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IA Generativa poupa horas de trabalho, mas os trabalhadores têm medo que a tecnologia lhes tire o emprego

por The Next Big Idea | 30 de Julho, 2024

60% dos profissionais poupam mais de 5 horas de trabalho por semana com IA Generativa. Confiança cresce, mas ansiedade também aumenta. Formação inadequada pode agravar receios.

Um estudo da Boston Consulting Group (BCG) indica que 60% dos profissionais a nível mundial poupam tempo no trabalho com recurso à Inteligência Artificial (IA) Generativa. De acordo com o documento, mais de 70% dos trabalhadores inquiridos já utilizam esta tecnologia no seu dia a dia no trabalho e, desses, quase 60% relatam uma poupança de mais de 5 horas semanais.

O documento mostra que esta poupança de tempo está a ser aproveitada de várias formas: 41% dos inquiridos utilizam-na para executar mais tarefas, 39% para realizar novas atividades e 38% para se dedicar a ações mais estratégicas.

Manuel Luiz, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, sublinha que “cada vez mais, os profissionais reconhecem os benefícios que a IA Generativa acarreta, nomeadamente ao nível da produtividade. A maioria dos utilizadores desta tecnologia reporta uma poupança potencial de mais de 5 horas semanais, na aceleração de atividades rotineiras, como aceleração de pesquisa e automatização de trabalho administrativo”.

O medo persiste

Apesar dos benefícios, o sentimento geral em relação à IA Generativa é de otimismo com alguma cautela à mistura, porquê? O estudo revela um aumento na confiança dos profissionais face a esta tecnologia, passando de 26% em 2023 para 42% este ano. Ainda assim, o medo de perder o emprego devido a esta tecnologia cresceu para 42%, mais 6 pontos percentuais em relação a 2023. Entre os utilizadores frequentes, 49% acreditam que o seu emprego pode desaparecer na próxima década, em comparação com apenas 24% dos que não utilizam a IA Generativa. Curiosamente, quanto mais os profissionais utilizam a ferramenta, maior é a probabilidade de recearem perder os seus empregos.

Receios à parte, e segundo a BCG, a adoção desta tecnologia está a ganhar terreno nas organizações. Quase dois terços dos líderes (64%) afirmam estar a implementar a IA Generativa para remodelar as empresas. O uso da tecnologia aumentou significativamente no último ano, especialmente entre os colaboradores da linha de frente, com 52% a utilizá-la regularmente (um aumento de 32 pontos percentuais face a 2023). Entre os executivos, a taxa de utilização atingiu os 88%. 

Contudo, o estudo também revela uma lacuna significativa na formação dos colaboradores. Apenas 28% dos trabalhadores de primeira linha receberam formação sobre o impacto atual e futuro da IA Generativa nos seus empregos. Este número contrasta com os 50% dos líderes que receberam formação semelhante. Esta discrepância pode explicar a razão pela qual os colaboradores se sentem menos confiantes (33%) e mais ansiosos (22%) em relação à tecnologia, comparativamente aos líderes (50% de confiança e 15% de ansiedade).

O documento reforça, por isso, a importância de uma abordagem proativa por parte das empresas e afirma que “neste contexto, as empresas devem apoiar a sua força de trabalho na adoção das novas tecnologias, com benefícios ao nível da produtividade do trabalho, mas também ao nível de melhoria da proposta de valor apresentada aos empregados. Apenas desta forma as empresas conseguirão retirar todo o proveito que a ferramenta pode gerar”.

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