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Gaming: Jogar videojogos faz bem à saúde?

por Abílio dos Reis (Texto) | 24 de Maio, 2022

Os videojogos não fazem bem à “saúde das crianças”. Ou, pelo menos, assim reza um certo estigma ou receio que muitos pais têm relativamente ao gaming. Contudo, um estudo recente parece contrariar esta máxima.

É um tema sensível para muitos pais e que certamente já levantou inúmeras questões entre famílias e a quem tem jovens a seu cargo: será que jogar faz mal ao cérebro do meu filho e ao seu desenvolvimento? Será que passar horas agarrado a um comando a olhar para um monitor ou televisão vai torná-lo num zombie anti-social?

  • Resposta: De acordo com um novo estudo, existem boas notícias para quem tem estas preocupações. Se jogados com moderação, os videojogos podem até ser benéficos para desenvolvimento dos cérebros dos adolescentes e jovens adultos (faixa dos 18 aos 25);

O artigo, publicado em abril na revista científica European Psychologist, foi notícia no Wall Street Journal (WSJ) e tema de destaque na The Hustle. E a conclusão a que os investigadores chegaram foi que os jogos não têm as mesmas desvantagens de algumas redes sociais, que têm estado ligadas a questões como o défice de atenção, e que até podem fazer bem.

Mas atenção: isto não significa que fiquem mais inteligentes ou devam passar 12 horas diárias com um comando na mão.

Jovens gamers vs não-gamers

Os jovens gamers que jogaram com moderação conseguiram sair-se melhor em algumas tarefas cognitivas do que os seus congéneres que dispensam este tipo de entretenimento, nomeadamente quando lhes foi pedido que:

  • Alternassem tarefas visuais;
  • Dividissem a atenção entre diferentes objetos em movimento;
  • Tivessem que se recordar da localização de certos objetos escondidos.

No entanto, apesar de registarem estes benefícios, tal não significa que se deva colocar os adolescentes e jovens adultos a jogar ininterruptamente durante horas a fio. Jogar ajuda, mas não os torna mais inteligentes.

  • O que parece ser facto: se doseado, o gaming não leva à “zombificação” do cérebro.“Os pais não se devem preocupar com o fritar do cérebro dos miúdos ou torná-los zombies, porque isso não é verdade”, explica um dos psicólogos, citado pelo WSJ.

Ainda assim, nem tudo é um mar de rosas. Os benefícios verificam-se nos casos em que existe moderação. Como em quase tudo, quando se abre a porta ao excesso, os benefícios rapidamente passam para a outra margem e exaltam-se os efeitos nocivos dos jogos.

A The Hustle sublinha que o “jogar demasiado” vai ser sempre originar debate porque aquilo que pode ser demasiado para uns não é para outros. Contudo, existem sinais que ajudam a perceber quando se está a cruzar a linha:

  • Ansiedade e irritabilidade quando não se está a jogar;
  • Mentir relativamente à quantidade de horas que se joga;
  • Quando se começa a perder interesse por coisas que antigamente davam prazer.

Ou seja, não é à toa que a Organização Mundial da Saúde alerta que sem controlo pode virar doença e levar à dependência. Mas como lembra a The Hustle, é precisamente este comportamento que dá má reputação aos videojogos. E ainda que em muitos casos existam bases e fundamentos para isso, talvez seja tempo de encarar os videojogos da mesma forma com que se encaram outros problemas sociais e se dava pôr termo ao estigma “os jogos fazem mal às crianças”.

Em suma, tal como este estudo sugere, se o consumo dos videojogos for moderado e controlado, não fazem mal e em certos casos até podem trazer benefícios. Importante é saber não cair no exagero e tentar fugir ao perigoso fosso da angústia e vício.

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