Microsoft e Google já apresentaram as contas (e portaram-se melhor do que o previsto)
por The Next Big Idea | 26 de Abril, 2023
As gigantes tecnológicas apresentaram na terça-feira, dia 25, as contas do último trimestre e os resultados foram melhores do que o esperado pelos analistas. No caso da Microsoft, a culpa nem foi da inteligência artificial. No caso da Alphabet, a surpresa surge por via da Google Cloud.
A Microsoft até pode ter 48 anos de idade e está longe de ser uma novata para os padrões tecnológicos, mas a realidade é que no último trimestre fiscal até se portou melhor do que a mais jovem Alphabet, empresa-mãe da Google. No papel, ambas apresentaram melhores resultados do que no período homólogo e acima do esperado pelo mercado. No entanto, como nota o site The Information, é preciso ter em conta que a fasquia estava em baixa, dado que nenhuma apresentou grande crescimento no final do ano passado.
Nos resultados apresentados no início desta semana, a Microsoft registou um aumento de 7% nas receitas (impulsionado pelo negócio na nuvem e pelas vendas de software comercial que ajudaram a compensar a fraca procura de novos computadores). Em contrapartida, a Alphabet registou um crescimento de 3% (em queda pelo segundo trimestre consecutivo), resultado que reflete a estagnação vivida no mercado de publicidade digital, que representa a maior parte das suas receitas.
Relatório da Google: aqui
Relatório da Microsoft: aqui
A nuvem positiva da Alphabet e o trimestre da Microsoft
A Alphabet tem algumas boas notícias a destacar, nomeadamente o facto de, pela primeira vez, a sua divisão da nuvem ter registado um lucro operacional de 191 milhões de dólares (172 milhões de euros), o que representa um aumento das receitas do Google Cloud de 28% — num período em que as empresas estão a cortar muito os gastos, é um bom resultado e mostra uma redução na dependência da publicidade (a Alphabet aqui está a competir com a Amazon e a Microsoft, sendo a terceira em termos de dimensão).
- Sobre estas contas, a The Information alerta para uma mudança recente da Alphabet, que alterou a forma como atribui os custos às suas empresas, que fez com que os resultados da divisão da nuvem parecessem muito mais saudáveis (no relatório de há um ano reportou perdas de 706 milhões, por exemplo).
A julgar pelo volume de notícias e de lançamentos, este pode dizer-se que foi o trimestre da Microsoft. Foi um período em que implementou o ChatGPT no seu motor de busca Bing e nos serviços em nuvem, que a posicionaram para conquistar quota de mercado.
Tudo somado e revistos os relatórios de contas de ambas, segundo a análise do The Information, a Microsoft parece estar em vantagem.
Os números da Microsoft
- As receitas trimestrais de 52,9 mil milhões de dólares aumentaram 7% em relação ao ano anterior e superaram as expetativas de cerca de 51 mil milhões de dólares.
- Os ganhos por ação de 2,45 dólares aumentaram 10% em relação ao ano passado e acima das estimativas (2,23 ou 2,24 dólares).
- A receita da Microsoft Cloud foi de 28,5 mil milhões de dólares, o que significa um aumento de 22%.
- No entanto, os negócios relacionados com PCs sofreram um duro golpe, com as receitas do Windows provenientes de fabricantes de computadores a caírem 28% e as receitas do negócio de dispositivos – que inclui o Surface – a caírem 30%.
- A receita do LinkedIn aumentou 8% em relação ao ano anterior.
O que quer isto dizer? Como nota a Axios, a Microsoft tem estado a aproveitar a recente onda de entusiasmo em relação à IA, mas os seus ganhos continuam fortemente ligados às necessidades das empresas e de consumo.
Os números da Alphabet
- As receitas aumentaram 3% e ascenderam aos 9,78 mil milhões de dólares.
- O resultado líquido foi de 15,05 mil milhões de dólares (ou 1,17 dólares por ação) — ou seja, houve um recuo em relação ao período homólogo, mas foi melhor do que os analistas esperavam.
- As receitas com o YouTube também superaram as previsões: ascenderam a 6,69 mil milhões de dólares.
- As receitas do Google superaram as do mesmo período do ano passado, mas ficaram ligeiramente abaixo das expetativas dos analistas (7,45 mil milhões de dólares, face aos 7,49 mil milhões estimados).
- A Google teve de fazer os cortes mais drásticos da história da empresa, incluindo o despedimento de 12.000 funcionários – cerca de 6% da sua força de trabalho – em janeiro.
O que quer isto dizer? A Alphabet está a sentir a pressão da popularidade do ChatGPT (e da sua ligação à Microsoft) e os analistas sentem que está a perder terreno na Inteligência Artificial, apesar do forte investimento nos últimos anos. No entanto, Sundar Pichai, o CEO, disse estar “confortável” com o facto de a Google ainda dominar 90% do mercado da pesquisa e revelou acreditar que a empresa ainda é capaz ser competitiva nos grandes negócios. A par, os investidores gostaram do que viram e as ações subiram na negociação do “after hours” (embora bem menos do que as da Microsoft).