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“Nós não temos falta de dinheiro em Portugal. Eu até diria que se calhar existe algum excesso de dinheiro no mercado”.

por | 27 de Novembro, 2017

“Nós não temos falta de dinheiro em Portugal. Eu até diria que se calhar existe algum excesso de dinheiro no mercado”.

Quando surgiu a agência DNA Cascais, em 2007, o mote levado a cabo já era “Cascais, um concelho empreendedor”. Mensagem rebuscada – para a altura – que não recebeu o sucesso esperado. Paulo Andrez, Administrador da DNA Cascais relembra as primeiras reações: “quando a DNA nasceu muitas pessoas não percebiam porque é a Câmara Municipal de Cascais se haveria de envolver com o empreendedorismo. Quando a constituição da DNA foi a votação na Assembleia Municipal, muitos deputados municipais acharam que aquilo era de tal forma absurdo que abandonaram a votação. Achavam que não fazia sentido a Câmara apoiar o empreendedorismo. Hoje penso que já ninguém tem essa opinião”.

A DNA Cascais é uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo contribuir para a promoção, incentivo e desenvolvimento do empreendedorismo geral, com especial incidência para a promoção do empreendedorismo jovem e social no Concelho de Cascais.

Para contrariar a tendência de os alunos sairem das faculdades e irem trabalhar por contra de outrém, a DNA organizou, aquando a sua fundação, o concurso de escolas empreendedoras, que, até este ano, já envolveu mais de 20.000 alunos. O objetivo, diz-nos Paulo Andrez, não é que alunos criem, de imediato, novos negócios: “Nós não queremos que abandonem o ensino, queremos sim que eles ganhem uma atitude empreendedora”. Esta atitude é estimulada, no decorrer do concurso, através da criação de debate de ideias e da aprendizagem das técnicas do pitch. “No final, as ideias e os pitches que foram apresentados nas escolas mostram que não há qualquer distinção entre um empreendedor profissional e alguns dos jovens participantes”, conta o administrador.

Uma das mensagens de esperança a transmitir – dentro e fora das escolas -, segundo Paulo, é que a resiliência, acima de qualquer coisa, é o fator chave: “a criação de empresas por alguém que tenha posses ou que tenha familiares que podem suportar os negócios facilita o processo de iniciar uma empresa, mas não garante a sua sobrevivência. Eu diria que uma pessoa sem posses mas com grande resiliência e grande vontade terá maior probabilidade de sucesso do que alguém com muito dinheiro mas que não mostre esforço por uma empresa”.

A importância da não criação de empresas e o excesso de dinheiro

Um dos grandes objetivos da DNA é ajudar a mitigar o risco das empresas na sua fase inicial. Até agora, confessa Paulo Andrez, a DNA já conseguiu orientar a criação de cerca de 300 empresas. Ainda assim, acrescenta que consideram ajudar muitas mais no processo de “não criação de empresa”. Isto é, quando a equipa da DNA considera que um determinado empreendedor não tem a capacidade ou condições para lançar o seu negócio, aconselha-o a não avançar com a ideia. “Nós não estamos a trabalhar para os números. Nós devemos também orientar a não-criação de empresas, até para o próprio bem financeiro dos empreendedores”.

Para receber as ideias existe um cenário recheado de investidores: “dinheiro não falta, nunca houve tanto dinheiro em Portugal como hoje em dia do ponte de vista dos investimentos”, acrescenta, “existem fundos de 25 milhões com investimento para Business Angels. Temos os fundos de capital de risco que são 200 milhões de euros”, afirma Paulo. Apenas 2 anos depois da Troika sair (formalmente) de Portugal, o administrador afirma: “Nós não temos falta de dinheiro em Portugal. Eu até diria que se calhar existe algum excesso de dinheiro no mercado”.

Em contrapartida, a falta de solidez dos projetos apresentados é apontada como o principal entrave para o avanço destes negócios: “agora, o que acontece é que de facto os projetos que são apresentados a investidores têm muito risco porque o empreendedor apenas teve uma ideia, não validou essa ideia com o mercado e por isso os investidores ressentem-se”, remata Paulo Andrez, administrador da DNA.