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“Inovamos muito pouco e somos pouco disruptivos”. Nest debate sustentabilidade na restauração

por Marta Amaral | 3 de Dezembro, 2025

Num setor que representa quase 20% do PIB nacional, o turismo português continua a reafirmar a necessidade de modernização. 

Foi precisamente para responder a esse desafio que no passado dia 20 de novembro, o NEST (Centro de Inovação do Turismo), organizou a segunda sessão do ciclo Keep Innovating in Tourism (KIT), desta vez dedicada às operações e sustentabilidade na restauração.

A iniciativa, organizada com a AHRESP, a DIG-IN e o The Next Big Idea, juntou startups e profissionais do setor para discutir soluções tecnológicas que tornem os restaurantes mais eficientes e competitivos.

O chef Kiko Martins abriu a sessão e defendeu a necessidade de maior inovação num setor onde “somos pouco disruptivos”, sublinhando que, apesar da evolução da gastronomia portuguesa, a restauração continua a enfrentar desafios operacionais que exigem novas abordagens. O chef aproveitou para deixar uma mensagem aos colegas de profissão:

“Foquem-se naquilo em que realmente somos bons. Em vez de andarmos constantemente a tentar ganhar competências noutras áreas — ‘agora vou transformar-me num grande gestor e gerir a minha cozinha, criar um Excel, montar um sistema…’. Um cozinheiro é um cozinheiro, um chefe de cozinha é um chefe de cozinha, um gestor é um gestor. Acho que é muito importante termos essa noção”, sublinha o responsável por sete restaurantes.

O momento seguinte ficou marcado por uma série de pitches de startups, incluindo Grubtech, Rastra.tech, Dig-In, Merytu, ADECI, HACCP, Volup, StoresAce e ZoneSoft. A inteligência artificial esteve no centro das propostas apresentadas. A ADECI destacou modelos de previsão que permitem antecipar vendas, número de clientes e necessidades de stock ou equipa com 31 dias de antecedência, uma ajuda relevante num setor altamente dependente da capacidade de antecipação. Já a DIG-IN defendeu o papel dos dados na tomada de decisão, desde a escolha de novas localizações até à identificação de tendências de consumo.

A digitalização (impulsionada pela IA), surgiu como tendência dominante, permitindo automatizar processos e simplificar tarefas que antes exigiam tempo e competências técnicas específicas. Para muitos operadores presentes, estas ferramentas são essenciais para responder a desafios como aumento de custos, falta de mão de obra e pressão sobre as margens.

O evento terminou com uma zona de demonstração e networking, onde os participantes puderam aprofundar as soluções apresentadas e estabelecer contactos. A iniciativa reforça a aposta do NEST em aproximar startups e empresas do turismo, num momento em que a restauração procura modernizar-se e encontrar novas formas de garantir eficiência e sustentabilidade.