NotCo. Um unicórnio que come soja (e vale milhões e milhões)
A ideia de que não há nada como comer um bife do lombo pode fazer sentido na cabeça de muita gente. Mas o que é certo é que, atualmente, o consumo de produtos vegan cresce de dia para dia e a NotCo, uma empresa chilena de proteína vegetal apoiada por Jeff Bezos, é a prova disso.
Leite, maionese, gelados e hambúrgueres vegetarianos, um sistema de Inteligência Artificial patenteado que ajuda a desenvolver novas receitas (e o chairman da Amazon na retaguarda…) foram A RECEITA para arrecadar 120 milhões de dólares (102 milhões de euros).
A empresa prevê tornar-se o primeiro unicórnio do Chile, obtendo uma avaliação de mil milhões de dólares (848 mil milhões de euros), à medida que se expande nos Estados Unidos, e entra nos mercados do Canadá e do México. De momento, a empresa opera apenas no Chile, na Argentina, no Brasil e nos Estados Unidos, mas projeta quadruplicar as vendas este ano.
Apesar das barreiras associadas à pandemia da COVID-19, a América Latina assistiu a um crescimento dos seus negócios de capital de risco em 2020, o que se traduziu num recorde de 488 negócios desta natureza. No ano passado, os unicórnios brilharam no México e no Uruguai, onde surgiram, pela primeira vez, empresas a valer mais de mil milhões de dólares, a Kavak (de compra e troca de carros) e a dLocal (uma fintech de pagamentos digitais), respetivamente.
Como tudo começou para a NotCo
A NotCo é uma empresa que conjuga a alimentação vegan com a inteligência artificial para encontrar as melhores opções na hora de escolher o que comer sem recorrer a proteína animal. O software utilizado pela startup chama-se Guiseppe e analisa a composição dos alimentos a nível molecular, no sentido de perceber que moléculas das plantas (que são aproximadamente 7 mil, na sua base de dados) conseguem substituir as de origem animal.
A empresa foi fundada em 2015, com sede na cidade de Santiago, capital do Chile. Em 2019, teve um grande empurrão de 30 milhões de dólares (25,6 milhões de euros), com 60% deste investimento a ser metido em cima da mesa pela capital de risco Craftory. O resto foi dividido entre a capital de risco da Jeff Bezos Expeditions, da Kaszek Ventures e da IndieBio. À época deste investimento, a NotCo disse que ia utilizar o dinheiro para desenvolver os primeiros gelados e leites vegetais, e para se expandir pela América Latina, o que veio, de facto, a acontecer.
O CEO e co-fundador desta empresa é Matias Muchnick, um jovem chileno formado em engenharia biotécnica, que tem no CV a passagem por universidades sonantes como Harvard e Stanford. Depois lidar com negócios ligados à banca e à tecnologia, investiu na sua primeira marca de produtos vegan, em 2013: a Eggless, que produzia maioneses sem ovos. Entretanto, chegou a Notco que fundou com o bioquímico Pablo Zamora e com Karim Picharra Baksai, também ele estudante em Harvard, que desenvolveu a tecnologia utilizada pela empresa.
Os números no prato:
- De acordo com a Lever VC, a indústria da alimentação vegan vale cerca de 22 mil milhões de dólares (cerca de 19 mil milhões de euros).
- Esta indústria está ainda projetada para crescer 31% anualmente, alcançando 85 a 140 mil milhões de dólares (72 a 119 mil milhões de euros), nos próximos 10 a 15 anos.
- Para além da NotCo, destacam-se ainda outros unicórnios deste ramo, tais como: a Just Inc., que produz ovos à base de plantas e vale mil milhões de dólares; a Beyond Meat, que produz “carne” vegetal e está avaliada em 8,8 mil milhões de dólares; e a Oatly, que produz leite de aveia, avaliada em 2 mil milhões dólares e pronta para uma OPA de 10 mil milhões.
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