos: os spots publicitários durante o jogo custaram aos anunciantes ente 6 a 7 milhões de dólares por cada 30 segundos. A Fox, responsável pelos direitos do jogo nos EUA, estima ter ultrapassado os 600 milhões de dólares em receita, com todo o inventário de anúncios.
  • Os melhores anúncios: o da “The Farmer’s Dog” e o regresso de “Breaking Bad” (mais ou menos).
  • O que não esteve nesta edição do Super Bowl? Marcas crypto. Depois de marcarem presença em força na última edição, a queda do mercado de criptoativos e alguns casos mais dramáticos como o da FTX, levaram as empresas a resguardar-se e a não se colocar em grandes aventuras.