Netflix equaciona cobrar sete a nove dólares mensais em modelo de subscrição low-cost com anúncios
por Abílio dos Reis (Texto) | 30 de Agosto, 2022
Estaria disposto a levar com anúncios quando vê Netflix a troco de um modelo de subscrição mais barato? Esse é o novo plano que a gigante do streaming está a pensar implementar em vários mercados até ao fim do ano. Por sete a nove dólares mensais, terá de lidar com quatro minutos de anúncios por cada hora de conteúdo.
Segundo adianta a Bloomberg, que cita fontes ligadas à Netflix, a empresa de streaming vai mesmo avançar com um modelo de subscrição low-cost com a adição de anúncios — e há novos detalhes quanto a este plano.
Recorde-se que esta ideia foi adiantada pelo co-CEO da Netflix, Reed Hastings, em abril, contrariando a posição que a empresa teve durante anos de evitar anúncios no seu serviço. Já se sabia que este seria o caminho quando a empresa assinou contrato com a Microsoft para introduzir publicidade no seu serviço.
A Netflix estará a considerar cobrar sete a nove dólares por mês — ou seja, sete a nove euros, já que a taxa de conversão cambial é a mesma por esta altura — por este modelo de subscrição, destinado a consumidores que não se importem de ver anúncios em troca de uma alternativa mais barata.
Segundo a Bloomberg, neste plano — mais barato que o regular, de 15,49 dólares — constarão quatro minutos de anúncios por cada hora de conteúdo, uma métrica que, para a Netflix, é mais equilibrada que a oferecida pela concorrência, como na televisão por cabo, onde a proporção é de 10 a 20 minutos por hora. Os anúncios vão passar antes e durante alguns programas, mas não depois da sua visualização.
A gigante do streaming deverá integrar este modelo em alguns mercados no último trimestre do ano, podendo depois ser generalizado nos primeiros meses de 2023.
Recorde-se que a Netflix perdeu 970.000 subscritores no segundo trimestre de 2022, período em que obteve um lucro líquido de 1.441 milhões de dólares (à época, cerca de 1.400 milhões de euros),.
Durante os três meses, em que as suas ações caíram e demitiu mais de 300 trabalhadores, a Netflix conseguiu conter, ainda assim, a quebra de subscritores aumentada pelo surgimento de concorrentes como a Disney e a Apple no ‘streaming’.
“O nosso desafio e oportunidade é acelerar a nossa receita adicionar novos clientes, continuando a melhorar o nosso produto, conteúdo e marketing, como temos feito nos últimos 25 anos”, disse, na altura, a Netflix numa carta aos investidores. No entanto, os dados refletiram desde logo uma estagnação no modelo de negócios, o que levou a empresa a considerar modelos como este.
De acordo com a consultora Ampere Analytics, com este modelo, em 2027 a Netflix poderá estar a arrecadar até 8,5 mil milhões de dólares por ano.