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Novo Nordisk e Eli Lilly apresentaram os seus resultados. Quem esteve melhor?

por Gabriel Lagoa | 8 de Agosto, 2024

Novo Nordisk vê os lucros a crescer, mas as vendas do Ozempic e Wegovy ficaram aquém do esperado. Já a rival Eli Lilly superou as expectativas, impulsionada pelos medicamentos Mounjaro e Zepbound.

Esta semana, duas das principais farmacêuticas a nível mundial apresentaram os resultados do segundo trimestre do ano, com a Novo Nordisk a anunciar na quarta-feira resultados mistos e a Eli Lilly a bater as expectativas. A rivalidade entre das duas empresas não é recente, no entanto, a competição intensificou-se nos últimos anos, à medida que as fabricantes apostaram no desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento da diabetes, que viriam a tornar-se, por via de efeitos secundários, em métodos populares para perder peso. 

A Novo Nordisk lançou o Ozempic, um fármaco para a diabetes tipo 2 que rapidamente se tornou um fenómeno, devido à explicação anterior. Poucos meses depois, a Eli Lilly respondeu com o lançamento do Mounjaro, um medicamento para o mesmo efeito que também teve sucesso. A rivalidade entre as duas empresas ganhou um novo capítulo quando a Novo Nordisk apresentou o Wegovy, esse sim, um medicamento para o combate à obesidade, e a Eli Lilly introduziu o Zepbound, um fármaco de semelhante propósito. Ambos os produtos foram adotados por diversas figuras públicas, como Elon Musk, o que só veio reforçar a visibilidade destes produtos. 

Os resultados do segundo trimestre

Comecemos pela dinamarquesa Novo Nordisk. Por um lado, os lucros cresceram, por outro, as vendas do Ozempic (um medicamento para doentes com diabetes que se tornou também um método popular de emagrecimento) e do Wegovy (esse sim, um medicamento para emagrecer) ficaram abaixo das expectativas.

O lucros da empresa mais valiosa da Europa aumentaram 3% para 2,7 mil milhões de euros, enquanto as receitas cresceram 25% face ao mesmo trimestre do ano passado, atingindo 9,12 mil milhões de euros.

As vendas do Ozempic subiram 30% para 7,5 mil milhões de euros. Já as vendas do Wegovy registaram um aumento de 53% no segundo trimestre, em termos homólogos, alcançando 1,56 mil milhões de euros. Apesar dos aumentos, as vendas destes medicamentos ficaram aquém das expectativas dos analistas.

Como conta a Reuters, as ações da Novo Nordisk, avaliada em mais de 540 mil milhões de euros, reagiram negativamente aos resultados apresentados esta quarta-feira e o seu preço chegou a cair 7,7%. 

Rival Eli Lilly supera expectativas 

A Novo Nordisk não está sozinha e enfrenta a forte concorrência da Eli Lilly, que comercializa dois medicamentos inicialmente destinados para combater a diabetes, mas que também acabaram por se tornar em alternativas para quem procura perder peso: o Mounjaro e o Zepbound. 

De acordo com os resultados divulgados esta quinta-feira, a norte-americana viu as suas receitas crescerem 36% no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo os 11,3 mil milhões de dólares (10,3 mil milhões de euros). Também os lucros subiram para 2,97 mil milhões de dólares (2,72 mil milhões de euros). 

O desempenho foi liderado pelos medicamentos Mounjaro e Zepbound, que registaram fortes crescimentos nas vendas. O Mounjaro contribuiu com 3,09 mil milhões de dólares (2,83 mil milhões de euros) e o Zepbound trouxe vendas de 1,24 mil milhões de dólares (1,13 mil milhões de euros). 

Avaliada em mais de 660 mil milhões de euros, as ações da Eli Lilly subiram 11% esta quinta-feira.  

O mercado dos medicamentos para a obesidade está a crescer e os dados da Goldman Sachs, citados pela Bloomberg, vêm comprovar isso mesmo: o setor deverá crescer 14 mil milhões de dólares em 2024, e poderá chegar aos 130 mil milhões de dólares até 2030. 

Tanto a fabricante norte-americana como a Novo Nordisk estão a investir fortemente para aumentar a capacidade de produção e satisfazer a procura crescente por medicamentos para combater a obesidade. 

O CEO da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jorgensen, desvaloriza as preocupações quanto à concorrência e afirma que não prevê um grande impacto nas vendas nos próximos tempos, enquanto a procura continuar a exceder a oferta no mercado de medicamentos para a obesidade.

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