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Homens e mulheres em pé de igualdade na adoção de IA Generativa no setor tecnológico

por Gabriel Lagoa | 18 de Junho, 2024

Apostar na liderança para a mudança, em programas de melhoria de competências, e na gestão proativa da carreira são pilares para promover a igualdade de género no setor tecnológico.

A Inteligência Artificial Generativa está a crescer rapidamente no local de trabalho e, embora as mulheres tenham sido historicamente menos propensas a adotar novas tecnologias face aos homens, há paridade de género na sua adoção no setor tecnológico. É uma das conclusões de um estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG), chamado “Women Leaders Are Paving the Way in GenAI”.  Nesta indústria, 68% das mulheres utilizam esta tecnologia mais de uma vez por semana para trabalhar, em comparação com 66% dos homens, segundo o estudo.

Apesar de haver uma igualdade generalizada na adoção da IA Generativa no setor tecnológico, as diferenças entre géneros começam a aparecer consoante a natureza das funções e o nível ocupado na escada corporativa, onde gestores juniores, gestores seniores e colaboradores com mais de cinco anos de experiência se enquadram no nível sénior, e colaboradores com menos de cinco anos de experiência no setor fazem parte do nível júnior.

Em funções técnicas, isto é, engenharia, tecnologias de informação, apoio ao cliente, vendas e marketing, as mulheres em nível sénior estão em média 14 pontos percentuais (pp.) à frente dos seus pares masculinos na utilização de IA Generativa, mas as juniores (com menos de cinco anos de experiência no setor) estão atrasadas cerca de 7 pp. em relação aos homens com o mesmo nível de experiência. 

Já em funções não técnicas, como em recursos humanos, serviços jurídicos ou financeiros, as mulheres em nível júnior estão mais atrasadas na adoção da tecnologia, ficando em média 21 pp. atrás dos homens. Nas mesmas funções, aquelas que ocupam cargos seniores de chefia (gestoras juniores e seniores) estão 5 pp. e 2 pp., respetivamente, atrás dos homens no uso da IA Generativa, e as colaboradoras seniores ficam 12 pp. atrás dos pares masculinos.

68% das mulheres utilizam a IA Generativa mais de uma vez por semana para trabalhar. Pode ler o relatório na íntegra aqui

O que contribui para as diferenças na adoção da IA Generativa?

Embora quer os homens quer as mulheres tenham níveis semelhantes de confiança nas ferramentas de IA Generativa e se sintam competentes na sua utilização, o relatório identifica três fatores significativos que contribuem para as diferenças na adoção desta ferramenta.

  • Consciência da relevância da IA Generativa. Esta diferença pode dever-se ao facto de não terem o mesmo acesso às redes e debates em que a estratégia de IA Generativa é traçada. 
  • Confiança nas competências para trabalhar com IA Generativa. Isto pode ser explicado por eventuais desafios de perceção e exposição para as mulheres em áreas maioritariamente ocupadas por homens, como é o caso do setor tecnológico.
  • Tolerância ao risco. Segundo o estudo, as mulheres em cargos juniores apresentam uma tolerância ao risco inferior aos homens. Esta diferença pode ser justificada pelo facto de as mulheres, nomeadamente em funções técnicas, sentirem frequentemente menos liberdade para experimentar tecnologias emergentes devido aos seus níveis relativamente mais baixos de experiência e autoridade.
As diferenças na adoção da IA Generativa

Que passos podem ser dados? De acordo como o estudo, a liderança, programas de melhoria de competências e gestão proativa da carreira são pilares-chave para igualdade de género no setor tecnológico.

Este relatório da BCG baseia-se em dados de um inquérito global a mais de 6.500 pessoas empregadas na Alemanha, Índia, Japão, EUA e Reino Unido, e contempla oito cargos e quatro níveis de antiguidade em tecnológicas. 

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