Ghibli vs ChatGPT. O outro lado das imagens virais que circularam pelas redes sociais
por Marta Amaral | 31 de Março, 2025
Dias depois da onda polémica, a empresa afirma agora estar a adotar uma “abordagem conservadora” para evitar problemas com direitos de autor.
Se andaste a fazer scroll no Instagram nos últimos dias, deves ter reparado na chuva de imagens semelhantes ao estilo do Studio Ghibli, e que recriavam várias imagens históricas ou que brincavam com os protagonistas da atualidade (como Trump ou cá em Portugal na troca de animações entre a Iniciativa Liberal e o PS, entre outras).
Os utilizadores pareciam todos verdadeiros artistas ao imitarem o estilo do icónico estúdio japonês de animação, criador de filmes como “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Animado”.
Por trás deste fenómeno estava a nova atualização do GPT-4o, que através do upload de uma fotografia e de um simples prompt, permitia a transformação neste tipo de imagem.
A tendência divertida ficou viral, mas rapidamente acabou numa discussão sobre questões éticas no uso de inteligência artificial, nomeadamente para imitar estilos artísticos protegidos por direitos de autor.
A reação nas redes sociais
À medida em que iam sendo partilhados memes e várias imagens no famoso estilo anime japonês, os fãs preocupados com o Hayao Miyazaki, fundador do estúdio Ghibli, começaram a lançar críticas nos comentários das publicações.
Um dos críticos citou um filme de Miyazaki de 1997 onde o realizador já antecipava esta situação: “Vocês, idiotas, realmente valorizam tão pouco a arte que ela tornou-se apenas um filtro para a vossa foto de perfil? Paguem a um artista de verdade e criem algo real, seus gremlins.”
Outro reclamou: “As pessoas agem como se isto fosse algo bom, mas toda a alma foi sugada da sociedade. Estamos realmente no auge, nada mais importa.” Outros pediram mesmo para o caso ser levado para tribunal: “Espero que o Studio Ghibli processe todos os envolvidos.”
Os comentários foram trazendo à tona comentários antigos de Miyazaki sobre inteligência artificial, como o do dia em que o fundador do Studio Ghibli foi a uma demonstração de IA em 2016 e disse estar “completamente enojado” com o que viu, de acordo com imagens documentais da interação.
Depois da experiência terá contado esta história que ficou viral:
“Todas as manhãs, não nos últimos dias, vejo o meu amigo que tem uma deficiência”, disse Miyazaki. “É tão difícil para ele simplesmente dar um high five; o seu braço, com músculos rígidos, não consegue chegar à minha mão. Agora, pensando nele, não consigo assistir a isto e achar interessante. Quem cria esse tipo de coisa não tem a menor ideia do que é dor.”
OpenAI recua na atualização
Deparada com o caos e com a crescente polémica, a OpenAI viu-se pressionada a tomar uma decisão rápida e anunciou o bloqueio da geração de imagens que imitassem o estilo do Studio Ghibli. A justificação recai sobre o facto de se tratar de uma estética altamente distinta e reconhecível, com cenários naturais detalhados, personagens expressivas e um traço característico.
No entanto, a ferramenta continua a permitir a geração de imagens inspiradas em estéticas de estúdios ou movimentos artísticos mais abrangentes, o que pode levantar novas questões no futuro.
Este bloqueio reacende a discussão que já vem detrás podendo levá-la a um novo nível. Como será a sensação de ver a IA replicar um trabalho de uma vida em apenas algumas horas?
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