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Maior eficiência operacional. É o que 90% das empresas portuguesas querem da IA

por Miguel Magalhães (Texto) | 6 de Junho, 2024

A Minsait apresentou esta terça-feira o seu relatório Ascendant Digital 2024, com dados de Portugal, que analisa o grau de adoção da Inteligência Artificial (IA) e mostra a sua evolução nas organizações, com o surgimento de casos de uso, especialmente em IA Generativa.

Com a crescente discussão em torno da Inteligência Artificial (IA) e na forma como impacta o dia-a-dia das empresas, é perfeitamente normal que cada organização procure identificar em que áreas da sua estrutura ou do seu negócio a aplicação da mesma pode ser mais útil. No caso de Portugal, 90% das empresas identifica a otimização das operações como a principal motivação para a adoção de IA. 

Este é um dos dados da edição deste ano do relatório Ascendant Digital 2024 sob o tema “IA: Uma revolução em curso”, que a Minsait, uma empresa da multinacional espanhola Indra, apresentou ontem em Lisboa, com enfoque nos dados das mais de 130 empresas nacionais que participaram num inquérito que decorreu até março deste ano, em parceria com a AESE Business School. A nível global, o estudo envolveu mais de 900 organizações do Sul da Europa e da América Latina, de quinze sectores de atividade.

“Sabemos que a Inteligência Artificial tem um potencial enorme para transformar positivamente a forma como vivemos e trabalhamos. Ao longo do último ano, temos vindo a assistir a uma verdadeira revolução da IA, com esta tecnologia a colocar-se no centro dos debates nacionais e internacionais, ainda com várias questões em aberto, nomeadamente no que toca à regulamentação e também sobre o verdadeiro impacto que a IA poderá ter”, afirma Vicente Huertas, Country Manager da Minsait em Portugal.   

Aprender com casos de uso

O Relatório Ascendant da Minsait confirma que, embora as empresas de todos os setores tenham por base um baixo nível de adoção da IA, estão conscientes do desafio que implica promover e captar todo o seu valor à medida que esta tecnologia avança. Inclusivamente, muitas estão já a lançar-se na implementação concreta, especialmente de IA generativa, o que deu origem a um elevado número de referências numa fase muito anterior ao que normalmente acontece com outras tecnologias emergentes. 

Embora atualmente apenas 10% das empresas, a nível global, tenha um plano de IA totalmente integrado nas suas estratégias, somente 36% destas já começou a desenvolvê-lo. Três em cada quatro planeia tê-lo a médio prazo, o que demonstra a importância estratégica que a IA terá nos negócios.

Entre as empresas portuguesas que já iniciaram este caminho, de acordo com o Relatório Ascendant, 90% fizeram-no com a motivação de incorporar a IA na otimização de operações e redução de custos, 37% para aumentar as vendas e 32% para uma evolução da experiência dos seus clientes e utilizadores internos. De forma geral, existem reservas quanto à exploração de outras áreas ou à facilitação de ações autónomas por parte da Inteligência Artificial; e, pelo contrário, prevalecem os casos de uso relacionados com a evolução das operações.

Entre as áreas da cadeia de valor em que as organizações portuguesas estão a aplicar a IA, destaque para o desenho de produtos e serviços (93%), operações de cliente (85%), estratégia (85%) e vendas (80%); que têm incentivado o desenvolvimento de casos de uso em áreas como a análise preditiva para a tomada de decisões, a investigação e conceção de novos produtos e serviços, a conceção e personalização de campanhas, a previsão da procura dos clientes ou a geração de códigos informáticos.

O evento de apresentação do relatório criou também dois momentos de discussão que refletem a própria dinâmica do estudo: um primeiro painel contou com a presença de representantes da IBM, da AWS, da Google e da Microsoft para conversarem sobre o panorama mais macro da aplicação da IA na perspetiva das Big Tech; um segundo painel contou com nomes como o Novo Banco, o Infarmed e o BPI para demonstrar alguns casos de uso que já estão a ser colocados em prática no mercado português.

Há um desnível entre indústrias

A utilização setorial da inteligência artificial é muito desigual, embora a nível global o relatório demonstre que a Banca, a Energia, os Seguros e as Telecomunicações já tenham permitido medidas para mudar o seu foco para a IA ou incorporar produtos e serviços baseados nela na sua proposta de valor. 

Outros como o Consumo & Retalho, a Indústria ou as Administrações Públicas encontram-se em fases mais incipientes para poderem explorar ao máximo o potencial deste recurso. O relatório inclui vários casos de uso já implementados em empresas e instituições, a nível internacional, que também têm uma componente relevante de desenvolvimento sustentável, atuando na proteção do ambiente, na geração de conhecimento, no combate à desinformação, ou na eliminação da exclusão digital.

“Mais do que uma realidade, a transformação digital das empresas é um imperativo que abre portas a novas possibilidades, com as organizações a terem de decidir rapidamente se querem abraçar esta nova vaga”, conclui o Country Manager da Minsait. 

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