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June Bolneo: “Eu quero que as pessoas tenham o que eu tenho”

por | 6 de Dezembro, 2020

June Bolneo: "Eu quero que as pessoas tenham o que eu tenho"

Como te chamas e o que fazias antes de seres empreendedora?
O meu nome é June Bolneo e trabalhei num call center (Expedia, Dell e Lexmark) durante 9 anos, nas Filipinas, antes de começar a trabalhar em marketing digital. Eu sempre quis mudar-me para Portugal. Na altura, Portugal era o meu país de sonho, por isso estabeleci o objetivo de encontrar um trabalho remoto que pudesse fazer em qualquer local. Há 8 anos, encontrar trabalho online era muito difícil e não havia ninguém para te guiar. Comecei como designer gráfica, depois embarquei num projeto onde fui promovida até ficar responsável por um departamento inteiro. Depois criei uma empresa de marketing (a minha empresa-mãe) como trabalho secundário. Estava finalmente a ganhar dinheiro suficiente para me mudar para Portugal com a minha filha, e foi o que fizemos em 2016. Despedi-me do meu emprego quando o lucro da agência era suficiente para pagar o meu salário e para me poder focar na WorkRemote para educar as pessoas sobre o trabalho remoto e proporcionar a ajuda que eu nunca tinha tido quando estava a começar. Para mim, a minha empresa não tem só que ver com ganhar dinheiro (embora seja sempre bom ter dinheiro), é a minha forma de retribuição. Por causa do trabalho remoto, eu estou a viver no meu país de sonho, a viver a vida que sempre quis. Sou o melhor exemplo daquilo que o nosso serviço pode dar às pessoas: independência na localização, flexibilidade, e liberdade para escolher onde trabalhar melhor. Eu quero que as pessoas tenham o que eu tenho.

Como é que a tua startup vai mudar o mundo?
A nossa empresa tem uma visão muita clara: torna o trabalho remoto normal. Quando me mudei para Portugal há 4 anos, ninguém estava a pensar no trabalho remoto. O conceito era muito estrangeiro para os locais. As pessoas associavam o trabalho remoto ao nomadismo digital e nós tivermos de fazer um grande esforço para educar no sentido do que que é e não é o trabalho remoto. Ainda educamos as pessoas nesse sentido. A única forma de normalizar esta forma de trabalhar (mesmo depois de a pandemia acabar) é educando sobre como trabalhar remotamente de forma correta e sustentável. E não é só em Portugal, mas no mundo inteiro. Também trabalhamos com empresas noutros países, como a Irlanda, a Alemanha e as Filipinas. As pessoas estão a perceber que há falhas de competências e a nossa empresa está aqui para colmatar essas falhas. Como é que nós vamos mudar o mundo? Educamos muitas pessoas e ajudamos muitas empresas a fazer a transição para o trabalho remoto porque assim não estamos só a mudar a forma como trabalham hoje, estamos a mudar a forma como esta geração trabalha e como trabalham as gerações seguintes.

Já pagas o teu salário?
Sim, mas não tanto quando ganharia se estivesse a trabalhar para uma empresa a sério. Acho que é normal enquanto ainda se é uma startup.

Quantas horas trabalhas por dia?
7 ou 8 horas, eu tento manter um turno normal. Começo por volta das 11 da manhã, às vezes mais tarde, e acabo por volta das 7 ou 8 da noite.

O que deixaste de fazer para ser uma empreendedora com sucesso?
Parei de ser uma empregada, ou a ter a mentalidade de uma empregada. Eu penso muito sobre o facto de os empreendedores falharem porque nunca mudam essa mentalidade depois de deixarem os seus trabalhos. Eles são incapazes de fazer uma autogestão ou dizer a si próprios o que fazer. Tu não podes ser assim enquanto empreendedor.

O que passaste a fazer para ser uma empreendedora de sucesso?
Eu faço muito blocking [bloquear o que é prejudicial], o que me ajuda quando estou a trabalhar em múltiplas coisas. Estabeleço objetivos inteligentes e faço muitos brain dumps [escrever/ desenhar de forma natural para "esvaziar o cérebro"] com muita frequência.

Ter uma startup está na moda ou o mundo está mesmo a mudar?
Acho que acontecem as duas coisas. Está na moda, no sentido de que é literalmente uma moda que está a acontecer por todo o mundo. Mas ao mesmo tempo, o mundo está mesmo a mudar e é assim que os negócios estão a emergir. Eu não consigo imaginar as startups a desaparecerem brevemente, especialmente desde que estamos na era digital e muitos produtos e serviços são construídos à escala.

Se fosses patroa de uma grande empresa, o que dizias a ti própria para te convencer a trabalhar nessa empresa em vez de ir para uma startup?
Nós estamos a mudar a forma como o mundo funciona. Queres fazer parte disso?

Qual é o teu ídolo dos negócios ou da tecnologia?
"Ídolo" é uma palavra forte. Eu não acho que tenha ídolos, mas eu inspiro-me em muitas pessoas, como o Elon Musk, o Mark Zuckerberg e os responsável pela Y Combinator.
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__És vegan, fazes meditação ou apenas vês televisão e passeias o cão ao fim do dia?
Eu não sou vegan e não vejo TV. No entanto, pratico yoga e medito todas as manhãs ao acordar.

Numa só frase, o que dirias – mesmo – num elevador para convencer alguém a investir na tua empresa?
Olá, eu sou a June da WorkRemote e nós estamos a ajudar organizações públicas e privadas a trabalhar remotamente e a treinar o seu pessoal. Queres fazer parte disto?

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