Ligar tudo. Este é o mote da Sensefinity, a empresa portuguesa de sensores que está a afirmar-se no mercado internacional
A Sensefinity começou a ser desenhada por pessoas que já sabiam trabalhar juntas. “A equipa [fundadora] conheceu-se na Siemens. Trabalhámos juntos por alguns anos e depois passámos para a Nokia. Até que surgiu a ideia da Sensefinity, mas sentimos a necessidade de introduzir novas capacidades na equipa”, começa por contar Orlando Remédios.
A empresa, que já tinha “alguns projetos de IoT”, pensou em construir algo que marcasse pela diferença e que ajudasse os retalhistas e as marcas “a perceber as novas tendências de mercado”.
Mas, afinal, o que fazem estes sensores? “Nesta pequena caixa temos o que é necessário para produzir um gémeo digital de tudo o que temos aqui. Mede a temperatura, humidade, vibração, localização. Foi ponteado? Onde está? Por exemplo, se colocar isto numa das suas câmaras, vai saber onde a câmara está, se alguém a levou, vai encontrá-la outra vez. Também vai saber quantas horas foi usada e quem é que a usou exatamente”, explica Orlando.
E as utilizações não ficam por aqui. “Os tipos de usos inimagináveis com a Sensefinity são de facto imensos. Hoje já medimos itens como sensores industriais, que podem interagir com os nossos sensores porque não estão limitados aos que estão dentro da caixa, pois podem também ser conectados a sensores adicionais. Por isso, basicamente permite que analise tudo no seu processo, no seu projeto, no seu produto”.
Em termos mais práticos, os sensores da Sensefinity podem controlar tudo, desde peças de arte ao transporte de bens essenciais. “O sensor pode funcionar como alarme para peças de arte que não possam ser submetidas a deslocações e vibrações. Com isto, podemos enviar alguém para ver o que se está a passar”, diz. “O mesmo se aplica a medicamentos. Hoje em dia, ainda há centenas de crianças que morrem porque têm acesso a vacinas que já não estão ativas, ninguém sabe, porque não há registo de dados sobre o transporte destas. Com o nosso sensor pode-se ter esses dados, pode ativar-se um alarme quando as vacinas já não podem ser usadas. E ainda se pode implementar um sistema logístico: quando alguma coisa se parte, sabe-se e pode-se reparar. Não se perde tempo”, conclui.
A utilização dos pequenos é bastante simples, uma vez que funcionam com um sistema ‘plug&play’. “Basta pressionar um botão e podemos ligar todos os dados. Sendo assim, quando eles se ligam a outro sensor ou router, transmitem toda a informação, sem ser preciso configurar nada, mas de forma segura”.
Com um direção direta à cloud, os sensores da Sensefinity interagem também com um smartphone. “Os sensores reconhecem-se, podem ligar-se e comunicar”, assegura Orlando.
E quanto custa esta inovação tecnológica para ajudar nas mais variadas situações? “O serviço é completo, não apenas o hardware, mas também a cloud e as comunicações. O preço vai sempre depender diretamente do número de sensores necessários. Há coisas que precisam de 500 sensores e outras que apenas precisam e um ou dois. O preço para o produto depende do volume do projeto. Um sensor custa 10€ por mês. Um dos nossos clientes pediu 15 mil sensores e claro que os preços não são os mesmos. Logicamente que se pode começar só com um sensor e depois escalar para milhões de sensores”.
Neste momento, a marca já tem vários clientes em Portugal, onde iniciou, mas também já se começa a expandir ao mercado de língua alemã (Alemanha, Áustria e Suíça), com a ajuda do METRO e da TechStars. “Temos atualmente 1200 sensores ativos e 103 clientes”.
Para o futuro, o objetivo é continuar a crescer. "Os próximos passos passarão por nos estabelecermos na Alemanha para ter uma maior presença no mercado de língua alemã, que consiste na região DACH. Já começamos a ter alguns clientes aqui e agora queremos tirar proveito dessa base para ganhar uma parte importante deste mercado antes de nos expandirmos para outras regiões”, remata o CEO.