Francisco de 13 anos criou uma startup em 54 horas
por Marta Amaral | 25 de Junho, 2025
“SkillYaY” é o nome da plataforma criada por Francisco, um jovem de apenas 13 anos, que quer mudar a forma como aprendemos.
Em vez de cursos online ou vídeos no youtube, a proposta é simples: trocar competências entre pessoas com interesses comuns — presencialmente.
Com uma infância em plena pandemia, o jovem empreendedor aponta a conexão presencial como essencial.
A ideia surgiu como todas as ideias de Francisco em momentos de reflexão, em que se dedica a apontar ideias num caderno.
“Quase todas as ideias estavam ligadas ao ensino. Imagina que eu quero aprender bateria e alguém que sabe tocar quer aprender a ensinar. A SkillYaY junta essas duas pessoas. Mas ao vivo, na vida real. Sem ser sentado num computador a ver um vídeo”.
A inspiração ganhou forma no fim-de-semana do Techstars Startup Weekend em Albufeira – um evento de 54 horas destinado a capacitar empreendedores a transformar ideias inovadoras em startups, organizado pela 351 Associação Portuguesa de Startups.
Francisco participou com o apoio da mãe, o pai, mentor no evento, manteve-se à margem da equipa. “Durante anos levei o trabalho para casa. Desta vez, levei o meu filho para o trabalho. Ele esteve sempre com a mãe, porque eu estava a “mentorar” equipas. Mas vi tudo”, lembra Rui Barroca.
No Startup Weekend, Francisco teve de apresentar, formar uma equipa, desenhar o produto e explicar o modelo de negócio, tudo em pouco mais de dois dias. No final do fim de semana, já tinha uma equipa montada com designers, programadores e apoio na definição do modelo de negócio. “Ele perguntava o que cada pessoa fazia e escolhia os perfis certos para a ideia”, explica Rui, o pai.
Quando subiu para o pitch inicial, não sabia bem o que esperar: “Achei que só iam votar em mim por pena e porque era o meu dia de anos. Mas recebi 18 votos!”, recorda com entusiasmo.
Um dos júris Dave William por motivos de saúde não pode estar presente no evento. Depois de saber o que o Francisco tinha feito decidiu oferecer um pequeno incentivo para que continuasse.
Juntar interesses em comum
O objetivo da SkillYAY é recuperar a experiência social do ensino e mudar a forma como as coisas são feitas.
Este outro olhar sobre a forma como as coisas é fruto de uma educação onde os pais viram que “o ensino público não era suficiente”. Francisco foi educado para pensar e para desenvolver capacidades que não se aprendem na sala de aula.
Além disso, cresceu em Inglaterra e mudou-se para Portugal em 2020 – em plena pandemia.
Francisco acredita que, depois deste período atípico, “as pessoas ficaram mais agarradas ao telemóvel e mais afastadas umas das outras”. A app quer contrariar essa tendência, promovendo o contacto humano através da aprendizagem.
“Quero que ensinar seja algo fácil. E divertido. Há professores que nem gostam de ensinar. Eu quero que qualquer pessoa o possa fazer — em qualquer área”, explica o criador da SkillYaY.
App a caminho
A app ainda está em desenvolvimento, mas o lançamento do site está marcado para os próximos dias.
Francisco e o pai estão a trabalhar nas funcionalidades iniciais, com destaque para a criação de perfis através de questionários onde os utilizadores podem indicar o que sabem fazer e o que gostariam de aprender.
O objetivo é que mais tarde a plataforma gere sugestões de “trocas de skills” — sempre em encontros presenciais.
“Estamos a criar o SkillYaY devagarinho. Mas é o Francisco que faz quase tudo. Eu só ajudo quando ele precisa”, diz o pai.
Francisco organiza os dias com a ajuda de um calendário e dedica-se a tarefas como desenhar o logótipo ou programar os fluxos da app.
No verão, já é habitual aprender algo novo: começou a programar aos 10 anos no Khan Academy e no ano passado explorou o Blockbench, uma de modelação 3D que usa para criar elementos a par do seu jogo preferido, o Minecraft.
E depois?
SkillYaY é só o começo. Francisco tem outras ideias em mente — todas ligadas ao ensino e à vontade de o transformar.
“Ainda não estão trabalhadas, mas quero que seja cada vez mais fácil aprender. E que as pessoas gostem mesmo de ensinar”, conclui com um sorriso na cara.